5° Lendas

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"Ao todo, existem seis grandes impérios, sendo alguns deles prósperos e atualmente em paz. O reino de Órion, por exemplo, é a maior metrópole e com a melhor gestão das últimas décadas, sua monarquia é conhecida por seu grande senso de justiça e boa relação mercantil, principalmente com Haltere, capital do comércio. Por outro lado, temos o reino de Homunculus, completamente devastado pela miséria e fome;sua própria rainha o amaldiçoou, depois de ser condenada a guilhotina,por um golpe de estado. É um reino assolado pela insanidade, a população, outrora considerada a mais bela entre as terras, foi completamente afetada, o canibalismo, os estupros e violência fazem parte do dia a dia dos cidadãos, uma completa anarquia."

— Dá pra acreditar nisso?— Resmungo, ao fechar o livro.

—Em quê?— Pergunta Alisha.

—Na lenda de Homunculus, quer dizer, pra mim parece uma lenda.
—Como é que um reino tão próspero como ele foi cair em uma maldição tão degradante? Não consigo acreditar nisso.—

—Pra mim parece bem real, sabe, antes de vir pra cá, eu era de uma vila distante, em Keyhole. —Uma vez, fui procurar um amigo, em um bosque ali perto, e eu escutei gritos.—

— Alisha...você sabe que não podemos contar informações pessoais, se alguém souber vamos pegar no mínimo uma detenção, e mais 2 horas de treinamento, ninguém merece.
—Mas já que começou...que gritos foram esses?— Pergunto, curiosa.

—Eu sei, mas precisava contar! Fora que somos amigas, ninguém vai ficar sabendo.—

—Está bem,mas anda,diz logo.—

—Eu tinha uns 14 anos na época,
o que eu escutei...-ela diz séria olhando pro chão,
como se revivesse o momento.— Não era humano, Bella.—

— Como assim? Era um animal, ou algo do tipo?—

—Não, não sei como te explicar...era um som gutural, mas ao mesmo tempo estridente, e ficou ecoando na minha cabeça sem parar, era como um transe ou algo assim,sei lá. Foi horrível. —Ela fala, suspirando.

— Nossa, isso é bem estranho, dizem que existem seres bizarros que vagam por lá, mas nunca imaginei que pudesse ser real, as pessoas tem mentes muito férteis, as vezes. —

— Não posso discordar disso,mas você sabe, Keyhole é vizinha de Homunculus, talvez algum bicho saiu de lá e estava no bosque...e eu, justo eu, tive que ter essa experiência traumática. —Ela concorda, voltando ao seu típico humor engraçadinho de sempre.

—Se tem uma coisa que eu não posso negar é que a voz desse "ser místico"— faço aspas com os dedos- me lembrou um pouco a sua...—Digo rindo.

—Sua megera! Minha voz é digna de uma deusa! —Você está com inveja, sua falsa!—

—Inveja da sua voz de orangotango no cio? De gralha sendo despenada?  — Não mesmo! —Rebato, balançando a cabeça exageradamente.

No mesmo segundo, Alisha avança na minha direção e pula na minha cama, rindo, me dando tapas e puxando meu cabelo, sem me machucar.

—Sua maluca! Você tá tombando tudo!—
Falo, tentando pegar meus livros, entre risos.

—Deveria pensar nisso antes de me chamar de ORANGOTANGO.—

—Cof,cof.— Estou interrompendo alguma coisa, meninas?— Pergunta a tutora, com olhar sério.

—An...não, pode falar.  Respondo, empurrando Alisha da cama e me levantando.

—Pelo amor dos Deuses! Arrumem esse quarto, está uma bagunça!—Diz ela, olhando com repúdio para os livros caídos e a cama amarrotada.
—Só vim avisar que o treinamento começa em meia hora, não se atrasem.—

—Certo!— Responde Alisha, ao me dar uma cotovelada discreta. Concordo com a cabeça.

Como deixa, a esguia mulher, sai do quarto, com o queixo arrebitado, balançando os quadris.

—Vamos trocar de roupa logo, orangotango.—

[...]

AscençãoOnde histórias criam vida. Descubra agora