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A noite estava abafada, como nunca tinha visto no mês de maio

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A noite estava abafada, como nunca tinha visto no mês de maio. Sempre achei que noites deveriam ser mais frescas que dias, mas infelizmente o clima não concordava comigo. Ficar dentro de casa seria uma boa opção, com o ar condicionado ligado, mas eu sentia inquieto demais, e sempre que isso acontece a solução é caminhar. Isso sempre me ajuda a por as ideias no lugar, e aquietar meu eu interior. Não mandei mensagem para nenhum dos meus amigos, se depois da caminhada quisesse vê-los sabia exatamente onde poderia encontrar alguns deles. Numa noite como aquela, eles estariam na pista de skate da praça, sai de casa pensando que talvez passasse por lá, mas não tinha muita certeza. Sabia que o Nicholas não estaria por lá, porque ele tinha mandado mensagem dizendo que não ia sair, por algo haver com problemas na família, ele não foi muito claro, e eu não sou enxerido, então não perguntei, ainda mais porque estávamos começando a ter uma amizade mais próxima naquela altura, e eu não tinha certeza que já tínhamos esse nível de intimidade.

Vaguei pelo bairro, vi algumas pessoas conhecidas, mas não me aproximei de ninguém, não queria papo, meu foco gastar um pouco de energia, e diminuir a inquietação, muito embora eu não soubesse por que estava daquela forma. Contornei a praça saindo pelo lado oposto à pista de skate, e fui em direção à parte comercial do bairro. Algumas pessoas evitavam aquela área a noite, quando as lojas estavam fechadas, preferindo a parte dos restaurantes e do shopping, mas eu gostava do silêncio que tinha ali naquele horário. Alguns moradores de rua às vezes cruzavam a avenida, eu sabia que o motivo das pessoas evitarem passar por ali era a presença deles, mas sinceramente eu achava uma besteira, porque nem mesmo uma vez algum deles fez algo agressivo, ou mal comigo. Um ou outro pediu alguns trocados, mas aceitavam com educação quando eu não tinha para dar. Não eram marginais, apenas pessoas em uma situação de vida bem complicada. Algumas das vezes que ia vagar por lá eu levava um sanduíche, ou algo assim para dar, mas naquele dia tinha apenas algumas moedas, que tinha recebido de troco mais cedo. Reservei-as para uma senhora de rosto gentil, que sempre me chamava de "meu filho", e sorria quando lhe dava algo. No final da avenida o quarteirão acabava, e eu tinha a opção de atravessar a autoestrada pela ponte, ou pegar a direita, e ir para a área do shopping. Escolhi não atravessar a ponte, a caminhada tinha me dado um pouco de fome, então decidi comer alguma coisa. Quando cheguei a minha hamburgueria favorita, pelo vidro vi que o Nick, e sua irmã estavam lá, fiquei um pouco na duvida se deveria entrar, e arriscar a incomoda-los, afinal ele disse que estava resolvendo coisas de família. A linguagem corporal da irmã dele indicava que ela estava tensa, e a dele não era diferente, mas eles sorriam. As outras opções era comer na praça de alimentação do shopping, ou ir a algum restaurante, mas eu não estava a fim de fazer nenhuma dessas coisas, então resolvi entrar, e não alongar papo, e sempre havia a possibilidade deles não me ver.

Havia uma pequena fila para fazer o pedido no balcão, devido às pessoas sempre deixarem para escolher o que pedir apenas quando chegam à frente do atendente, como se não soubessem quais opções o lugar oferecia. Os cardápios estavam em todos os lugares, porque simplesmente não facilitavam a vida de todos ali, e escolhiam antes, ao invés de ficar perguntando para o atendente as opções. A primeira a me ver foi a Rafaela que acenou para mim, antes de dizer ao irmão que eu estava ali. O Nicholas se virou, e fez sinal para eu ir sentar com eles depois de fazer o pedido. Não tinha porque eu não aceitar o convite, então foi o que fiz. Eles pareciam felizes em me ver, e o meu amigo disse que eles estavam enfiando o pé na jaca, e acrescentou "com muito milk-Shake, batata frita e hambúrguer". E realmente na mesa tinha quatro copos enormes da bebida, três porções gigantes de fritas, e hambúrgueres artesanais. Eu pensei que eles eram meu tipo de pessoa, e admirei ainda mais a Rafaela, por não ser como as minhas amigas que quase tinham um ataque diante de um bom hambúrguer. Fiquei tentado a pedir milk-Shake, para lhes fazer companhia, mas lembrei de que já estava abusando do cartão de crédito que meus pais tinham me dado para emergências. Não que eles fossem achar ruim, mas não faz meu tipo me aproveitar da boa fé das pessoas, ainda mais de meus pais.

Não precisava ser sensitivo para perceber que havia alguma coisa acontecendo, e que os estava deixando tensos, apesar de todo esforço que faziam para não deixar transparecer isso. Eu queria que soubessem que tinham meu apoio, mas não sabia como não parecer invasivo ao declarar isso, uma vez que eles não tinham dito nada para mim. Então continuamos a conversar coisas normais, até que eles não aguentaram mais beber e comer nada. Saímos da hamburgueria, e seguimos para a casa deles, ainda conversando, mas percebi que a Rafaela não estava mais com tanto animo, quase podia jurar que ela não estava passando bem, e perguntei se a comida estava brigando com seu estomago. Ela disse que não, que só estava cansada, e foi quando ela perdeu um pouco o equilíbrio, e eu a segurei. A garota estava queimando em febre, e suada, a noite estava quente, mas não a ponto de fazer alguém suar tanto, a menos que estivesse correndo uma maratona. O Nicholas também segurou a irmã e notou o mesmo que eu, a menina não estava nada bem. Estávamos a duas ruas da casa deles, e meu amigo disse que ia correr até lá, e chamar os pais, e pediu para eu ficar com a Rafaela. Eu não sabia o que estava acontecendo, mas pelo olhar do Nick percebi que era algo sério. Ele correu antes de esperar minha resposta, e eu encostei a cabeça da garota no meu peito, enquanto esperávamos, ela não demonstrou resistência, quando a segurei por que meu medo era ela desmaiar, e se machucar.

O Nicholas retornou com os pais em poucos minutos, quando o carro do pai deles parou junto de nós, eu ajudei meu amigo a colocar Rafaela no banco de trás, onde a mãe deles já estava, e fechei a porta, enquanto meu amigo entrava no carona. Perguntei para ele se ela ia ficar bem, e ele disse que depois me explicava direito, e o carro saiu. Meia hora depois ele mandou uma mensagem dizendo que estava tudo bem, e que eles estavam no hospital. Eu perguntei se já sabiam que o que ela teve, e recebi uma resposta curta: Ela tem câncer!

 Eu perguntei se já sabiam que o que ela teve, e recebi uma resposta curta: Ela tem câncer!

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