Castigos, condições e desejos

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Quatro de Maio de 2018; 02:28 da madrugada:

— É meio louco... — Sim, já faziam exatos dois dias que haviam derrotado Bill, deitados nas camas da sua casa, longe de Gravity Falls ou de qualquer outra bizarrice que não fosse deste mundo, eles finalmente sentiam tranquilidade.

— "Meio louco" o quê, Mabs? — Dipper perguntou, já acostumado com os delírios repentinos da sua irmã gêmea após o Estranhagedon.

Sei lá, aprisionamos um dos demônios mais fortes de todo a galáxia, salvamos Gravity Falls, perdemos amigos... Foi um verão tão... — E não soube a palavra certa pra diagnosticar toda a loucura na qual eles se submeteram a lidar sem nem ao menos saber.

— Louco? Assustador? Impressionante? Traumatizante ou... Estranho?

— Todos esses que você disse. — Ela riu fraco.

— É, todos esses.

— Sabe o que é mais interessante em tudo isso? — Mabel disse, com seus olhos turvos, a visão desfocada no teto.

— Hm...?

— Nós saímos vivos.

— E não sabemos como.

Dipper sentiu uma pontada na região esquerda da sua testa, ignorou. E depois outra, e outra. Até começar à se sentir fraco, lento. Sua cabeça pulsava.

Não sabia o que aquilo significava, mas depois de um tempo, parou. E ele apenas ignorou.

— Você acha que, um dia, ele consiga se libertar?

— Eu vou me libertar. — Dipper disse, mas não era ele falando aquilo, seus olhos brilhavam e amarelo e segundos depois ele voltou ao normal.

— Ele já está aqui. — Mabel sussurou.

— Foi rápido, não é? — Dipper sorriu fraco, triste. Não é como se os dois soubessem o que iria acontecer, se sentiram estranhos por entender, mas não entender. É como se eles soubessem que aquilo iria acontecer, mas não havia uma explicação do porquê, um contexto. Eles só... Sabiam.

— O meu inferno começa agora. — Dipper perguntou, já sabendo a resposta, mas procurando uma explicação.

— É necessário.

— Não é.

— Ele destruiria a Terra.

— Porquê eu tenho que passar por isso? Eu o matei.

— Eu também não sei, nós nunca sabemos de nada, mas ao mesmo tempo só... Sabemos. — E sorriu fraco para o irmão, vendo sua silhueta escura, sentada na cama ao lado enfraquecer, e cair meio desajeitado no colchão.

[...]

Bill andava pela floresta com Mabel em direção à cabana.

— Ok. O Dipper te libertou e... Você salvou ele? — Mabel iniciou, uma mão preparada pousava atrás de si, nas suas costas. Apenas esperando para utilizar algum tipo de magia caso necessário.

— Sim. – Disse Bill, simples.

— Sim? — Mabel questionou.

— Sim! — Respondeu novamente.

— Ok, e porquê ele te libertou?

— Ah, ele estava cansado dos pesadelos, sonhos, alucinações e afins, sabe como é.

Mil e uma maneirasOnde histórias criam vida. Descubra agora