CAFÉ.

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Fácil se dizer dos momentos passados em todas as manhãs naquelas calçadas frias e sujas sentados acompanhados do mesmo cotidiano e do mesmo vivenciar do olhar que todos se mantinham nos seus ''companheiros de rua'' que se apresentavam em suas frentes. Porém comigo sempre soava muito diferente, tudo sempre foi, não conseguia ver o sossego que os outros jovens de lá se assistia por míseros minutos ou horas pensando em suas vidas enquanto viam outros em sua frente fazendo do mesmo, e por algum lado se sentiam confortáveis porque viram que não estavam sozinhos, e nisso, proporcionava um certo alívio da vida. Diferente deles minha única calmaria fostes um copo ou xícara de café, independente do local, mas mais apropriado em uma cafeteria e padaria que funcionava ao longo dessa mesma rua dos perdidos em pensamento, parecendo ser o único local desse conjunto enorme engaiolado que acreditávamos ser semelhantes a tranquilidade passada das cidades e dos dias sem sentido que todos nós humanos passávamos de forma diária, entretanto, adorávamos viver a rotina porque via-se sempre com um companheiro do acorde de uma pessoa, com uma bebida quente que fervia os teores da garganta e saciava o paladar com doce, amargo ou forte gosto do mesmo. Nosso velho companheiro, café. Está desde os pequenos momentos da consciência até o início da agricultura humana, evoluiu contundente conosco sem falhar em permanecer eterno para alegrar e agitar nossas manhãs. A café, levanto-me dessa calçada, sou o único dessa rua que parece variar bem do seu gosto e da sua calmaria que me fornece, sigo adiante para a mesma cafeteria, e pelo menos o levantar de um sorriso carrega, porque todos que entram nesse devido lugar se sentem seguros o suficiente com o problema de fora.

A cafeteria é intacta com qualquer destroço ou ruína do que foi passado, vindo a ver refletir por ter tanta gente com uma cara incomum do que se vê todos os dias do que estão do lado de fora desse lugar. Aparenta nunca ter havido um problema se quer no mundo, acordar aqui é de fato a melhor sensação que se espera até agora do que se veio presente. Todos os dias assento na mesma mesa em frente à uma janela que consigo ver as pessoas circulando ruas à fora com rostos amargos do dia a dia. Ninguém se assenta na mesma fileira de janela que a minha, e por via é até compreensível, já que não vai haver uma pessoa vindo no único local que de fato as livra dos males, e continua absorvendo os problemas com um café. Eu realmente ressoou como único até nisso. Ah meus artistas, vocês percorrem suas vidas expressando e ninguém os nota, vocês as fotografa, colore, escreve, canta e toca pra que exista uma verdadeira razão no qual esse café lhe mostra sentido pra continuar sem desistir. Bom, diferente de vocês, pareço-me ser acompanhado por problemas e mesmo com um café e seu gosto em minha boca não basta ou se torna suficiente de me sentira pelo menos esperançoso quando saio desse local, e equivalente do que seja, só sai um pingo de vazio como um açúcar derretendo no pequeno líquido escuro. 

A verdade que tais seja dito que permaneço nessa cafeteria todos os dias, o simples café é gratuito e não é necessário qualquer troca pra se degustar. Torna-te o devaneio do esquecimento dos problemas e carrega minha vida passada como esquecido, apenas bebendo café. E por trás de outra verdade e pouca aberta que nessa janela e nessa fileira que sigo todos os dias de manhã sozinho, era carregado por culpa de nunca poder dividir ou ter alguém que gostasse de querer essa fração de café comigo. Olho casais, pessoas com suas vidas perdidas mas com seu companheiro, pois aquilo enfatizava o que um café tem capacidade de fazer, o poder de esquecer o pior e aproveitar do momento gratificante com seu ente querido. Era bonito, e a culpa foi-se disfarçada de inveja, talvez a carência ou talvez a vida me mostrou que preciso de alguém, por alguma razão... Pois eu nunca tive alguém com quem compartilhar de fato, um bom momento e um bom café. Uma companheira. Um certo café.

Por fim, sozinho novamente aqui, preciso voltar às tarefas diárias e carregar mais do serviço que tenho hoje e dos dias seguinte. Largo meu café, visualizo os casais novamente, os invejo mas sinto feliz por terem essa oportunidade nesse inóspito mundo e por fim levanto-me...

- Espere! Aonde você acha que vai garotão? Senta ai.

- Você? - De forma surpresa carreguei aquela visão. Olhos castanhos, sobrancelhas e olhos curvados, uma pele branca e um rosto particularmente belo. O cabelo preto escuro aparentemente parecido com o meu. Uma morena, cabelos escuros e pele pálida que se tocasse poderia se ingerir uma vermelhidão repentina.

- Sim, sou eu. - Ela dissera... - Moça me trás mais um café por favor, dois na verdade! Pra mim e pra ele, obrigada.

Assentamos. Era a garota da calçada em minha frente.


O ABGRUNDOnde histórias criam vida. Descubra agora