Prólogo

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9 anos atrás...

Meu aniversário de 18 ano é daqui a 9 meses e estou impaciente, em breve vou poder ir embora. Minhas irmãs não sabem e muito menos Cassandra, que estou juntando dinheiro da mesada que recebo e de trabalho de meio período que arranjo sem que elas saibam.

É fácil esconder coisas delas, quando confiam tanto em mim. O ruim é saber que estou quebrando essa confiança delas escondendo algo, mas não posso contar nada, não até estar com tudo pronto e no portão de embarque para enfim procurar minha mãe.

Não importa quantas vezes eu tenha que ouvir que ela está morta, eu não acredito. Rick nunca nos contou nada sobre nossa origem, nunca aparece e nunca fala nada para Cassandra, alguém como ele não agiria assim se não estivesse escondendo alguma coisa.

Minhas irmãs se conformaram, mas eu não. Como poderia? Elas aceitaram tão facilmente as mentiras dele e receberam de braços abertos uma mulher que pode muito bem estar envolvida em todos os esquemas de mentiras desse homem! Ela pode ter me criado e me alimentado desde que eu nasci, mas eu sempre senti que tinha alguma coisa errada com ela.

Não sei como Bianca consegue chama-la de mãe... Não sei como ela consegue enganar a todas... Beatriz é a unica que parece sentir o mesmo que eu, mas guarda para si mesma. Acho que não quer magoar a irmã... Mas eu não sou assim. Eu quero uma família de verdade, uma que esteja cercada de cultura e significado, que me ensine valores de gerações passadas e que façam sentir em casa.

Eu sou a mais diferente delas, minha aparência em nada se assemelha a das minhas irmãs... Talvez o cabelo, mas cabelos negros e lisos são característicos dos asiáticos, então poderia ser obra do acaso... Ou talvez eu nem seja filha do Rick e isso seria ainda pior, saber que minha família real com um pai e uma mãe de verdade estão lá fora me procurando.

Nem mesmo sei qual a real descendência asiática eu tenho, por isso passei a maior parte da minha adolescência aprendendo a falar, comer, me portar, me vestir e maquiar, assim minha família verdadeira não perceberia tantas falhas em mim. Não veriam o quanto eu sou diferente por passar a maior parte da minha vida até agora com outras pessoas.

Estou terminando meu trabalho limpando mesas na lanchonete que tem do outro lado da cidade, assim minhas irmãs nunca me achariam trabalhando, quando um cliente me chama, eu sinalizo para que uma garçonete o atenda, mas ele nega e pede que eu vá até a mesa.

-Sua mãe e suas irmãs sabem que você está trabalhando aqui? - O homem pergunta, ele tem a aparência bem asseada e de alguém que tem dinheiro, parece estar na casa dos 40, cabelo todo escuro e liso. Quando olho em seus olhos, sinto que o conheço de algum lugar.

-Isso não lhe diz respeito... - Digo educadamente, para evitar mais perguntas - Por favor me diga o que deseja, nosso cardápio...

Eu continuo a falar sobre o cardápio e os preços enquanto ele me olha, fico com medo e começo a desconfiar de que seja algum tarado bizarro.

-Você não me conhece mesmo? - Ele pergunta e eu aceno negativamente.

-Desculpe senhor... 

-Você não reconhece seu pai Susan? - Ele pergunta como se não fosse nada de mais.

-Rick? - Pergunto assutada, até onde sei ele nunca se envolveu ou conversou com nenhuma das outras meninas.

-Pelo menos se lembra do meu nome! - Ele fala com um sorriso que poderia ser gentil, mas vindo dele eu desconfio completamente que seja.

-O que você quer? - Pergunto com medo dele e não mais porque ele possa ser um tarado, mas porque não sei o que esperar de alguém como ele.

-Quero fazer um acordo com você... - Ele fala e sinaliza para que eu me sente na cadeira, na frente dele.

-Eu não quero fazer nenhum tipo de acordo com você! - Respondo ignorando a cadeira e pronta para me virar.

-Nem mesmo se eu disser onde está sua mãe? - Ele questiona de forma desinteressada, mas seus olhos brilham quando vê minha reação e como agora estou me sentando onde ele indicou, com sede por mais informações.

-Acredito que tenho sua atenção agora... - Ele fala e chama outra garçonete, faz um pedido e a minha colega de turno me olha preocupada. Eu sinalizo que está tudo bem, mas percebo que ela da algumas olhadas enquanto vai passar o pedido do Rick para o cozinheiro.

-Fala logo, preciso voltar ao trabalho... O que você sabe sobre minha mãe? Onde ela está?

-Primeiro, preciso que você aceite fazer uma coisa por mim... Depois disso eu digo como e onde ela está... - Ele fala enquanto me olha com as mãos sobre a mesa.

-Como posso confiar em você? - Pergunto em desafio.

Ele enquanto enfia a mão por dentro do paletó e retira uma foto, na hora percebo que se trata de uma mulher muito parecida comigo... Ela só pode ser a minha...

-Mãe... - Eu falo e tento puxar a foto dele, mas ele rapidamente a guarda no mesmo lugar de onde retirou.

-Então temos um acordo?

-Eu faço o que você quiser....

Quando aceitei eu mal sabia que estava na verdade, fazendo um pacto com o próprio diabo.

Presos na Maldição - Trilogia IRMÃS RUSSO Livro 2Onde histórias criam vida. Descubra agora