4° Gritos

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—Conhecida como Ling-chi, a morte de mil cortes. É uma técnica de execução, ou tortura, como vocês preferirem utilizar. São feitos diversos cortes no corpo do indivíduo torturado, o tipo de arma aconselhado é uma adaga com lâmina fina, perfeita pra cortes profundos e limpos. —e ah!o melhor desse tipo de técnica é que ela dura muito, então é perfeito tirar informações. —Diz o velho homem, gesticulando.

—Deixa eu ver se entendi...você quase foi capturada ontem?—

—Sim, Alisha.— Repito,a olhando.

— O QUE?! COMO VOCÊ PODE DEIXAR ISSO ACONTECER?! — ela grita.

—EI! vocês duas! —diz ele, olhando pra nós —Vão ficar quietas ou vou ter que tirar as duas de sala? —Repreendeu o professor.

—Desculpe. —Respondemos juntas, olhando pra baixo.

—Você não consegue mesmo falar baixo, ein? Como pode alguém ser tão escandalosa! Na próxima ele tira a gente de sala.  —murmuro, rindo baixo.

—Foi totalmente involuntário, juro.  —Mas o que posso fazer? Tenho uma belíssima voz, ela precisa ser ouvida...seria um desperdício se ninguém a escutasse. —Diz ela, mexendo no cabelo e dando um sorriso de lado.

—Tá, tá, senhorita belíssima voz.—Mas respondendo a sua pergunta,o guarda que estava vigiando a entrada voltou mais cedo, então tive que pegar os livros correndo e fugir.—Respondo.

— Teve sorte, imagina só o que eles fariam se fosse fosse pega, os chefes iriam ficar irritados, você é uma das preferidas deles.—

—Bom...nesse caso,talvez eu tenha sido pega, mas não foi nada demais.— respondo, tentando desconversar.

—Querida Arabella, eu te conheço. Vamos, me conta tudinho, com detalhes.—

—Quando eu estava correndo,vi um beco e me escondi lá, pra despistar os soldados, caso eles me achassem, era só matar. —Conto a ela.

—E...? —

— E eles chamaram reforços, fiquei encurralada.—

—E...?—

— E nesses reforços veio aquele tal...de bastardo, o príncipe, sabe?—

—COMO É QUE É? — Grita ela novamente, com uma expressão de espanto.

—CHEGA! AS DUAS, PRA FORA AGORA!— Também grita o professor, com os olhos fervilhando em raiva.
Tenho certeza que se a visão dele pudesse queimar, eu estaria torradinha agora, só pra constar.

—Desculpa, professor! Juro que agora não falo mais, deixa a gente ficar!— Suplica Alisha, para o professor.
Vejo a maioria dos alunos virados para nossa direção, cochichando e dando risadinhas.

— Só podia ser essas duas,sempre atrapalhando em tudo.— Já era hora de alguém dar uma lição nelas. —Diz Celine, após me olhar dos pés a cabeça, com desprezo.

— Ah vai a merda,garota! Ninguém aqui falou nada com você.—
Respondo, me levantando sorrateiramente em sua direção.
Faz tempo que Celine me provoca,se ela quer brigar no meio da sala,que seja, vamos brigar então.
Não sou eu que vou sair com um olho roxo, garanto.

—Olha aqui sua!... —Ela é interrompida bruscamente pelo professor.

—AGORA EU CANSEI! PODE IR AS TRÊS,PRA FORA, JÁ! —

—Mas professor... — Fala Celine, afinando a voz, de forma manhosa.

—SEM MAS! JÁ ATRAPALHARAM DEMAIS HOJE!—

Com isso, pego minhas coisas e saio do recinto, acompanhada por uma Alisha pedindo varias desculpas e uma Celine tão irritada que batia os pés no chão ao andar, trotando, uma égua, definitivamente.
Só faltava relinchar.

[...]

—Me chamou, pai? — Pergunto após fazer uma pequena reverência.

—Sim,chamei.— Quero saber se teve alguma resposta do reino de Stingray, sobre as rotas do comércio.—

—Responderam.— O lorde Alfred, me mandou uma carta a algumas horas, propôs aumentar a quantidade de itens pra cá, sem interferir nos impostos.

— Isso é ótimo. Preciso saber como está as vendas, com os mercadores, vamos ver se vale a pena.— Comenta ele.

—Imaginei que pediria isso. —Já falei com eles, e a procura das especiarias é muito grande, vamos lucrar muito se aceitarmos.

—O único problema é o reino de Haltere, eles são nossos aliados a muito tempo, e como deve saber, Stingray e ele estavam em guerra a alguns anos, não queremos outra, atrapalharia o mercado. Diz ele —Mas mesmo assim, é uma oferta muito boa pra não aceitarmos. —Fala olhando pra mim, pensativo.

— Podemos dar um baile,a nobreza de Haltere gosta muito de festas, músicos e belas mulheres. — Isso iria acalma-los, pelo menos por um tempo, concorda? —

—Até que não é uma péssima ideia, vindo de você. Vou falar com Ludovica, se eu decidir mesmo fazer o baile, ela vai ficar contente em organizar.— Pode ir agora. Diz o rei, me dispensando.

[...]

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