Hanna parou no meio de seu quarto modesto, que só continha o estritamente necessário: uma cama estreita, de aspecto desconfortável, um lampião, um conjunto de jarro de água e bacia para se lavar, com uma pequena toalha ao lado. Resmungando, atirou-se na cama. Seu candidato a marido perfeito acabara provando ser tão exigente quanto seu pai. E pior, Cale Elliot era um patife inescrupuloso. Ele queria uma noite de núpcias e seis mil dólares, não era? Hanna fervilhava de raiva por dentro diante do fato de que um homem a manipulara novamente. Era a história de sua vida.
Se pensasse bem, supunha que não deveria estar surpresa com a contraproposta de Cale. Esperar que qualquer homem concordasse de bom grado com um casamento sem a noite que se seguia tradicionalmente era pedir um pouco demais. Quanto aos mil dólares adicionais, Hanna teria mais do que uma compensação quando o dinheiro de sua herança sob curadoria lhe fosse liberado. Aquela não era realmente a questão ali.
Passar a noite com Cale Elliot era impensável. A mera perspectiva de se ver diante do desconhecido fazia com que grande inquietação a percorresse.
Embora Cale Elliot fosse rude como ninguém e ambos não tivessem nada em comum, havia algo naqueles intensos olhos negros e rosto bronzeado que a fascinava. Não o bastante, era evidente, para concordar em ir para a cama com o homem... a menos que todas as outras possibilidades de obter sua ajuda estivessem esgotadas. Para ela, a intimidade era apenas mais um meio de um homem controlar e dominar uma mulher. De acordo com suas amigas casadas, o desejo era mais prazeroso para o homem e era o dever de uma mulher tolerar os apetites físicos de seu marido. Parecia algo terrivelmente injusto, mas as coisas eram daquele modo. Era como funcionava o casamento.
Ela tirou os grampos dos cabelos e soltou-os, recordando a imagem de Cale enquanto tornava a se deitar na cama para descansar. Apesar de tê-la irritado, houvera uma nobreza selvagem nele, uma aura de poder e dinamismo que ela invejara. Embora Cale pudesse ter sido marido dos mais inadequados se tivesse sido o caso de ambos precisarem frequentar a alta sociedade juntos, inegavelmente havia algo no homem que a atraía. Não tinha uma explicação ou definição para sua reação a ele. E o fato de que houvera uma reação desconcertava-a.
Com certeza, não podia estar se sentindo atraída por Cale Elliot. Parecia rústico demais para o seu gosto. Sem mencionar que não demonstrara nenhuma inclinação à ternura e à gentileza quando a puxara para si, apontando-lhe uma arma e, depois, revistara-a tão impessoalmente quanto teria feito com um criminoso. A questão era: até que ponto estava determinada a se casar para obter sua liberdade havia tanto almejada? Estava determinada o bastante para sacrificar sua inocência, entregando-a de bandeja a um completo estranho?
O pensamento a fez estremecer.
Chegara até ali. Abrira mão de tudo que lhe era familiar e confortável, mas não voltaria para o lar de seu pai para se casar com Louis Beauchamp.
Hanna adormeceu, sabendo que aceitaria as condições de Cale Elliot, por mais odioso que sujeitar-se aos prazeres lascivos dele fosse, sem sombra de dúvida. Seria apenas uma noite, consolou a si mesma. Poderia suportar aquele tipo de tortura física por uma noite, não poderia? Afinal, nada do que valia a pena se obtinha sem um preço, não era? Aquele seria o preço que teria de pagar para estar no comando de sua vida. Sua liberdade e independência valiam o sacrifício.
— Você encontrou aquela minha filha ingrata?
Walter Malloy olhou, expectante, para o detetive recém-chegado que incumbira de localizar Hanna. Ainda mal podia crer no que acontecera. Quando achou que, finalmente, conseguira domar a filha voluntariosa e convencê-la a casar-se com o pretendente perfeito que lhe escolhera, ela simplesmente fugira da igreja, fazendo-o passar por terrível humilhação e constrangimento.
Acabando de fechar a porta do elegante escritório da mansão do magnata atrás de si, o detetive Rutherford J. Wiley encontrou-lhe o olhar ansioso com hesitação.
— Não, senhor. Lamento, mas não. A srta. Hanna parece ter desaparecido em pleno ar. Verifiquei na estação de trem, no porto e no cais do rio, mas o nome dela não apareceu em nenhuma das listas dos passageiros.
— Ora, é claro que não, seu incompetente! — esbravejou Walter. — Você acha que ela fugiria usando o nome verdadeiro para deixar pistas fáceis?
O detetive encolheu-se enquanto a voz estrondosa do magnata reverberava pelas paredes.
— É claro que não, senhor.
— Vá enviar um telegrama à Agência Pinkerton imediatamente — ordenou Walter. — Dê aos detetives a descrição da minha filha. Instrua-os a darem seu preço, e eu dobrarei a quantia. Quero cada detetive disponível neste caso e quero agora!
— Sim, senhor. Imediatamente, senhor. — Rutherford girou nos calcanhares, retirando-se sem demora.
— Com mil diabos! — resmungou Walter, andando inquietamente de um lado ao outro do escritório.
Perdera seu único filho, o menino que teria se tornado o herdeiro da vasta fortuna que ele e a esposa, Clarissa, haviam construído. Sua esposa também se fora e ele se sentia consumido por tamanha dor que havia vezes em que jurava que o trabalho constante era tudo o que o impedia de enlouquecer. Restara-lhe uma filha cuja aparência o fazia lembrar tanto de sua amada Clarissa que olhar por tempo demais para Hanna era algo que dilacerava seu coração.
Agora, até mesmo Hanna o abandonara, e Walter ainda tinha de lidar com um ultrajado Louis Beauchamp, ameaçando todos os tipos de retaliação, incluindo o cancelamento da potencial aliança nos negócios, se Hanna não voltasse para fazer um pedido de desculpas público e levar adiante o casamento.
Walter atirou-se em sua cadeira com um profundo suspiro. Quando pusesse as mãos em Hanna, jurava que não a perderia de vista por um segundo até que estivesse casada com Louis. Então, ela seria problema de Louis, e ele abriria mão de bom grado de sua responsabilidade.
Outros homens tinham filhas obedientes que honravam e respeitavam a vontade de seus pais. Por que ele estava atrelado a uma garota rebelde e desobediente a quem fora ensinado qual era seu lugar, mas que se recusava a permanecer nele?
Cale esperou até ouvir a porta em frente a sua no corredor abrindo-se e fechando-se para saber o momento de deixar sua suíte. Quando teve certeza de que Sarah, ou qualquer que fosse seu nome verdadeiro, chegara até a escada, abriu sua porta e saiu para o corredor. Não tinha intenção de manchar a reputação da mulher, caso não chegassem a um acordo. Se a tivesse acompanhado ao andar de baixo teria dado certamente margem a falatórios desnecessários. Era bastante conhecido na cidade, e a mulher era tão incrivelmente bonita que, sem dúvida, já atraía atenção e especulação o bastante sem ligar seu nome ao dele.
Cale parou no alto da escada e observou Sarah descendo até a recepção. Como previsto, tornou-se de imediato o centro de muita atenção masculina. Um grupo de homens apinhou a porta de entrada e entrou no vestíbulo para banquetear os olhos lascivos com tão encantadora visão. Ele cerrou os dentes, surpreso pelo súbito ímpeto possessivo que o dominou.
Uma mulher linda como aquela era decididamente sinal de problemas, pensou, enquanto descia as escadas, depois de tê-la visto entrando no restaurante. Estaria enfrentando muitos se levasse adiante o engenhoso plano que estivera tomando forma em sua mente quando despertara de sua soneca.
Não havia nada que quisesse mais além de prender Otis Pryor, acabar com a operação ilegal do patife e obter vingança pessoal. A solução perfeita para se infiltrar no forte de Pryor na cidade de Cromwell, no Texas, atingira-o feito um raio surgido do nada. Era um disfarce brilhante... se conseguisse convencer Sarah a participar da ação. Na esperança de obter a cooperação dela, havia pensado num tentador incentivo enquanto se vestira para o jantar.
Seus pensamentos se dispersaram quando entrou no restaurante movimentado, onde Sarah já se sentara a uma mesa, esperando sua chegada. Outra sensação desconhecida dominou-o enquanto se aproximou. Apesar de todos os olhares masculinos fixos nela, a mulher olhava diretamente para ele, como se fosse o indivíduo mais importante ali.
Ele sentou-se à mesa diante dela e cumprimentou-a com um gesto de cabeça quando a viu forçando um sorriso. Podia perceber que estava apreensiva depois do desfecho inesperado da conversa de ambos naquela tarde. A julgar pela expressão em seus olhos e a maneira como comprimia os lábios cheios, ela chegara a uma decisão. Ele duvidava que a mulher estivesse se sentindo à vontade com seus termos, mas estava determinada a aceitá-los em troca de seu nome na certidão de casamento.
— Tomei a liberdade de pedir um filé para você. Com os meus cumprimentos — anunciou ela, tendo êxito na tentativa de manter a compostura.
— Não, com os meus — discordou Cale, enquanto se inclinou para apoiar os cotovelos na mesa e a fitou diretamente nos olhos. — Isto é, se você decidiu aceitar os meus termos.
Ela ficou tensa e respirou fundo. Após um momento, baixou o olhar para a mesa, mexendo distraidamente nos talheres.
— Sim, eu concordarei com os seus termos, senhor.
Uma onda de alívio tomou conta de Cale. Se a mulher estava assim tão determinada a se certificar de que o casamento fosse realizado, mesmo que significasse sacrificar algo tão pessoal e insubstituível quanto sua inocência, então ele teve certeza de que a convenceria a aceitar seus novos termos.
— As regras mudaram ligeiramente desde que nos falamos — anunciou.
Ela ergueu o queixo e estreitou os olhos com ar cauteloso.
— Não posso imaginar que outros sacrifícios pessoais espera que eu faça, além daquele com o qual já concordei, senhor — retrucou por entre os dentes. — Não vejo o que possa ser mais pessoal do que isso!
Havia firmeza, obstinação e um indício de raiva por trás das palavras, notou Cale. Gostava daquilo. Mulheres sem fibra entediavam-no ao extremo. A jovem dama podia até ser um pouco pressionada, mas recusava-se a se deixar manipular.
— Em primeiro lugar, srta. Magnólia, eu lhe disse para deixar de lado essa tolice de "senhor". Em segundo, pode ficar com o seu dinheiro e esquecer a noite de núpcias.
Ela o encarou, boquiaberta, as sobrancelhas arqueadas com ar inquiridor.
— Devo entender, então, que você não vai se casar comigo?
A voz dela elevou-se, atraindo a atenção dos outros fregueses no restaurante. Todos os pares de olhos pousaram em ambos instantaneamente. Cale praguejou por entre os dentes quando o restaurante ficou em completo silêncio. E ele que tivera tanta preocupação em levantar o mínimo de rumores e especulações possível.
Passando o braço pelo encosto da cadeira, virou-se para se dirigir à multidão atenta.
— Minha noiva — anunciou, fazendo um gesto na direção de sua acompanhante de rosto afogueado. Várias exclamações de aturdimento romperam o silêncio. — Alguém aqui tem algum problema em relação a isso?
Dezenas de olhares curiosos pousaram em Sarah.
— Vá em frente — falou-lhe Cale. — Diga-lhes, srta. Magnólia. Então, talvez todos possamos prosseguir com o jantar.
O rosto dela ficara escarlate, mas ele teve de lhe conceder sua admiração quando a viu erguendo a cabeça com orgulho e lançando em torno da sala um sorriso bastante radiante... e igualmente convincente.
— É verdade que o sr. Elliot e eu planejamos nos casar muito em breve.
Mais silêncio absoluto. Cale sabia o que aqueles observadores pensavam... a mesma coisa que lhe ocorrera quando ela lhe propusera casamento. Por que uma dama de classe e refinamento tão óbvios iria querer se unir a um pistoleiro mestiço insociável quando poderia escolher à vontade entre muitos pretendentes da nata da sociedade?
Para sua surpresa, Sarah defendeu-o quando a multidão de fregueses curiosos olhou, desgostosa, para ele.
— Cale Elliot é meu par perfeito — declarou com absoluta certeza. — Estou honrada e orgulhosa em me tornar sua esposa. Na verdade, não há outro homem na face da terra que me seria mais adequado.
Cale recostou-se pesadamente na cadeira, tão estupefato quanto o restante daquelas pessoas de olhos arregalados. A mulher não precisava ir tão longe. Por que o fizera?
De repente, as pessoas o encaravam, como se estivessem tentando decifrar que qualidades escondidas a beldade loira via nele que elas obviamente tinham deixado de notar. Cale sentiu-se pouco à vontade de repente em ser o centro de tal deliberada atenção.
Hanna sorriu, divertida, quando o grande e bronzeado caçador de recompensas mexeu-se em evidente desconforto em sua cadeira. Seus elogios haviam-no inquietado. Ao que parecia, não estava acostumado àquilo.
Embora não fizesse idéia de que novos termos o homem decidira colocar no acordo de ambos, ele subira muito em seu conceito no momento em que anunciara que não a forçaria a uma noite de núpcias e que não haveria troca de dinheiro tampouco. Não importando o que Cale pedisse, ela concordaria, decidiu instantaneamente. Bem, exceto atirar em alguém por ele, ou algo semelhante.
— Agora que já anunciamos nosso noivado a quem quisesse ouvir, quais são essas novas estipulações? — perguntou-lhe. — Eu...
A voz dela desvaneceu-se quando a roliça garçonete colocou dois pratos de filés, pão fresco, feijão e batatas fritas na mesa. Hanna lançou um olhar a Cale, ansiosa por sua resposta.
Ele inclinou-se para frente, uma expressão séria no rosto barbudo.
— Quero que você finja ser minha apaixonada esposa durante um mês.
Hanna franziu o cenho com ar duvidoso. Talvez tivesse se precipitado em elogiá-lo diante da multidão. Acabara de concordar em trocar uma noite de indesejável intimidade conjugai por um mês inteiro daquilo?
— Não entendo o que está querendo dizer.
— Ouça, srta. Magnólia...
— Meu nome é Sarah Rawlins — corrigiu-o ela, tensa.
— Não, não sou tão ignorante quanto pareço. E até que confie em mim o bastante para revelar seu nome verdadeiro, será srta. Magnólia e, portanto, é melhor você ir se acostumando assim.
— Muito bem, sr. Elliot. — Para não parecer apreensiva demais, ela pegou os talheres e começou a cortar o grosso filé enquanto acrescentava: — E quanto a esses novos termos?
— O acordo é o seguinte — começou Cale, olhando ao redor para se certificar de que ninguém o estava ouvindo. — Preciso de um disfarce para apanhar o assassino do meu meio-irmão. Descobri recentemente que Otis Pryor estabeleceu um forte no Texas e comprou as autoridades locais. Se eu chegar lá como um agente do governo, provavelmente terei os miolos estourados antes de poder apresentar um mandado de prisão a Pryor e seu exército de rufiões.
Pelos céus! O homem queria que ela atirasse em alguém para ele. Hanna encarou-o em aturdimento, o garfo posicionado a centímetros da boca aberta.
—Você quer que eu o mate quando ele menos esperar?
Cale disfarçou uma gargalhada atrás de uma tosse. Assim mesmo, atraiu considerável atenção.
— Diabo, não. Planejo me estabelecer na cidade como um comerciante. Acho que, com meu conhecimento sobre armas, posso me fazer passar por um armeiro, mudar minha aparência e aprimorar um pouco meus modos para que Pryor não fique desconfiado da minha chegada na cidade. É onde você entra. — Cale fez uma pausa para provar um pedacinho do suculento filé.
— Prossiga — encorajou-o ela. — Qual seria o meu papel nesse esquema?
— Você viaja comigo através do território indígena com o carregamento de armas para estocar a loja. Durante nossa jornada, eu lhe ensinarei as habilidades que precisará desenvolver para sobreviver no Oeste.
Hanna sorriu, concordando.
— Não vejo problema nisso. Estou ciente de que tenho muito a aprender se quero me tornar tão auto-suficiente e capaz quanto você.
— Em troca do meu conhecimento, quero o seu.
Ela franziu o cenho, intrigada.
— Não tenho conhecimento algum. Céus, nunca tive permissão para explorar meus talentos em potencial.
Cale abriu um sorriso, e Hanna sentiu uma peculiar aceleração em seu pulso. O homem era quase atraente quando sorria, mesmo com toda aquela barba escondendo-lhe os traços.
— Você tem mais habilidades do que pode imaginar. Possui o traquejo social e o refinamento que me faltam. E eu preciso aprender a me adequar à sociedade.
A maneira como ele disse aquilo tocou o coração de Hanna. Ela, graças a sua riqueza e ao prestígio do nome de sua família, fora automaticamente aceita. Mas as origens de Cale e sua ocupação tornavam-no um pária. Não era justo, mas ela aprendera havia muito que a vida não era necessariamente justa.
— Eu a ensinarei a ser capaz de sobreviver em ambiente hostil se você me ensinar a ser um cavalheiro — prosseguiu ele. — Além disso, serei seu guarda-costas pessoal durante a jornada pela região mais selvagem que já terá visto. — Fitou-a com expressão grave. — Não mentirei para você, srta. Magnólia. A viagem pelo território indígena não será nada fácil. Estaremos atravessando terreno bravio. Encontraremos ursos, leões da montanha e cobras venenosas... as piores delas sendo da variedade de duas pernas. Acamparemos a céu aberto na maior parte das noites, sujeitos a tempo inclemente e possíveis ataques. Mas tem minha palavra de que eu a protegerei com minha vida, se concordar com essa encenação.
Hanna engoliu em seco, parecendo inquieta. Ele não estava descrevendo um panorama nada agradável ali. Talvez ela tivesse se precipitado quando decidira rumar para oeste em busca de sua independência. Talvez devesse ter se misturado às multidões da Filadélfia, de Boston, ou de Nova York.
Ainda assim, aquele homem alegava que a protegeria com sua vida, se necessário. Ela jamais tivera aquele tipo de proteção, lealdade e devoção. Onde nascera, sua aparência, riqueza e posição social tinham atraído promessas vazias feitas depressa e, então, esquecidas com a mesma rapidez diante do surgimento de um alvo mais fácil e uma melhor oportunidade.
Seu respeito por Cale aumentou mais um pouco. Tinha a sensação instintiva de que finalmente conhecera um homem no qual podia confiar, que não a trairia, nem a desapontaria. Ambos se beneficiariam com aquele trato. Ela teria um acompanhante pessoal, um mentor e um guarda-costas para levá-la até o Texas. Ele aprenderia a adquirir traquejo social com ela e contaria com sua ajuda como esposa, enquanto investigasse a morte do irmão. Embora não tivesse contado os detalhes envolvendo a morte do irmão, era evidente que se tratava de algo de importância crucial para ele... tão importante quanto a necessidade dela de liberdade.
Cale queria se certificar de que justiça fosse feita. Hanna não o culpava. Sabia quanto era doloroso ficar sem um ente amado, tendo perdido a mãe e o irmão... as únicas pessoas no mundo que a tinham realmente amado. Tendo enfrentado o terrível sofrimento da perda pessoal, jurara a si mesma nunca deixar ninguém se aproximar o bastante para sujeitá-la ao risco daquele tipo de dor angustiante outra vez.
No caso de Cale, a situação devia ser cem vezes pior, sabendo que o assassino do irmão estava à solta, espreitando outras vítimas inocentes.
Ele observou-a com ar sério, intenso.
— Além de tudo, concordo em liberar você do nosso trato no minuto em que eu prender Otis Pryor. Estará livre para seguir seu caminho. Não preciso do seu dinheiro porque acumulei as minhas próprias economias no banco local.
— Minha oferta continua valendo — persistiu ela. — Se pretende comprar estoque para sua loja e alugar espaço, talvez precise dos fundos adicionais. Ambos precisaremos de um guarda-roupa adequado para desempenhar essa farsa. Trouxe apenas umas poucas mudas de roupa em minhas valises.
Ele meneou a cabeça, pensativo.
— Tem razão, srta. Magnólia. Eu não havia levado em conta esses detalhes. E então... temos um trato, ou não?
Hanna estudou o homem forte e confiante sentado a sua frente. Teria de esperar mais um mês ou dois para desfrutar sua liberdade, mas aquilo abrandava o peso em sua consciência. Aquela união temporária seria mutuamente benéfica, e ela não tivera de recorrer aos métodos manipuladores do pai para conseguir o que queria.
Ainda não tinha absoluta certeza quanto ao que Cale quisera dizer com representar a "esposa apaixonada", mas ouvira as amigas sussurrarem que fingir dores de cabeça, vários tipos de indisposições e circunstâncias mensais femininas funcionava eficazmente para manter maridos ardorosos a uma distância segura. Com certeza, Cale não iria querer aborrecê-la forçando-a a uma intimidade indesejável, uma vez que precisava desesperadamente de sua cooperação naquele plano para vingar a morte do irmão.
Ora, poderia parar com toda a farsa a qualquer momento, deu-se conta. Então, como ele ficaria? Pela primeira vez, ela tinha o poder para controlar a situação. O homem precisava de sua ajuda, compreendeu com uma sensação pouco familiar de orgulho e gratificação. Fora usada antes, muitas vezes. Os homens a encaravam apenas como um meio de obter riqueza, como um troféu de prestígio para terem a seu lado. Nunca ninguém tinha precisado realmente dela para um propósito mais elevado.
Ora, aquilo era um progresso, não era? Aquele homem da lei auto-suficiente e altamente habilidoso precisava dela, tanto quanto ela precisava dele.
— Muito bem — declarou, decidida. — Temos um trato. Quanto antes nos casarmos, melhor.Todo dia 2 a 3 capítulo hora 23...horas
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Caçador Do Amor( Concluido)
FanfictionHanna Malloy estava desesperada para ir para o Oeste... E Cale Elliot era a escolha perfeita para lançá-la numa vida de aventura. Agora, marido e mulher, o lendário caçador de recompensas a desafiava diariamente a tentar coisas novas. Mas seria sens...