Antimoral

13 - Segredos I

Deixa eu te contar um segredo: Só porque você não viu, não significa que não aconteceu. Vou te explicar melhor. Já ouviu aquele ditado: "Quem come quieto, come sempre"?

Isso é uma das maiores verdades que já ouvi. Faça suas merdas e não diga aos quatro ventos. Guarde para si mesmo. Deixe que os outros pensem coisas de você. A questão é que, muito provavelmente, quando você olha para mim, não sou eu quem você vê, você enxerga o que sua mente quer que você enxergue.

Não é à toa que tantos políticos roubam a vida toda. Muitos sabem fazer. Veja o doutor Hannibal Lecter, quem diria que ele fez o que fez? Aqueles conservadores "chefes" de famílias, dizem abominar homossexuais e adultérios, e assim que podem traem suas mulheres com pessoas do mesmo sexo. Sabe a hipocrisia? Eu sinto o cheiro dela daqui.

Desculpa as minhas viagens mentais... O que realmente eu gostaria de relatar foi o que vi certa noite. Em uma das minhas rotineiras caminhadas.

Passei por um prédio que não tinha porta, nem grades nas janelas, os vidros estavam só os cacos. Rachaduras faziam-se presentes em todo o edifício, a cor dele era toda desbotada. Dava um ar de prédio desocupado. Mas qual foi a lição que aprendemos hoje? Não julgarás! Isso mesmo.

Dentro dele, havia gente de todo o tipo. Ladrões, putas, traficantes, mendigos...

Uma mulher, parecendo assustada ao passar por ali, apressa os passos até que se igualem aos meus. "Boa noite, moço", ela diz. A mulher aparente ter mais que o dobro da minha idade. Algumas rugas marcam o seu rosto. "Se importa se eu andar com você até o ponto de ônibus?" ela continua. "Tenho medo desses marginais desse prédio, sabe? Ouvi dizer que eles seguem as pessoas e as assaltam. Deus me livre!"

Claro que ela recorreu a mim. Eu tinha um aspecto notável. Cabelo bem penteado, vestia um longo blusão e cheirava a perfume de madeira. Ela pensou que eu era a opção mais segura naquele momento. Pobre coitada. Eu lhe estendi o braço, como um bom cavalheiro, e a guiei para qualquer lugar que não fosse o ponto de ônibus...