[editado] - 9

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– Arabella

  

    Os meus olhos abriram-se lentamente, num gesto preguiçoso. Encontrava-me, pela primeira vez em algum tempo, num espaço que me era familiar, – o meu apartamento.

    O meu corpo estreito estava apoiado num dos braços do sofá, assim como a minha cabeça. Tinha adormecido aqui? Meu Deus, quão desleixada andava eu?

    Levantei-me rapidamente e senti de imediato a minha cabeça a andar à roda. Tonturas...

    Apoiei-me à parede e fechei os olhos, esperando que a sensação parasse. Subitamente, um arrepio percorreu a minha espinha. Estaria doente?

    Massajei as maçãs do rosto e fiz alguns alongamentos, esticando o meu corpo dorido. A minha garganta estava frágil, assim como os meus membros superiores e inferiores. Tossi um pouco para aclarar a voz e dirigi-me à cozinha, com o intuito de preparar um chá de gengibre.

    Parece-me que tenho um motivo para não trabalhar hoje! (Não que tivesse trabalhado muito ultimamente...)

    Depois de ter o chá preparado e já na caneca, peguei no meu telemóvel, que estava sobre a mesa da cozinha. Com algum nervosismo, procurei o número do meu gerente e cliquei no botão verde, colocando depois o objecto perto da minha orelha.

    "Está a falar com Luke Hemmings do departamento de gestão, em que posso ajudar?" – ouvi a sua voz tensa.

    "Estou com um pequeno problema, Senhor" – afirmei, brincando com a caneca.

    "Arabella!" – proferiu o meu nome, num tom meio surpreendido meio chateado – "Está duas horas e trinta e oito minutos atrasada. Posso saber porque não está aqui?"

    "Penso que estou a ficar doente" – constatei, com um longo suspiro, bebendo um gole do meu chá.

    "Bem... Não estava a contar com isto. De qualquer das formas, um táxi vai buscá-la a casa daqui a três horas, por aí. Prepare-se e veja se começa a sentir-se melhor até lá!" – disse-me, e pude jurar que estava preocupado por um segundo. Contudo, após as suas palavras, desligou imediatamente a chamada, deixando-me confusa.

    Sim, tinha sido ingénua ao ponto de entrar no tal táxi, cujo destino me era desconhecido

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    Sim, tinha sido ingénua ao ponto de entrar no tal táxi, cujo destino me era desconhecido.

    Depois de beber o meu chá de gengibre, comer umas bolachas e tomar um longo e relaxante banho de imersão, comecei a sentir-me melhor. O meu corpo continuava um bocado dorido, mas isso provavelmente devia-se ao facto de eu ter dormido no sofá na noite anterior.

    Um longo suspiro escapou dos meus lábios. Encolhi-me no banco desconfortável, puxei as mangas da camisola para baixo, de modo a que tapassem metade das minhas mãos e fitei o banco da frente do automóvel.

    "Já chegamos" – o motorista afirmou, passado algum tempo.

    "Onde?" – questionei, e ele apenas soltou um breve riso, apontando para o meu lado direito.

    Confusa, olhei para o vidro da janela que se baixou lentamente até relevar um ser humano familiar, que captou a minha atenção.

    "Obrigado, Thomas" – Luke falou com o motorista, enquanto eu permanecia sentada no banco do carro, a ouvir a conversa. De repente, a porta do automóvel foi aberta pelo meu gerente e fui puxada subitamente para o seu peito tonificado. Ele cheirava bastante bem.

    "O que está a fazer? Qual é o seu plano aqui?" – falei, indignada – "Já nem se pode descansar em casa..."– resmunguei.

    "Vou cuidar de si, qual é a dúvida?" – respondeu-me, com toda a seriedade do mundo.

    "C-Cuidar de mim?"– fui apanhada desprevenida– "Muito obrigada, mas sei cuidar de mim mesma" – reformulei a minha frase, forçando um sorriso. Luke limitou-se a pegar-me ao colo e caminhou em passos apressados até à sua casa, levando-me como se eu fosse um saco de batatas. Revirei os olhos assim que me pousou delicadamente no chão do seu hall de entrada.

    "Revirar os olhos ao seu gerente, que pretende curá-la, é uma falta de respeito, Miss Quinn" – falou, com humor presente na sua voz.

    "Não manda em mim" – ripostei, como se fosse uma criança.– "E... Curar? Eu já me sinto razoavelmente bem!"

    "Tecnicamente... Mando em si" – começou por dizer, e tive de revirar os olhos mais uma vez. Só em local de trabalho!

    "Se não estivesse fraca neste momento, Arabella, obrigava-a a ir para o meu quarto" – disse, com segundas intenções.

    "Fazer o quê?"– perguntei, arrependendo-me de seguida após não receber uma resposta, mas sim um olhar intenso.

    Com alguma coragem, decidi subir as escadas que iam dar ao seu quarto. Ainda me lembrava do caminho.

    Abri a porta, entrei com um sorriso desafiante no rosto e deitei-me na sua cama, tapando-me com os lençóis. Segundos depois, Luke apareceu à ombreira da porta, com uma sobrancelha levantada. Assim que me viu, soltou uma gargalhada e abanou a cabeça.

    "Está a desafiar-me?" – inquiriu, caminhando até mim. Acabou por se sentar na cama, perto de mim.

    "Talvez" – respondi, apenas com a cabeça a espreitar dos lençóis.

    "Arabella, por acaso quer um punimento?" – debruçou-se, para me encarar. Engoli em seco, dizendo imediatamente que não. Não sabia bem o que Luke queria dizer com punimento, mas se fosse como nos filmes e livros, eu estava feita...

    "Bem me parecia" – piscou-me o olho, e não me mexi – "Pode dormir aqui" – ele aconchegou-me, colocando a almofada na posição certa.

    "Mas nada de babar a minha almofada!" – avisou. Não estava nada à espera disto.

    "Ah... Apetecia-me mesmo uma sopa depois da sesta" – murmurei quase inaudível, fazendo a minha melhor expressão de mulher inocente.

    "Vou pensar no seu caso" – deu leves palmadas no topo da minha cabeça – "Não sou o escravo aqui. Penso que é mais o contrário"

    Luke baixou-se mais um pouco, de forma a estar a apenas poucos centímetros do meu rosto. Podia sentir o meu coração a palpitar no meu peito, devido a esta proximidade. Ele pousou os seus lábios na minha testa, inalando o meu cheiro seguidamente.

    "Não está quente"– afirmou.

    Tem a certeza? Eu estou a escaldar!

    Voltou a afastar-se ligeiramente. Os seus olhos azuis estavam presos nos meus, as suas pupilas levemente dilatadas. A paisagem mais exuberante de sempre, Luke Hemmings, estava mesmo à minha frente.

    E eu podia tocar-lhe.

Stolen Innocence ➤ Luke Hemmings [Edited]Onde histórias criam vida. Descubra agora