O tempo só respondeu mais rápido para o momento de nós dois. Ficamos horas lendo o mesmo livro que ela comprou anteriormente, fitando em mais de vinte capítulos sem se quer pra respirar, concentrados no enredo bem construído e mal vendo que já estava prestes a anoitecer, e mesmo naquele bairro bastante iluminado não se circulava muitos por aí, e a pouca quantidade já viera a vir quase ninguém mais, a não ser dois jovens viciados em leitura fantasiando frases em suas cabeças para de fato emergir naquele mundo e poder presenciar os personagens. É isso que a capacidade de leitura de um bom livro pode nos fornecer e é essa conclusão que tive, ainda quando se trata de uma boa companhia, tudo torna sofisticado.
As ruas já bastara estar vazia, as luzes não se apagavam e fitavam junto a junto com sobrecamadas de luz e sombras desse bairro calado, o silêncio tornou um pouco incomodo tirando a nossa leitura constante e desejando sair logo do lugar que antes belo, numa noite conseguiu se transformar um tanto medonho. Meu desejo era de voltar pra casa, deixar amanhecer e voltar ter as longas conversas e aventuras com essa garota, entretanto, o medo dela parecia muito mais do que o meu e deixa-lá ir seria um enorme vacilo e eu nunca me perdoaria. Por um lado ela pareceu mais próxima, chegando segurar meu braço com medo do que poderia vir, eu a segurei perante a sua mão, apenas gesticulei que está tudo bem e que nada de terrível vai acontecer, porém não saberia se levasse ela à nossa rua e deixasse o amanhã chegar seria uma boa forma de despedida, afinal nenhum de nós acabamos ainda e talvez dias pós dias não iriam definir o que se busca aqui. Ambos não procuram despedida para um o seguinte, e sim uma contínua jornada.
- Está escuro demais já. Ia comentar sobre voltarmos para casa de cada um, porém acredito que o que você procura ainda não terminou.
- Voltar seria como deixar algo pra trás, independente se fosse bom ou ruim. A verdade é essa mesmo, pretendo continuar e nada de paradas simplórias. - disse-lhes essas palavras com uma determinação, que me surpreendeu.
- Que seja. Mostre-o caminho.
Novamente o mesmo ciclo de segurar minha mão e me encaminhar a tal lugar se iniciou. Andamos ruas acessas e visualizamos mais lugares esplêndidos e diferentes do outro, era como se houvessem diversas cafeterias do fim da rua, e pouco à pouco os sorrisos se apareciam em nossos rostos, principalmente ao meu, aquelas localidades eram semelhantes ao um passado esquecido em que muitos jovens iam festas, brindavam e saciavam seus momentos aos amigos e muito das vezes declaravam seu amor à quem tanto os admirava. Os sons de Lojas de Games cheios de gente como eu, os pisques de restaurantes e pizzarias e ao adentrar à visão poder enxergar pessoas da nossa idade se alegrando esquecendo do pior que está fora. Belíssimo lugar, bairro e situação com essa garota, vislumbrando a tal sequela positiva do que já se foi real e acontecera em todo lugar do mundo, infelizmente torna-te somente imaginação ou pouco proveito do que se vê. Não existiam palavras que mencionassem ou dessem características para definir tudo isso, mas eu diria que era fiel. Fiel ao que já se viveu muito tempo atrás, com amores perdidos e amores reconstruídos, casais abdicados e outros muitos conhecedores de seu parceiro, era um festejo de beleza, ilusão, paixão e até mesmo diversão. Aquilo era o viver, de amizade fiéis, relacionamentos o tanto e de dias mais ainda. A palavra seria Fidelidade então, o quão o que vemos tornasse tão memoráveis ao ponto de quebrar paradigmas da tristeza e do vazio que percorrera em toda Abgrund, e isso era a resposta dessa caminhada, dessa miníma jornada aventuresca com essa garota. Fiel à vida, fiel a se viver e por incrível que pareça me deu saudade, de tudo que eu não vivi, mas quero que você viva ai...
Ela parou por instantes, andamos tanto que a noite cansava cada passo dado. Ela apontou à prédio com o maior outdoor de neon que se fosse possível enxergar, eram luzes como de Las Vegas me cegando por completo, nem meus óculos se ponharia em tal reflexo através dessas lentes. Ela estava mais do que cansada e via-se seus olhos curvados mais baixos e com pisques lentos de uma química sonífera, carreguei sob seus ombros e simplesmente eu lhes disse.
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O ABGRUND
General FictionSobre um desafio posto de usar 15 palavras pra descrever algo, decidir rotineiramente criar uma composta literatura de 15 capítulos dessas 15 palavras como um enredo composto de um garoto em uma cidade isolada do mundo que já conhecido, fostes perdi...