[editado] - 21

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—  Arabella


    Para que uma estrela nasça, algo tem que acontecer primeiro: a nebula gasosa que a rodeia tem de colapsar. Então, colapsa. Este não é o teu fim, mas sim o teu nascimento.

    Na minha vida, já tinha colapsado várias vezes. Por coisas mínimas, ou por coisas com grande importância.

    Guardava sempre pensamentos e ideias para mim, acontecimentos que achava incorretos, insultos que me recusava a dizer em voz alta. Como uma humana normal, sei que tudo se foi acumulando dentro de mim, e à mínima coisa, ocasionalmente, colapsava. E com colapsar, quero dizer que ficava sozinha e chorava, expulsando as minhas emoções. Tinha uma diferente maneira de lidar com as coisas, digamos. Fazia com que as pessoas que me rodeavam todos os dias pensassem que estava tudo bem comigo, que estava sempre bem-disposta, porém, não era sempre assim que me sentia. Todos tínhamos o direito de ficar tristes, quer possuíssemos ou não a melhor vida.

    Havia certas alturas em que nos sentíamos mal, vazios, mesmo que nada nos tivesse acontecido — principalmente, quando éramos adolescentes. As nossas emoções estavam sempre completamente ampliadas, parecia que sentimos tudo ao dobro.

    Eu já não me considerava uma adolescente, já tinha deixado essa fase. Contudo, as minhas emoções estavam quase sempre ampliadas, sentimento este causado por Luke. Ele fazia-me sentir como uma adolescente outra vez. Por um lado, não me importava nada. Por outro, se me fizesse sofrer, mesmo que não fosse intencionalmente, iria sentir-me como se o meu coração tivesse sido arrancado do meu peito. 

    E nessas alturas, colapsaria. 

    Hoje seria o último dia que ia passar na casa dos pais de Luke

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    Hoje seria o último dia que ia passar na casa dos pais de Luke. A experiência tinha sido bastante agradável até agora. Estava rodeada de pessoas simpáticas e com ótimas histórias de vida para contar. Luke sentia-se confortável ao meu lado, pelo que dava a entender. Sempre que estávamos juntos, com ou sem a presença de alguém, ele fazia questão de me dar a mão, de me abraçar e de me agarrar carinhosamente. Escusado seja dizer, a família de Luke já tinha percebido que eu não era apenas uma mera assistente para ele.

    Neste momento, estávamos todos sentados nos confortáveis sofás da habitação que nos acolhia, partilhando memórias alegres. Luke tinha um braço à minha volta, mantendo-me perto de si, e o seu olhar alternava notavelmente entre o meu rosto e a sua família.

    Subitamente, ouvimos um barulho vindo da entrada, sinalizando um novo aparecimento na casa. Todos se viraram para trás num gesto confuso, incluindo eu.

    "Surpresa?" – o homem desconhecido disse. Parecia estar mais ou menos nos seus cinquenta anos. Senti a mão de Luke a apertar fortemente o meu braço, de maneira inconsciente, e fez-se luz na minha cabeça. Acariciei docemente a sua perna, acalmando-o.

    "Está tudo bem" – sussurrei, e o seu aperto em mim diminuiu gradualmente.

    "Pai!" – Lillian exclamou, correndo até ele – "Está tudo bem? Porque chegaste mais cedo?"

    "Está tudo fantástico, filha" – ele respondeu, abraçando-a – "Acabei aqueles assuntos chatos antes do tempo"

    "Bem-vindo de volta, marido" – Rose, a mãe de Luke, declarou, com um breve sorriso nos lábios.

    "Igualmente, esposa" – ele caminhou até nós – "Estou mais feliz por ter aqui alguém que já não via há algum tempo" – parou em frente a Luke. Dei-lhe um leve empurrão, para que se levantasse.

    "Olá pai" – Luke sorriu fracamente – "Tive algumas saudades" – abraçaram-se com alguma força, ambos com felicidade presente nas suas expressões faciais. Assim que terminaram todas as saudações, levantei-me timidamente.

    "Eu sou a Arabella" – disse, estendendo a minha mão ao pai de Luke. Ele apertou-a de bom grado, levantando uma sobrancelha.

    "É a minha namorada" – Luke voltou a falar, e eu apenas arregalei os olhos ao ouvir a sua constatação. O pai dele lançou-lhe um olhar de aprovação, assentindo.

    "É um prazer conhecê-la, Arabella"

    "I-Igualmente, senhor" – ainda estava em estado de choque. Tossi levemente, aclarando a minha voz – "Já volto, peço desculpa"

   Dirigi-me até à casa de banho, em passos apressados. Sentia-me nervosa, não sabia absolutamente como reagir nesta situação. Luke tinha acabado de rotular a nossa relação. 

    A palavra "namorada" ecoava na minha cabeça vezes sem conta. Coloquei as minhas mãos no lavatório e olhei em frente, vendo a minha reflexão no espelho. Os meus cabelos estavam ligeiramente despenteados e as minhas bochechas extremamente rosadas. Era incrível o efeito que aquele homem tinha em mim.

    Breves segundos depois, a porta abriu-se, revelando Luke. Ele parecia preocupado, o que me fez ficar ainda mais nervosa. Caminhou demoradamente até me alcançar e simplesmente pegou na minha mão. Esse simples toque deixou-me arrepiada. Era um gesto inocente, mas que requeria tanta intimidade. 

    O meu batimento cardíaco acelerou significativamente e naquele momento desejei que o meu sistema nervoso não existisse para que eu não tivesse que sentir um intenso calor corporal e a minha cabeça às voltas, como se estivesse quase a desmaiar. Sentimentos completamente ampliados.

    "O que se passa, Arabella?" – ele perguntou, olhando-me atentamente. Ugh, aqueles estúpidos e lindos olhos azuis!

    "N-Nada" – respondi, encolhendo os ombros – "Eu estou bem"

    "Foi porque disse que eras a minha namorada?" – congelei ao ouvir a sua escolha de palavras – "Não queres estar numa relação comigo?"

    "Q-Quero, não é isso!" – falei rapidamente – "E que ótima forma de começar um relacionamento... Nem eu sabia do nosso namoro"

    "Arabella..." – aproximou-se de mim, talvez até demasiado – "Queres namorar comigo?"– puxou-me delicadamente contra o seu peito, encarando o meu rosto. 

    Um forte sentimento parecia irradiar de si, um que eu nunca tinha visto antes, – amor.

    "Sim, quero" – murmurei, fechando os olhos – "Adoraria namorar contigo"

    Os nossos narizes tocaram-se de leve. Logo a seguir, os nossos lábios uniram-se num gesto desesperado, partilhando beijos famintos e desejosos. Era impossível acalmar as nossas mãos, que exploravam cada detalhe do nosso amor com urgência e necessidade.

    Numa fração de segundo, já nos estávamos a agarrar firmemente, como se ambos necessitássemos do toque um do outro para poder respirar.  

Stolen Innocence ➤ Luke Hemmings [Edited]Onde histórias criam vida. Descubra agora