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Para o resto do mundo quase dois anos tinha passado, para nós foi uma eternidade até que os médicos comunicassem que a Rafaela tinha entrado em remissão

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Para o resto do mundo quase dois anos tinha passado, para nós foi uma eternidade até que os médicos comunicassem que a Rafaela tinha entrado em remissão. Cuidados ainda eram precisos, talvez por toda vida, coisas exames regulares, e acompanhamento, mas enfim ela poderia soltar o ar que há tanto tempo vinha segurando, e poderia respirar tranquila, sem a sombra do medo, e da morte como companheira. Eu não estava na sala quando o Dr. Fabrício deu a noticia, mas estava a postos na sala de espera, e quando ela saiu do consultório, eu pude ver uma esperança que nunca tinha visto em seus olhos, e soube naquele momento que tínhamos uma boa noticia. Por tanto tempo falamos sobre como seria quando ela entrasse em remissão, as coisas que poderíamos fazer, e tudo que ela tinha vontade de experimentar do mundo. E agora estava ali o momento, e as emoções eram tão impares de tudo que eu tinha imaginado ser, porque tinha o tempero da realidade.

Os pais dela resolveram fazer uma comemoração, todos nós sabíamos que não era o anuncio da cura definitiva, mas era incrível que seu corpo tivesse sobrepujado as células cancerígenas, e estivesse se recuperando. Todos aqueles que eu aprendi a gostar e respeitar estavam na comemoração, mas para mim apenas ela importava. Antes da chegada de todos, eu tinha lhe passado um bilhete que dizia:

"Eu espero que esteja pronta, para o inicio de nossa vida. Hoje todos saberão que é para sempre minha."

Duas horas depois, quando a casa já estava cheia de amigos, e parentes, ela me deu um bilhetinho:

"Não seja bobo garoto, todos já sabem que estamos juntos. Eu te espero no meu quarto."

Eu nunca tinha ido ao quarto dela, mas sabia exatamente onde ficava a segunda porta a esquerda do andar superior. A casa estava cheia, mas ninguém ocupava as escadas, ou o andar de cima, então certamente alguém repararia quando eu subisse. Antes que pudesse a interceptar para dizer que não era um bom plano, eu a vi subir a escada, e percebi os olhares da Micaela, e da Natalia sobre mim, como se questionassem se eu não a seguiria. Dei um sorriso, um pouco forçado, porque estava com medo do pai da Rafa perguntar o que eu estava fazendo indo atrás da filha dele, quando a festa era no térreo. Mas que escolha eu tinha? Não podia a deixar esperando, então subi as escadas, e ninguém além das duas garotas parecia reparar em mim. Agradeci aos céus por isso.

A porta do quarto estava aberta, e preferi deixa-la assim, para o caso de alguém aparecer, ver que não estávamos fazendo nada escuso. Ela pediu que eu me sentasse na cama dela, e eu o fiz, enquanto olhava ao redor, eu sempre quis saber quanto de verdade havia em minha imaginação sobre ele. Com certeza ele não era em um tom de rosa, as paredes era num tom turquesa fosco, mas tinha tantas prateleiras de livros, que não ficava exagerado, a decoração era de muito bom gosto, o que era ótimo porque é terrível quando uma garota faz um quarto monocromático rosa. Na parede sobre a cama dela estava o seu violão, eu sempre soube que o Nick era das letras, e ela da música. Por um instante parei de reparar no quarto, e foquei nela, uma garota tão linda e meiga que tinha passado por tantas coisas nos últimos tempos, mas que ainda mantinha sua graça natural. Eu sabia que ela adoraria ter seus cabelos longos novamente, mas eu gostava de como os cabelos curtos tinham lhe caído bem, tinha acentuado sua face deixando amostrando as maças do rosto. Tudo nela parecia perfeito, a começar ela pele morena, até o modo despretensioso que tinha de falar as coisas mais sérias. Não havia dúvidas que eu a amava, e pensava nisso quando ela me tirou dos meus devaneios.

-O que você está querendo aprontar em H?

- O que já devia ter feito – Olhei para ela porque parecia obvio – Vou te pedir em namoro para os seus pais.

-Pensei que você fosse um melhor leitor de suspense, do que de romance – Ela sorriu, enquanto ajeitava o cabelo – Mas pelo jeito gosta muito de comédias românticas.

-Não quer ser a minha namorada?

- Eu pensei que já era sua namorada. – Ela se sentou ao meu lado – Mas sim quero que faça o pedido aos meus pais, mas não acha um pouco exagerado fazer no meio de uma festa? Parece coisa de comédia romântica americana.

-Você sabe acabar com toda a graça de ser romântico sabia garota – Uni nossos lábios num beijo suave, e rápido – Mas tem razão, porém ainda acho que deveria fazer hoje.

-Mais tarde então, quando as tias do "quem é o rapagão? Seu namoradinho Rafaela? Que tipão em..." forem embora.

-Eu gostei delas, pelo menos alguém me acha interessante.

-Elas são legais, mas vamos evitar o show. Okay!

-Tudo bem se você diz que prefere assim.

-Prefiro! Agora melhor você descer, antes que o papai suba para te buscar, aposto que as meninas não estão mais conseguindo segurar ele lá embaixo.

-Eu pensei que ele não ia nem me deixar subir.

-Não abuse da sorte! -Ela disse me dando outro beijinho – Agora vá!

-Não abuse da sorte!  -Ela disse me dando outro beijinho – Agora vá!

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Um alívio em meio as dores? Um sopro de paz?

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Grato por tudo.

Sempre juntos!

Beijo de InvernoOnde histórias criam vida. Descubra agora