[editado] - 10

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–  Arabella


    Continuava a observar atentamente o homem perante mim. Conseguia sentir a sua respiração calorosa a embater levemente contra o meu rosto. A sua mão viajou inesperadamente até à minha bochecha, deixando uma carícia sobre a minha pele frágil. Arrepiei-me instantaneamente. Como é que o seu toque podia ter este efeito numa pessoa? Em... mim? 

    As minhas mãos moveram-se sozinhas até alcançarem o rosto esbelto de Luke, que estava a uma proximidade estonteante de mim. Retribui o gesto que me tinha sido oferecido há segundos atrás, enquanto os nossos olhares permaneciam ligados um ao outro. As suas pupilas continuavam dilatadas e os seus lábios humedecidos, levemente inchados e entreabertos. Apetecível.

    A ponta do meu indicador contornou a linha do seu maxilar, descendo pelo pescoço até chegar ao seu peito tonificado. Abri completamente a minha mão e fiz alguma pressão sobre a sua camisa branca perfeitamente engomada. Queria sentir o bater do seu coração. Será que pulsava tão rapidamente quanto o meu?

    Os meus dedos desceram involuntariamente até aos botões da sua camisa, desapertando-os pausadamente um por um. Assim que cheguei ao último botão, engoli em seco. Não conseguia controlar os meus próprios movimentos. 

    Retirei a camisa dos seus ombros, revelando o seu tronco perfeitamente esculpido. Luke não me parou, apenas me observou com bastante curiosidade (e alguma vulnerabilidade). Voltei a posicionar a minha mão sobre o seu peito agora descoberto. O homem perante mim tremeu ligeiramente, provavelmente devido à sensação da minha palma gélida sobre a sua pele ardente. 

    "O que está a fazer, Arabella?" – perguntou, com a voz carregada de emoções. Também gostaria de saber a resposta.  

    "N-Não sei" – recompus-me, retirando a minha mão do seu peito. Senti as minhas bochechas a ferver e Luke lançou-me um olhar provocador, fitando o meu rosto rosado. 

    "Não disse que tinha de parar" – ele disse, bastante sério. Arregalei os olhos e abanei a cabeça, quebrando finalmente o contacto visual intenso entre nós. 

    Percorri cada canto do seu quarto com a minha visão, encontrando a camisa que lhe tinha retirado pousada no chão de madeira. Eu tinha acabado de ser hipnotizada ou enfeitiçada por este homem? 

    "Arabella..." – ele voltou a falar, receoso – "Podemos acabar com a formalidade sempre que não estivermos em local de trabalho, se assim o desejar"

    O que é que ele queria dizer com isto?

    "Deixaria de me tratar por você?" – inquiri, confusa – "Não existe nenhuma regra contra o envolvimento de dois colegas de trabalho, pois não?" 

    "Não, que eu saiba" – riu-se levemente – "Mas porquê? Acha que estamos envolvidos, Arabella?" – ao ouvi-lo, aclarei a minha garganta, tossindo propositadamente.

    "Concordo com a declaração que fez anteriormente, Senhor Hemmings, penso que já nos conhecemos suficientemente bem. Além disso, estamos confortáveis em relação ao facto de usar outro tipo de interpelação no que toca à maneira como nos abordamos, não é? Chega de nos tratarmos por você!" – falei rapidamente, sentindo algum nervosismo.

    "Afirmativo, Arabella. Estou completamente de acordo" – esboçou um grande sorriso, soltando algumas gargalhadas. Que vista fantástica.

    "Agora, por favor, podes sair de cima de mim, Luke? Estás a esmagar-me" – pedi gentilmente, arqueando as minhas costas para que ele se movesse. Admiravelmente, até gostava da maneira como a informalidade soava no meu discurso direto.

    "Está bem" – apoiou-se na cabeceira da cama, afastando-se um pouco de mim. Soltei um longo suspiro assim que recebi algum espaço e esbocei um sorriso involuntário. Felicidade?

    "Descansa um bocado" – Luke ordenou, agora num tom de voz completamente sério. Assenti e fechei os olhos, posicionando-me confortavelmente na sua cama. Ouvi-o a levantar-se e abri um olho devagarinho, observando os seus movimentos. As suas costas perfeitamente musculadas estavam mesmo à minha frente. Ele debruçou-se para apanhar a camisa do chão e vestiu-a, sem apertar os botões. Caminhou até à porta e parou durante poucos segundos. 

    "Olhos fechados!" – ordenou com um certo humor presente na voz, e limitei-me a obedecer, sentindo novamente as bochechas a ferver. 

    Bem, pelo menos ia ter sonhos muitíssimo agradáveis durante esta sesta.

    Bem, pelo menos ia ter sonhos muitíssimo agradáveis durante esta sesta

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    Os meus olhos entreabriram-se lentamente passadas algumas horas. Esfreguei-os, bocejando de seguida. Um aroma delicioso estava presente no quarto. 

    Curiosa, elevei o meu corpo, olhando em volta. Um tabuleiro preto captou a minha atenção de imediato. Sobre o mesmo encontravam-se uma tigela com sopa sopa lá dentro e uma colher ao lado, pelo que me parecia. Os meus lábios curvaram-se num breve sorriso e dirigi-me à pequena mesa que suportava o peso do tabuleiro. Sentei-me sobre uma almofada, no chão, e comecei a comer a sopa (uma deliciosa canja) que o meu gerente me tinha preparado, surpreendentemente. Ainda estava quentinha! 

    A porta do quarto abriu-se passados alguns minutos, revelando um homem de rara beleza, Luke Hemmings.

    "Ah, já estás acordada" – ele afirmou, andando até mim. Engoli a sopa e assenti, fazendo-lhe sinal para se sentar ao meu lado.

    "Está deliciosa, obrigada" – respondi, enquanto Luke se baixava. Será que fazer boas ações pelo bem dos outros era algo ocorrente na sua vida?

    "Não foi nada de especial. O veneno é que foi difícil de arranjar"arregalei os olhos assim que o ouvi "Estou a brincar, Arabella, podes relaxar"– gargalhou ao observar a minha reação.

    "Espero que não tenhas babado a minha almofada" – voltou a tomar a sua postura habitual. Abanei negativamente a cabeça, sorrindo de canto.

    "Nada disso" – acabei de comer a sopa rapidamente e espreguicei-me, de seguida. Melhor sesta da minha vida!

    Encostei a minha cabeça no seu ombro, cuidadosamente. Luke permaneceu quieto, dando-me permissão para me aproximar dele, tanto fisicamente como psicologicamente. Repentinamente, senti um dos seus braços a envolver o meu corpo frágil, enquanto a sua respiração pesada embatia serenamente nas minhas pestanas. 

    Não evitei sorrir. Afinal de contas, tinha acabado de assistir a uma atitude genuína e espontânea da sua parte. Senti-me alegre e satisfeita.

    Acariciei o seu braço gentilmente, depositando um doce beijo no mesmo. Luke arrepiou-se após o meu gesto, o que me fez gargalhar baixinho. 

    "Porquê eu, Luke?"perguntei inconscientemente. Ele separou-nos lentamente, pegou com delicadeza no meu queixo e virou o meu rosto com cuidado, de forma a que eu fitasse os seus profundos olhos azuis. Um sorriso lúdico delineou-se nos seus lábios assim que viu as minhas bochechas rosadas.

    "Porque não, Arabella?"


Stolen Innocence ➤ Luke Hemmings [Edited]Onde histórias criam vida. Descubra agora