10° Ritual

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Notas da autora: Oiii! Só vim avisar que esse capítulo pode ser sensível para algumas pessoas (eu não acho que tenha nada de muito sério, mas é sempre bom avisar)

Desejo uma boa leitura a vocês! ❤️
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Que ridícula é essa preparação.

Sinceramente? Estou em uma banheira lotada de ervas ou sei lá o quê,a umas 5 horas. A água chega a estar esverdeada,com cheiro amargo,de tanta substância gosmenta.

Pareço um carneiro assado.

Alisha não tem conversado muito comigo, ela está bem chateada por eu participar do ritual, até entendo, mas seu súbito distanciamento me deixa triste e  angustiada. Eu a conheço dês do primeiro dia que me trouxeram pra cá,a 12 anos. Ela sempre foi linda,os cabelos loiros claríssimos,quase brancos, a pele bronzeada e seus divertidos olhos caramelos passaram a sempre me acompanhar.
Lembro como se fosse hoje, a garota magricela e de sorriso encantador, me dando as mãos enquanto eu chorava baixinho, me dizendo que tudo vai ficar bem,  como um pequeno anjo.
É, eu realmente sinto a falta dela.

Ouço o insistente som do sino, agudo e a sinalizar que em meia hora devemos nos encontrar no salão principal. Saio finalmente da banheira, encharcando o chão com meus pés úmidos.

Mais trabalho pra mim.

[…]

Já estou no salão, usando um simples conjunto de calça e blusa preta, de textura rígida, por alguma razão, é obrigatório. Os professores avisaram que a invocação não poderá acontecer aqui, então vamos em dois grupos para uma floresta pequena, a três horas andando.

Que ótimo! Além de estar fedendo a mato, morta de fome e sem entender nada, vou ter que caminhar com um bando de desconhecidos pra uma floresta misteriosa. Maravilha!

Tento reconhecer o rosto dos outros participantes, todos parecem muito empolgados,conversando entre si. Vejo algumas pessoas conhecidas, como duas do meu turno de treinamento, Anya e Davis, brincando entre si.
Há também Lúcia, uma veterana,como eu. A maioria até agora é homem.

—Alunos! Vamos, chegou a hora. —Avisa o professor.

Nos reunimos em uma pequena fila, andando silênciosamente. Depois de algumas horas  extremamente cansativas e com a minha pobre barriga roncando, chegamos ao destino final. A floresta que vejo não parece ser tão extensa, a vegetação é muito fechada, com árvores de tronco esguio e longas folhas cobertas de gotículas suaves de seiva.

Meu coração bate forte, estou com um mal pressentimento.

Olho para o céu e vejo a lua me encarando de volta, com suas amigas estrelas cochichando, iluminando o ambiente com sua delicada luz prateada, um sutil afago. Tudo é muito frio, o vento seco passa serpenteando entre os alunos, sem rumo, fazendo meu cabelo se soltar do rabo de cavalo, chicoteando meu rosto, como cacos de vidro.

Vejo o segundo grupo chegar,junto com os feiticeiros de Helix, com a enigmática Évora no encalço, sua expressão é seria, seu olhar emite um brilho estranho, quase florescente.

—Certo. Vejo que todos estão aqui, vamos começar. —Ela anuncia, ao adentrar a floresta.

Chegamos a um ponto bem estranho, onde não há árvores nem nenhuma vegetação, a terra escura é visível.
Évora começa a vasculhar uma enorme mochila, tirando de lá diversas velas e plantas. Outro feiticeiro, alto e de maxilar forte, espalha pelo chão pequenas pedras de sal, enquanto murmura algo que não consigo identificar.

Minutos depois,tudo parece estar pronto, o cheiro das velas e das plantas é muito marcante, machucando minhas narinas como pequenas agulhas fariam.

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