O trânsito naquela noite estava tranquilo o que era novidade para aquela hora quando muita gente estava saindo do trabalho. Além de poucos carros nas vias, também haviam poucas pessoas nas calçadas e as que ainda estavam ali corriam apressadas não querendo ser pegas pelas gotas frias que começavam a cair. Isso possibilitava com que SeungCheol continuasse seguindo de forma lenta pelas ruas.
Uma buzina o alertou que o motorista do carro de trás queria chegar logo em seu destino, mas nem por isso o Choi fez algo para facilitar a vida da pessoa, que ultrapassou abrindo o vidro e gritando vários palavrões seguidos de gestos, o que não foi o suficiente para que ele tivesse a atenção do outro no interior do carro.
Logo à frente o semáforo ficou vermelho e o resmungão teve que pisar no freio para não invadir a faixa de pedestres. A parada brusca provocou um barulho alto do pneu raspando no asfalto e isso sim mexeu com a mente de SeungCheol que olhou para a parte de trás do carro.
Não pode evitar que sua mente vagasse para alguns meses atrás, para o garoto de cabelos longos ferido encolhido na parte escura do assoalho entre o banco da frente e os de trás do veículo, oculto de qualquer olhar externo de quem pudesse o estar procurando. Mas não podia fugir dos olhos do dono do carro, assim como não podia naquele momento. Só que dessa vez seu silencioso passageiro não estava ferido e nem tinha os cabelos longos e escuros, apesar de ainda ser a mesma pessoa e ainda se manter em silêncio, não parecia prestes a desmaiar como da outra vez.
Tirou o carro das vias principais e passou a rodar por algumas praticamente desertas. Lá fora as gotas finas e espaçadas estava dando lugar a pingos grossos que batiam no vidro fazendo um barulho alto. Por mais que SeungCheol quisesse que ele começasse a falar por si só não conseguiu aguentar tanto silêncio, este que já durava semanas na verdade, nem tantos segredos estes com meses.
-Vai continuar calado até quando? – perguntou sem tirar os olhos da rua – Ao menos temos um destino? Pra onde estamos indo exatamente? – não houve resposta e o que dirigia olhou brevemente para trás, vendo o outro encolhido no escuro – Por que está aqui depois de tudo Doggie?
Alguns minutos antes, depois de quase ter feito SeungCheol o atropelar, o mais novo apenas deu a volta no carro e entrou na parte de trás deste se sentando encolhido como ainda estava entre os bancos da frente e de trás. A única coisa que disse desde então foi uma curta frase pra que andassem pela cidade sem parar e era o que estavam fazendo desde então.
-JeongHan. – ouviu a voz meio abafada dele por estar deitado sobre os braços.
-O que? – olhou rapidamente para ele, voltando logo a rua para não provocar um acidente apesar de não ter muito movimento.
-Meu nome. – a voz não parecia muito a fim de falar, mas ainda assim se forçava – O de verdade... É JeongHan. Yoon JeongHan.
O pé de SeungCheol pisou fundo no freio fazendo o carro parar imediatamente pela segunda vez naquela noite e ouviu o outro reclamando e soltando algumas pragas por ter batido a cabeça com isso. Se virou para ele com certa fúria, estava cansado de deixar que ele brincasse com sua vida.
-Por que isso agora? – apertou os olhos o encarando – Depois de tantos sumiços e segredos. Sempre disse que seu nome não era importante. O que mudou?
Os olhos foram para o motorista e os lábios foram apertados até formarem uma linha fina.
-Eu. – respondeu enfim de forma simples – Eu mudei. E também por que... Eu não queria me tornar importante pra você. Quando se sabe um nome se ganha importância.
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Doggie
Hayran KurguSeungCheol não sabe o que era diversão há muito tempo, está sempre preso pelas responsabilidades em uma vida parada demais para alguém de sua idade. Pelo menos até encontrar um "animalzinho" ferido na rua e resolver, no impulso, levar pra casa. O pr...