CAPÍTULO XIV

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Cale ficou surpreso com a rapidez e o interesse com que Hanna assimilou conhecimento sobre as várias armas que ele comprara para estocar a loja. Ela insistia em conhecer as vantagens, desvantagens e propósitos de cada variedade de espingarda, rifle e revólver a fim de poder transmitir as informações a clientes em potencial.


Os homens que visitavam a loja relutavam em permitir que Hanna os atendesse. Bastavam, porém, poucos minutos para que percebessem que ela se tornara uma especialista em armas. As crescentes habilidades da esposa deixavam mais tempo livre a Cale para fazer perguntas discretas pela cidade sobre a chegada inicial de Otis Pryor. Em princípio, os moradores da cidade mostraram-se relutantes em divulgar informações. Era óbvio que temiam por suas vidas e negócios.


Arliss Fenton, o agente do telégrafo, era mais corajoso do que a maioria. Irritava-o o fato de os telegramas particulares serem examinados pelo xerife Vickers e por Otis Pryor. Sugeriu até uma reunião ao anoitecer para que pudesse falar livremente sobre os acontecimentos em Cromwell.


Enquanto Hanna registrava as informações que Cale lhe passara em seu diário, ele saiu para ir ao encontro de Arliss perto do rio. O jovem homem ruivo confirmou a chegada de Otis à cidade cinco anos antes, juntamente com quatro patifes... incluindo Sam Vickers... que exigiram que os proprietários de estabelecimentos pagassem taxas mensais por proteção contra criminosos... no caso, eles próprios.


De acordo com Arliss, vários fundadores da cidade tinham protestado com veemência contra as táticas violentas... e, então, tinham desaparecido misteriosamente. Os homens de Otis haviam assumido o controle dos estabelecimentos vagos e, no decorrer de um ano, ele supostamente comprara a próspera fazenda, preenchendo-a com várias centenas de cabeças de gado e cavalos. O antigo proprietário e a esposa, alegara Otis, tinham decidido se mudar para o oeste para estarem perto do filho casado e dos netos.


Cale não acreditou naquilo nem por um instante. E nem Arliss acreditava, obviamente. Os antigos proprietários da fazenda tinham provavelmente sido mortos, da mesma maneira que o irmão de Cale e a cunhada. O que Otis Pryor queria simplesmente tomava à força. Cercara-se do exército maléfico necessário para se certificar de conseguir as coisas a seu modo.


- Caso não tenha notado - disse Arliss num tom manso -, o xerife tem estado de olho em vocês. Ele tem ido ao meu escritório duas vezes por dia para ver se sua esposa enviou outros telegramas.


Cale conteve um suspiro. Receara que as mensagens de Hanna tivessem chamado a atenção das pessoas erradas. O que menos precisava era que Otis estivesse alerta a possíveis problemas.


- Agradeço sua ajuda, Arliss. É sempre melhor conhecer seus inimigos em potencial para se poder estar preparado para problemas.


O rapaz franziu o cenho.


- Meu pai era o dono do estabelecimento que você alugou. Ele tentou prestar queixas legais contra Otis. - Houve uma longa pausa antes que acrescentasse: - Isso foi há quase três anos e meu pai nunca mais foi visto desde então. Minha mãe ainda não superou seu sofrimento e dor. Não sei se você planeja fazer algo contra aquele malfeitor diabólico e sua corja, mas farei o que for necessário para ajudar.


Arliss fitou-o diretamente nos olhos.


- E, a propósito, se você não for nada além de um dono de loja, eu comerei meu chapéu... inteiro.


Cale soltou um riso enquanto observou seu recém-encontrado aliado.


- Talvez eu seja apenas um cidadão preocupado que quer ver a paz assegurada nesta cidade onde resolveu se estabelecer.


- Um cidadão preocupado que está ensinando sua adorável esposa a atirar?


O sorriso de Cale morreu-lhe nos lábios.

Caçador Do Amor( Concluido)Onde histórias criam vida. Descubra agora