Epílogo 2

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Normal, claro, totalmente normal você estar na sala de espera sendo escoltado por amigos para não ser morto pelo sogro, juro que isso é muito comum por aqui, em nada se difere de um filme dramático daqueles que a Beth gosta.

Os olhos de Will brilham em fúria em minha direção, afinal, eu não perdi o meu pau, mas perdi a chance de ver o meu filho nascer. Beth acabou ficando nervosa e eu também, então me expulsou da sala de parto, agora a minha única visão, desagradável por sinal, é meu sogro com olhar assassino pra cima de mim. Vez por outra vejo ele ranger os dentes, como se beber o meu sangue fosse uma opção viável.

Quase enlouqueço de tanto esperar e rezar. Penso em entrar na sala de parto então, mas por mais que eu tenha vontade também não tive coragem. O mundo enfim parece ter feito sentido pra mim quando avisam que o meu filho nasceu, sim. Um menino lindo e saudável. Minha mulher forte e corajosa ostentava um lindo sorriso cansado, essa era a minha cena preferida do filme de nossas vidas.
Uma cena que eu guardaria eternamente.

—Tão lindos. —Falo para a cena da primeira amamentação, que é interrompida pelos pais de Beth que entram no quarto em que já estão acomodados.

—Meu Deus Will, olha, me lembra nossa pequena nessa mesma cena e hoje é ela quem protagoniza. —Minha sogra fala com os olhos cheios de lágrimas e meu sogro apenas anui, sem tirar os olhos de mim, finjo que não é comigo.

—Pai. —Beth chama, afim de fazê-lo mudar a cara amarrada.

—Eu vou esperar lá fora. —Ele está visivelmente magoado e isso deixa a minha mulher triste, o que dói em mim, sei quanto ama o pai.

—Não quer ver de perto o pequeno William? —Ele trava no lugar, sei que se balançou com a nossa escolha de nome, Beth quis fazer isso, eu não fui contra afinal é o nome do homem que é pai da minha mulher, não poderia ser contra e não iria arriscar dormir na sala também.

—Filha? —A emoção estampada no rosto dos três é tocante, sei o quanto são amorosos e Beth é apegada a eles. —Vocês?

—Sim pai! —Responde o seu questionamento mudo. —Seria o seu mãe, se fosse uma menina. —Minha sogra concorda com os olhos merejados.

—Ah filha, a minha vontade de matar seu marido até passou. —Ele fala se aproximado.

—Que bom, mas sabe que isso não foi para te amansar senhor Kline? —Ele concorda.

—Que ótimo querida, vocês formam a família que eu e sua mãe formávamos nessa idade.

Concordamos e a paz reina no quarto, enquanto passamos a observar o nosso pequeno Willian com amor.

Alguns anos depois

Elizabeth

Vejo meu filho e marido de longe rolarem na grama, como se o homem feito e pai de dois fosse uma criança, que está descobrindo um gramado agora.

—Oliver. —Reclamo e eles se aproximam com a cara lavada, como se não estivessem sujos como uns mendigos. —Willian, você parece ter mais juízo do que o seu pai.

—Amor. —Protesta. Meu pequeno sorri.

—Quando a Anne vai brincar com a gente mamãe? —Oliver sorri feito bobo olhando para a minha barriga imensa, que me faz faltar o ar de vez em quando.

—Logo querido, se depender dessa apressada.  —Aliso a minha barriga.

—Vai chegar junto com a Katherine? —Pergunta se referindo a – pasmem – minha irmã. Sim, a minha mãe está novamente grávida e para os ataques cardíacos do senhor Kline, é uma menina!

—Provavelmente querido. —Ele sorri e Oliver se aproxima mais de mim segurando a minha barriga imensa.

—Já te falei que está a mulher mais bela do mundo? —Sorrio de orelha a orelha, é tão bom ouvir esses elogios e ver a verdade nos olhos dele, saber que está falando isso não só pra me sentir melhor, me faz ser feliz a cada dia da minha gestação. Aliás nossa, Oliver é um pai muito participativo, foi assim com o pequeno Will e está sendo assim.

—Já, mas é sempre bom ouvir novamente. —Beijo ele sob os risos do nosso menino ao longe.

—Mamãe podemos ter um cachorro? — O grito vem eufórico e acompanhado de pulinhos.

—Filho a gente já falou sobre isso, logo logo sua irmã estará aqui, como você ajudará a mamãe e cuidará do animalzinho? —Oliver quem responde, isso me dói, mas Oliver não é muito fã de bichos em casa e sempre tem uma boa desculpa.

—Amor. —Ele dá de ombros.

—Então o que faremos com Totó? —Pergunta em tom de confidencialidade agora mais próximo a nós, Oliver e eu nos olhamos questionado de que totó ele fala.

—Que...—Sou interrompida por latidos que soam animados e a bolinha de pelos se aproxima eufórica.

—Ele é o Totó! —Apresenta. —Podemos?

—Quem? Onde? Como? —Oliver está desnorteado, gargalho e foco no rostinho em expectativa do nosso pequeno.

—Eu cuido dele no fundo, do outro Lado do lago. —Fala com orgulho, isso me enche de orgulho também.

—Querido então ele já é da família, seja bem-vindo Totó! —O bichinho abana o rabo alegre e parece entender a minhas palavras. Sinto Oliver relaxar.

—Seja bem-vindo Totó. Mas ainda precisamos conversar sobre isso mocinho. —Meu menino sorri, por consequência sorrimos também. A nossa família tem mais um integrante, que em poucas semanas virará dois.

O melhor sentimento é esse de amor pela minha família, que construí a base do amor dos meus pais, que eu levarei pra toda vida.

Rosa - Concluído Onde histórias criam vida. Descubra agora