Entenda a Psicopatologia sem usar "estados psíquicos"

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Inicialmente a psicopatologia foi usada pela Medicina para estudar eventos e comportamentos que "saem de um curso normal", assim, eles faziam uma descrição minuciosa sobre o evento, sua possível origem e como poderia se desenvolver; ao fazer isso com comportamentos indesejados ou "fora do normal" e justificar esse acontecimento por uma "anormalidade" na mente, foi cunhado o termo "psicopatologia" como o estudo da doença da mente, mas esse título é questionável.

Você ficará bem desconfortável se pegar um manual de psicopatologia, pois se lê-o inteiro fará você achar que tem pelo menos uns 5 transtornos diferente, uma vez que muitas descrições são de comportamentos comum a todos, o que muda em um caso de transtorno é a frequência, a intensidade, a duração e mais outras características que será diferente comparado com alguém que não tem o diagnóstico desse mesmo transtorno.

Algumas abordagens da Psicologia contrapõem esse modelo médico de abordar a psicopatologia, tendo em vista que o modelo médico descrevia detalhadamente como funcionavam o comportamento psicopatológico, porém para a psicologia a informação mais importante é a função que esse comportamento "disfuncional" ocorre na relação da pessoa com o seu meio, outra divergência é que a Psiquiatria busca entender o desenvolvimento dessa doença mental que causa esse comportamento, enquanto a Psicologia voltada para a abordagem comportamental busca encontrar as condições que mantem esse comportamento e discorda desse nome "doença mental", uma vez que consideram o comportamento seria fruto de uma seleção pela consequência, assim, o comportamento terá mais chance ou menos chance de acontecer de novo dependendo da consequência que ele tiver, sendo assim, não seria causado por uma "doença mental".

A Psicologia comportamental entende a psicopatologia como sendo um problema de excesso ou déficit de determinado comportamento, por isso casos psicopatológicos não são mais que comportamentos típicos que ocorrem em uma frequência ou intensidade muito alta ou muito baixa, assim, causando desconforto ou que acontece em um contexto inapropriado; esses comportamentos ditos "psicopatológicos" provavelmente foram selecionados na relação que a pessoa estabelece com seu meio, assim, seria um comportamento adaptativo que leva a sofrimento (desde leve até muito acentuado) e reações emocionais muito intensas.

A psicologia talvez não consiga explicar atualmente todos comportamentos psicopatológicos porque alguns tangem a etiologia, assim, há fatores genéticos que deverão ser levados em conta. Há uma diferença entre comportamentos que se alteram por estar em ambientes extremos ou desordenados e comportamentos que se alteram em uma situação normal: Vários autores vem estudando variáveis ambientais que alteram o comportamento o indivíduo, com isso muitos organismos ditos "sadios", ao serem colocados nesses ambientes, desenvolve comportamentos patológicos. Outros comportamentos psicopatológicos podem ter origem em estruturas físicas que variaram de tal maneira durante a evolução da espécie que essas variações podem explicar o porquê esse fenômeno ser tão raro, assim, o comportamento pode indicar um problema orgânico que será explicado pela por médicos e biólogos.

Essas questões são persistentes e tem muitos assuntos para ser abordado, pretenda-se que essa aventura tenha sido esclarecedora, mas que tenha deixado duvidas, pois as dúvidas movem o mundo (e as pesquisas).

Veja mais informações em: HUBNER, M. M. et al. Temas clássicos da psicologia sob a ótica da análise do comportamento. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2013.

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