O terapeuta é um cientista?

16 2 0
                                    

Não há duvidas se um terapeuta pode ser também pesquisador ou produzir conhecimento ou vice versa, porém será que um terapeuta no seu papel de prestação de serviço simultaneamente pode ser um cientista e produzir um conhecimento novo e relevante para a comunidade cientifica? Vamos analisar essa questão mais afundo.

Para a elaboração de uma pesquisa cientifica supõe-se que a pergunta que a pesquisa deseja responder trará um conhecimento novo, que a sua elaboração terá um conjunto de conhecimento que permita chegar à resposta, um referencial teórico que embase sua pesquisa e que mostre porque a resposta encontrada é a melhor resposta possível.

Um pesquisador ao final da sua pesquisa trará um conhecimento novo importante para a comunidade científica e essa comunidade será feita pelos próprios pesquisadores; um prestador de serviço terá que identificar a queixa relatada e terá seu papel de fazer uma intervenção adequada e chegar em uma solução eu traga bem-estar. Mesmo tendo funções diferentes, será que que o terapeuta consegue, no seu papel de prestação de serviço, trazer um conhecimento relevante para a comunidade cientifica enquanto intervém em um caso?

Há alguns fenômenos que podem dificultar essa junção, uma delas é que desde não há um incentivo para as pessoas tornarem-se pesquisadores, nem antes da graduação nem durante, assim, a universidades tendem a manter as expectativas dos alunos de sair e focar suas atividades unicamente na clínica, uma vez que na graduação haverá pouco incentivo para o aluno produzir conhecimento novo, é bem possível ficarem presos a repetir conhecimento descoberto e não se aventurarem em descobrir novos; este problema é levado até para as aulas experimentais, onde muitas vezes é ensinado apenas a replicar experimentos já validados, raramente ensinam a pensar e formar uma pesquisa "do zero".

Há uma complicação quando se separam a atuação clinica e a atuação em pesquisa: é criado um vale onde deveria haver uma ponde, assim, há pouca possibilidade do terapeuta consumir conhecimentos novos apresentado pelos pesquisadores e os pesquisadores possivelmente não saberá a realidade da clínica essas duas atuações e poderão demorar para "falarem a mesma língua".

O pesquisador tem bastante controle ao escolher a sua pesquisa e como pretende estudar e estudar quais métodos ele irá usar, porém um terapeuta não terá esse controle, ele apenas terá a escolha de quando publicar ou não os resultados de suas intervenções, assim, um terapeuta que pretende produzir conhecimento enquanto intervém deve ter agilidade ao aplicar metodologia e criatividade para conseguir suprir a necessidade de seu cliente e da comunidade cientifica.

Mesmo sendo bem difícil a junção dessas duas formas de atuações, é extremamente necessário que os pesquisadores e terapeuta estejam mais próximos para uma boa relação. Mesmo que seja bem difícil, não é impossível ser terapeuta e pesquisador simultaneamente, com isso o terapeuta que pretende ser pesquisador enquanto intervém deverá ter um bom treinamento para isso e sempre juntar o que há de melhor dos dois mundos.

Veja mais informações em: DE LUNA, S. (2019). O terapeuta é um cientista?. Perspectivas Em Análise Do Comportamento, vol. 10, 2019.

Aventuras de Psicologia, a Ciência do ComportamentoWhere stories live. Discover now