Ressurreição

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Mabel corria em direção à sua nova casa, desesperada.

— Será que aconteceu alguma coisa muito grave? — Pensou. — Talvez eu só esteja muito... Preocupada. — E diminuiu a velociade, até parar em meio à floresta, o barulho estrondozo dos relâmpagos, as gotas grossas de chuva, seus pulmões pedindo misericórdia. — Eu preciso ir conferir. — Pensou. E continuou a correr.

[...]

Dipper sorriu de canto antes de cair de barriga para baixo, sua visão se embaçava, seus olhos fechavam lentamente, e a dor que sentia ia se evaporando, da mesma forma que sua vida, seu corpo frio ainda tremia.

Ainda.

Até sua visão escurecer por completo, e ele rezar para que tudo desse certo no fim das contas.

[...]

Mabel havia chegado em casa, abrira a porta num baque e subia as escadas o mais rápido que o seu corpo cansado suportava.

— Dipper! — Chamou o mais alto que pôde.

Sem resposta, apenas o som da maldita escada rangendo enquanto ela subia.

— Dipper, Bro-bro. Está tudo bem? — Ela disse, enquanto colocava a cabeça pra dentro do quarto. Colocou as duas mãos na boca e arregalou os olhos logo em seguida que abriu a porta por completo e viu a cena.

Uma lágrima escorreu de seu rosto. Ela já esperava pelo pior, mas... Onde estava o corpo do seu irmão?

— Dipper, Dipper, DIPPER! — Berrava enquanto corria pela casa. — A visão da cadeira derrubada, das pequenas gotículas de sangue e da corda giravam pela sua mente enquanto Mabel tentava não desabar ali mesmo.

Voltou ao quarto e correu em direção à janela, na esperança de uma visão ampla da floresta.

Imbecil. — Mabel pensou, como poderia ver algo com aqueles montes de folhas cobrindo a visão do solo?

Viu um clarão, e pequenas partículas de uma poeira dourada vagavam ao redor de algumas árvores. A luz aumentava cada vez mais, e num feixe aquele clarão se explodiu, fazendo com que as árvores que estavam ao redor fossem repelidas.

E em meio ao clarão, Mabel sentiu algo que não sentira desde que entrara naquele quarto.

Esperança.

[...]

A estátua havia se despedaçado, enfim. A poeira cósmica que habitava Dipper saia de dentro do seu corpo, pelos ouvidos, boca e nariz, enquanto voavam em torno à estátua. Um corpo havia se formado à frente da mesma, totalmente branco, com os braços abertos e as pernas também, planando. A poeira começara a voar ao redor do corpo enquanto entrava pela boca do indivíduo. Que, antes de explodir e desintegrar tudo ao seu redor, inclusive os demônios que perseguiam o garoto, conseguira proteger o corpo do menor ao seu lado com sua magia.

Descia lentamente em direção ao solo, enquanto seu corpo terminava de se formar. Estava usando uma vestimenta comum, estava com um calção preto, e uma camisa amarela.

— Dipper! — Gritou e correu para socorrer o... Amigo? — É sério que eu pensei nisso? — Disse pra si mesmo. Ah, que belo senso de humor numa hora dessas!

Se voltou ao garoto e usou todos os seus poderes de ressurreição no mesmo, estava começando a se cansar, mas não iria parar enquanto não sentisse seu pulso.

Uma aura amarelada estava formada nas mãos de Bill, que tocavam o corpo frágil e... Morto de Dipper cuidadosamente, enquanto observava todos os seus machucados serem curados. Seu pesoço não estava mais vermelho, suas canelas não estavam mais raladas, sua costela havia voltado ao seu devido lugar, a fratura havia sumido e o sangramento havia sido estancado, assim como o tiro da balestra foi cicatrizado e a flecha do disparo, que estava cravada nas suas costas simplesmente desapareceu.

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