Capítulo 23

220 44 3
                                    


-Você desenho tudo isso? - Ele pergunta sem me olhar e fico desesperada para enfiar minha cabeça em um buraco o quando antes.

-S-Sim... - Tento dizer e gaguejo um pouco.

Começo a torcer o material que estava em meus braços e por fim tomo coragem para correr e tirar juntar todos os meus desenhos espalhados pelo sofá, mesa de centro e no chão. Retiro até os que ele tinha em mãos e com tudo protegido em meus braços tento fugir para levar para meu ateliê e esconder tudo. Ou botar fogo, ainda não decidi qual a melhor opção.

Corro e enfio tudo em um canto atrás de uma poltrona que deixei lá e que estava coberta com um lençol, para não danificar o móvel, termino e quando me viro Adrian está atrás de mim. Tão perto que bato no peito dele e me seguro em sua camisa para não desequilibrar e cair de bunda.

-Por que escondeu tudo? - Ele perguntou parecendo genuinamente confuso.

-Porque era obsceno e vulgar... - Respondo sendo sincera - É vergonhoso que alguém tenha visto...

-Não sei porque seria vergonhoso, tudo o que vi foi beleza e pureza... - Ele falou e seus olhos brilharam, não entendi muito bem essa reação dele e foquei no que ele disso.

-Adrian, era uma orgia em cada desenho... Onde tinha pureza ou beleza ali? - Falo um pouco ríspida demais e claramente na defensiva.

- O que eu vi foram cenas inocentes... De alguém que ainda não sabe o que está fazendo... - Ele responde colocando a mão sobre as minhas, que ainda estavam segurando sua camisa.

-E desde quando você entende de arte? - Digo e reviro os olhos.

-Desde que entrei aqui e vi o que você desenha... Você esconde coisas nos desenhos que faz Susan, mesmo o desenho que claramente sou eu raivoso eu vi, depois de ficar um bom tempo olhando enquanto você falava com o nosso filho... Que tinham dois traços e duas expressões, em uma mais evidente eu estava sério e malvado, mas depois eu percebi que era possível me ver como você tinha dito... Como alguém determinado... - Ele falou cheio de emoção na voz e eu precisei respirar fundo para me controlar.

-Acho que você viu o que queria ver Adrian... - Respondo e tento me afastar, mas sua mão ainda está me segurando.

-É mesmo? - Ele fala e me solta delicadamente, sem que eu me mecha Adrian consegue alcançar os desenhos que escondi. Tento tirar dele, mas o homem é grande de rápido então minha tarefa é inútil, segundo depois de sua busca ele acha o que estava procurando e me mostra, o primeiro desenho que fiz - Me diga... Eu estou vendo meu rosto aqui porque quero ver então?

Eu fico muda sem saber o que responder, com o rosto em chamas pela vergonha. Como ele conseguiu identificar um rosto no meio de todo aquele caos?

-Acho que seja eu representado aqui... E aqui também... - Ele começa a mostrar todos os pequenos rosto que ele julgava ser ele e que realmente eram ele, mas não vou admitir nem morta!

-Sim você está vendo o que quer ver ai... - Respondo e ergo a cabeça com uma confiança tão falsa que não estava enganando ninguém.

-Nesse caso você não vai se incomodar de que eu diga quem parece estar comigo em cada um desses momentos íntimos e pecaminosos que você pintou... Certo?

-Você é livre para imaginar o que quiser e com quem quiser... - Digo quase que trincando os dentes, com a força que faço para me segurar de um ataque de pelanca, arrancando tudo das mãos deles e batendo no cara até fazer ele esquecer de tudo.

-Certo então deixa eu ver... Olhos pequenos e puxados... Nariz pequeno e atrevido... Que interessante... - Ele fala e depois para, me olha e não fala mais nada.

-Acabou? - Pergunto e cruzo os braços.

-Talvez... Você vai me falar em quem pensou quando desenhou tudo isso? - Ele pergunta com um sorrisinho convencido.

-Talvez, você vai parar de ser um convencido que acha que tudo gira em torno de você? - Digo com raiva e por fim arranco tudo das mãos dele, agora que ele vacilou e deixou fácil para que eu pegasse.

Junto tudo e quando estou prestes a rasgar tudo ele toma de mim de novo.

-O que foi agora? - Digo frustada.

-Você não pode rasgar eles assim! - Ele fala parecendo genuinamente irritado comigo.

-São meus desenhos e estão uma porcaria quero jogar fora, me da logo! - Respondo mais irritada ainda.

-Não eu quero eles! - Ele fala esconde atrás de si.

-Não vou te dar nada Adrian, me devolve meus desenhos! - Digo tentando pegar dele.

-Eu compro então! Não precisa me dar nada! - Ele responde se esquivando de mim facilmente.

-Não vou vender! - Respondo concentrada em pegar meus desenhos.

-E eu não vou devolver... 

-Vai sim! - Eu digo com ódio depois que o safado de ombros e tento escalar a montanha que ele é, mas claramente minha escalada foi em vão.

-Então vai me vender agora? - Ele pergunta quando paro para respirar cansada do esforço que fiz.

-Mil! - Digo quando penso em um valor alto, confiante de que ele não pagaria isso por  rabiscos -Quero mil reais pelos desenhos!

-Fechado!

-O que? - Digo incrédula com o fato dele ter aceitado - Não pode! Por que aceitou?

-Eu pagaria até mais... - Ele fala e da de ombros de novo - Você quer pagamento em dinheiro... Cheque ou transferência? Você decide!

-Quero que você devolva os meus desenhos e pare com a palhaçada!

-Em momento algum brinquei com a minha proposta, eu quero muito ficar com os desenhos e se precisar que eu pague por eles... - Adrian fala tranquilamente - Eu vou pagar, o quanto você pedir por eles... 

-Você ficou louco? - Pergunto incrédula.

-Talvez... - Ele fala e da uma piscadinha e eu reviro os olhos.

-Que se dane! Fica com eles! - Respondo e dou a volta por ele, para sair logo dali.

-Para onde você vai? - Ele pergunta e eu nem olho para ele , só para para responder.

-Vou me deitar, cansei de tudo isso... - Falo e respiro fundo.

-Você tinha dito que não conseguia dormir antes de uma sessão de quimioterapia do Alan... 

-Pode até ser assim normalmente, mas hoje você conseguiu me cansar, boa noite Adrian... - Digo saindo pela porta, estava pronta para subir direto para meu quarto, quando decidi pegar meus papeis e carvão vegetal que deixei na sala, quando corri para pegar os desenhos da mão dele e esconder em vão no ateliê.

Eu sei que assim que deitar não vou dormir, então vou desenhar sozinha e quem sabe ter um pouco de paz depois do que aconteceu agora a pouco no ateliê. Faço meus rabiscos nos papeis amaçados me sentindo aliviada, mas quando percebo estou desenhando a mesma coisa que antes e começo a ficar com raiva de novo daquele babaca insolente.

Falando dos meus desenhos como se entendesse de alguma coisa! Penso nisso e continuo desenhando e a coisa mais estranha aconteceu. Cai no sono, mesmo eu estando nervosa com a sessão de quimioterapia do Alan, eu consegui dormir e ter sonhos com olhos azuis e beijos quentes.

Droga de homem!


Presos na Maldição - Trilogia IRMÃS RUSSO Livro 2Onde histórias criam vida. Descubra agora