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Quando ela entrou em remissão, eu fiquei imensamente feliz

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Quando ela entrou em remissão, eu fiquei imensamente feliz. Todos que já passaram, ou tem alguém próximo que sofreu com um câncer, sabem como ouvir essa palavra da boca do médico tem um efeito tranquilizador. A morte está se afastando, e é possível ter um pouco de normalidade na vida. A minha menina teve seu momento, mas infelizmente poucos meses depois veio à recidiva, da qual não houve recuperação. Quando a Rafaela veio toda feliz e serelepe me contar que tinha entrado em remissão, eu sabia que ainda tinha um longo caminho pela frente, com muito acompanhamento, e torcida para não haver recidiva, que consiste num grande medo daqueles que se recuperam. Eu sabia que existia a possibilidade, afinal tinha acontecido com a minha filha, mas não falei nada disso com ela, afinal aquele era o momento dela, talvez o de maior felicidade desde que se descobriu doente. Juntas nós vibramos como duas crianças empolgadas com o presente de natal.

Ela não sabia nada da história de minha filha, não convinha transferir o peso de nossa história, para aquela garota que tanto me lembrava a minha Bruna. Como já vinha fazendo desde que a conheci orei para que ela em breve tivesse totalmente livre do câncer, e que nunca mais voltasse aquele hospital para tratamentos.

Naquela noite recebi uma mensagem dela me convidando para a comemoração de sua entrada no estagio de remissão. Eu prometi ir, e ela me enviou o endereço para que eu pudesse configurar o GPS, e assim no dia seguinte lá estava eu junto com seus amigos e familiares comemorando. A casa estava consideravelmente cheia, o que só mostrava o quanto aquela pequena menina era amada, e cativante. Foi impossível não lembrar a comemoração que fiz pela mesma noticia para minha filha, a coisa não foi tão grande, porque não tínhamos tantos conhecidos em São Paulo, mas foi maravilhoso ver a felicidade nos olhos de minha pequena. Eu faria tudo por ela, até mesmo dar a minha vida para que ela pudesse viver.

Algumas enfermeiras do hospital estavam na festa, e ficamos conversando sobre o fato que a Rafa estava se recuperando tão bem. Elas que tinham mais acesso as informações médicas dela, me contaram que o prognostico era muito favorável para que não houvesse recidiva. Todas nós sabíamos que os próximos cinco anos seriam decisivos, mas a esperança era que a garota evoluísse bem.

Talvez a Rafaela nunca viesse, a saber, o grande papel que teve em minha própria recuperação, com sua presença, em tão poucos momentos, ela conseguiu que passasse a lembrar das coisas boas que tinha vivido com minha filha, e não ressentisse a sua morte, e até mesmo parasse de me culpar por não ter sido capaz de fazer mais para que a Bruna continuasse a viver comigo. A Rafa sempre tinha algo bom a dizer, mesmo em seus piores dias, e sempre me indicava algumas músicas para eu ouvir, a cada semana ela tinha uma favorita para me mostrar, ou algo que o namorado tinha lhe enviado. Ela confiava em Deus, como se ele pudesse mesmo estar ao seu lado, e sempre dizia que conversava com ela, e que mesmo sem ouvir o som, podia o ouvir falando com ela que tudo aconteceria da melhor forma. Eu também aproveitei para lhe mostrar as músicas que tanto ouvi com a minha menina, algumas ela já conhecia, mas gostou de todas, principalmente os pops gospel americano.

Na noite da festa da Rafaela, eu senti que enfim estava em paz, e que meu coração havia se aquietado, e que o clichê que diz que aqueles que amamos sempre estão conosco, não é maluquice de romance, mas que é verdade. A Bruna sempre viverá em mim, em nossas lembranças, em tudo que ela tocou em vida, nas músicas que partilhamos, e no amor que sentimos.

Uma das enfermeiras me ofereceu uma carona para casa, morávamos a duas quadras de distância, e ela insistiu que não seria incomodo me deixar em casa. Já passava das vinte e três horas, e eu aceitei porque não gostava de ficar no ponto de ônibus tão tarde, e também com a carona chegaria mais rapidamente em casa. As ruas estavam calmas, e a maioria dos semáforos em modo intermitente, algo comum em alguns bairros da cidade, após as vinte e duas horas. Quando chegamos à Avenida Salim Farah Maluf, que cruza alguns bairros, inclusive o meu. Já estávamos a pouco mais de cinco minutos de minha casa, encontramos um farol fechado, no cruzamento antes da entrada para Radial Leste, e como ali havia movimento no transito de carros, então paramos. Antes que o sinal abrisse, senti um impacto na traseira do carro, que tombou, e foi arrastado. A última coisa que eu lembro foi de bater a cabeça varias vezes no para-brisa afundado, e no teto do carro. E então mais nada.

Quem pode dizer quais as marcas, as dores, que uma perda pode deixar num coração? Sempre tão profundas, e enraizadas

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Quem pode dizer quais as marcas, as dores, que uma perda pode deixar num coração? Sempre tão profundas, e enraizadas.

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Sempre juntos!

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