"Nós não devemos estar longes da estrada de tijolos amarelos." Disse o Espantalho que andava atrás da garota. "Pois chegamos perto do local onde o rio nos levou para baixo."
O Lenhador de Lata estava prestes a responder quando ouviu um baixo rosnado e virando sua cabeça, ele viu uma estranha criatura que vinha em direção a eles pela grama. Era, de fato, um grande e amarelo gato selvagem e o Lenhador pensou que o mesmo estava perseguindo alguma coisa, pois suas orelhas estavam curvadas próximas à cabeça e a sua boca estava aberta, mostrando duas fileiras de grandes dentes enquanto seus olhos brilhavam como bolas de fogo.
Quando a criatura se aproximou, o Lenhador viu um pequeno rato do campo fugindo de seu predador e ele pensou que aquele monstro não deveria ter coração para perseguir tal criaturinha tão inocente e indefesa.
Então o Lenhador ergueu o seu machado e quando a fera passou correndo por ele, desferiu um golpe que cortou a cabeça da criatura fora que saiu rolando pela grama até seus pés.
O ratinho, agora que estava livre do inimigo, parou e veio até o Lenhador, dizendo com uma vozinha estridente:
"Oh, muito obrigado. Muito obrigado por salvar a minha vida.
"Não foi nada." Respondeu o homem de lata. "Eu não tenho coração, então eu fico muito feliz de ajudar aqueles que precisam de um amigo, mesmo que seja apenas um rato."
"Apenas um rato?" Disse o animal indignado. "Eu sou a Rainha dos Ratos do Campo."
"Ah, perdoe-me." Disse o Lenhador fazendo uma leve reverência.
"Portanto, você me fez um grande favor, me salvando." Disse a Rainha.
Neste momento apareceram vários ratinhos correndo o máximo que suas perninhas conseguiam e quando eles viram a rainha, exclamaram:
"Oh, majestade. Nós achamos que a senhora estava morta. Como você conseguiu escapar do grande gato selvagem"?
Eles disseram e se curvaram tanto diante da rainha, que suas cabeças quase tocavam os pés.
"Este engraçado homem de lata." Disse a Rainha. "Matou o gato selvagem e salvou minha vida. Assim sendo, todos vocês devem servi-lo e realizarem os seus pedidos".
"Nós iremos!" Exclamaram os ratinhos em um coro estridente. Então todos fugiram para todos os lados, pois neste momento, Totó tinha acordado e vendo todos aqueles ao lado dele, deu latido e pulou bem no meio de onde eles estavam reunidos, Totó sempre gostou de perseguir ratos quando morava no Kansas e não via nenhum problema nisso.
Entretanto, o Lenhador agarrou o cachorro em seus braços e o segurou com força enquanto dizia para os ratinhos.:
"Voltem, voltem! Ele não machucará vocês."
A Rainha tirou a sua cabeça de um tufo de grama e perguntou:
"Você tem certeza que ele não vai nos morder?"
"Eu não deixarei." Disse o Lenhador. "Então não tenham medo."
Um após um os ratos do campo foram aparecendo e Totó não latiu de novo, apesar dele ter tentado fugir dos braços do Lenhador e ele teria o mordido se não soubesse que seus braços eram feitos de lata. Finalmente um grande rato disse:
"Existe algo que podemos fazer." Ele perguntou. "Para recompensar a sua atitude de salvar a vida de nossa Rainha?"
"Não que eu saiba." Respondeu o Lenhador, mas o Espantalho, que até o momento estava tentando pensar, mas não obtivera sucesso, porque não tem cérebro, disse rapidamente:
"Ah sim, vocês podem salvar o nosso amigo o Leão Covarde que está dormindo no campo de papoulas."
"Um Leão!" Gritou a Rainha. "Ele irá nos devorar."
"Não vai não." Declarou o Espantalho. "Esse Leão é um covarde."
"Sério?" Perguntou a rata.
"Ele mesmo que diz." Respondeu o Espantalho. "E ele nunca machucará alguém que é nosso amigo. Se você nos ajudar a salvá-lo, nós prometemos que ele a tratará com delicadeza."
"Muito bem." Disse a Rainha. "Confiaremos em você. Mas o que devemos fazer?"
"Tem muitos desses ratinhos que a chamam de rainha e que te obedecem?"
"Sim, há muitos deles. Milhares." Ela respondeu.
"Então chame a todos o mais rápido possível e peça para que cada um traga um pedaço de barbante."
A Rainha voltou-se para os ratinhos que a atendiam e pediu que fossem chamar imediatamente todos o seu povo. Assim que ouviram a ordem da Rainha, todos correram em todas as direções.
"Agora." Disse o Espantalho para o Lenhador de Lata. "Você deve ir até aquelas árvores próximas ao rio e fazer uma maca para carregarem o Leão."
Então o Lenhador foi até as árvores e começou a trabalhar. Pouco tempo depois ele tinha feito uma maca utilizando a madeira das árvores. Ele prendeu a maca com estacas de madeira e fez quatro rodas com pedaços curtos de um grande tronco de árvore. No final ele tinha uma espécie de carrinho e seu trabalho foi tão rápido e tão bem-feito que ao ficar pronta, todos os ratos estavam presentes.
Eles vieram de todas as direções e eram milhares deles: grandes, pequenos, médios e cada um trazia um pedaço de barbante na boca. Foi mais ou menos por volta desse horário que Doroti acordou. Ela estava bastante confusa por acordar deitada na grama e rodeada por milhares de ratinhos que a encaravam timidamente. Mas o Espantalho a contou sobre tudo e disse para a Rainha:
"Permita-me apresentar a você, vossa majestade, a Rainha."
Doroti assentiu e a Rainha fez uma cortesia. Tempos depois, as duas ficaram muito amigas.
"O Espantalho e o Lenhador agora juntavam os ratinhos com o carrinho, utilizando o barbante que eles tinham trazidos. Um pedaço do barbante foi amarrado ao carrinho e a outra ponta fora amarrada ao pescoço de cada ratinho. É claro que o carrinho era muito maior do que os ratos, mas quando todos os ratos puxavam juntos, o carrinho andava com facilidade. Até o Espantalho e o Lenhador se sentaram e foram puxados pelos ratinhos até o local onde o Leão se encontrava dormindo.
Depois de muito trabalho pesado, pois o leão era bastante pesado, eles conseguiram colocá-lo dentro do carrinho.
Então a Rainha deu a ordem para que seu povo começasse a puxar, pois ela temia que se os seus ratos ficassem muito tempo no campo das papoulas, eles acabassem dormindo.
No começo todos acharam que as pequenas criaturas não conseguiriam, mas o Espantalho e o Lenhador ajudaram a empurrar e assim o carrinho andou um pouco melhor. Logo eles conseguiram tirar o Leão do campo das papoulas e o colocaram na grama onde ele podia respirar um pouco de ar fresco novamente ao invés do aroma venenoso das flores.
Doroti foi ao encontro deles e agradeceu alegremente aos ratinhos, por terem salvos o seu amigo. Ela gostava tanto do Leão que estava muito feliz por vê-lo a salvo.
Em seguida, os ratinhos foram desamarrados do carrinho e cada um foi para sua casa. A Rainha dos Ratos do Campo foi a última a sair.
"Se você precisar de nós novamente..." Ela disse. "Venham até o campo e grite por nós que ouviremos e viremos em sua ajuda. Adeus."
"Adeus." Eles responderam enquanto a Rainha se afastava rapidamente, pois Totó tentava escapar para persegui-la.
Após isso eles se sentaram ao lado do Leão até ele acordar. O Espantalho trouxe algumas frutas para Doroti que ele colheu de uma árvore ali próximo e a garota comeu como se fosse o seu jantar.
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O Maravilhoso Mágico de Oz
FantasyUm clássico literário escrito por L. Frank Baum e ilustrado por W. .W Denslow. Aqui, trago uma tradução de minha própria autoria. Espero que gostem. Toda a tradução feita aqui é de total responsabilidade e autoria de Pedro F. G. Barros