Vendido!

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               Os lábios de SeungCheol pareciam secos demais e a garganta arranhava ao tentar engolir. Passou a língua por eles e continuou encarando a gaiola dourada. Ajeitou os óculos que não tinha podido usar e por isso estavam no bolso do casaco que usava e deu um pequeno passo para frente a fim de ter uma visão melhor do palco iluminado por um único holofote.

               Até aquele momento o leilão tinha funcionado como qualquer outro clandestino por aí cheio de peças de valores inestimáveis não por seu preço, mas pelo seu valor histórico e o fato de estar sendo retirando de onde pertenciam por direito. Sempre ouviu falar do mercado negro de antiguidades, só nunca pensou que aquele tipo de coisa que lhe parecia tão cruel com a história estivesse acontecendo bem debaixo do nariz de muitos. Mas nem toda a antiguidade do mundo o preparou para o último item a ser vendido. Não acreditava que Wen JunHui pudesse ser baixo àquele ponto e o odiou ainda mais por isso.

               Aquela gaiola que estava no palco era menor, mas ainda era dourada e cheia de enfeites, dentro dela com olhar aterrorizado estava JeongHan usando uma camisa e o que parecia um short ou uma cueca, não soube bem dizer. Uma espécie de colar, que mais parecia uma coleira dourada, estava no pescoço fino se destacando na pele clara, os cabelos caindo em pequenas ondas nos olhos. Estava sentado no fundo da gaiola que não suportava seu tamanho de pé. As penas nuas pela barra da camisa estavam meio encolhidas para que coubessem ali e foi ali que viu correntes da mesma cor da gaiola saírem de seus tornozelos assim como de seus pulsos. A constatação do que acontecia ali fez o sangue de SeungCheol gelar nas veias e o pânico o tomar. Não conseguia mais manter a calma que precisava ter e mexeu nervosamente na gola da camisa tentando respirar da forma correta.

              -Eu sempre tive muito prestígio por meu amado anjinho. – JunHui começou olhando na direção de JeongHan com um sorriso e ganhando rosnado de ódio dele em troca, só então SeungCheol percebeu que havia uma fita praticamente da cor da pele cobrindo os lábios do garoto – Apesar de todo o meu amor ele parece me odiar cada dia mais e então resolvi que hoje um de vocês o terão. – ouve um murmúrio entre os presentes e JunHui pareceu mais empolgado – Isso mesmo, hoje um de vocês, damas e cavalheiros de sorte, poderão levar meu belo Angel para casa. Muitos de vocês já haviam me pedido por isso e como tolo que sou segui resistindo, admito que tinha esperanças que ele me amasse. Mas parece que algo tão puro não pode amar alguém como eu e resolvi tentar com vocês. Quem sabe entre todos tenha aquele que realmente consiga o coração desse ser perfeito. – ao dizer isso os olhos dele pousaram em SeungCheol – Sem mais delongas vamos começar. – várias pessoas deram um passo à frente provavelmente as mais interessadas e o coração de SeungCheol se apertou um pouco mais – As regras são as de sempre para os outros produtos. Espero que suas carteiras estejam bem, senhores.

               Sentiu uma gota de suor escorrer por entre seus cabelos, passar pela testa e pingar no chão a sua frente o medo de não conseguir o consumia. E se não conseguisse dar o lance certo e outra pessoa acabasse levando JeongHan? E se as coisas não saíssem como planejava? Estaria tão perdido. Até por que em seus planos não haviam pessoas usando máscaras e participando de um leilão onde vendiam humanos.

               Com um sorriso de JunHui a primeira pessoa deu seu valor, que não era nem a metade do que JeongHan valia com certeza, afinal uma vida humana não tinha valor, mas ainda assim era um valor que muitos nem conseguiriam pronunciar. Uma mulher com unhas pintadas de vermelho se apressou em erguer a mão olhando com olhos de águia apontados para JeongHan.

               Os olhos do garoto passou pelas pessoas e então encontraram SeungCheol. Os movimentos de seus braços se tornaram mais desesperados enquanto tentava se soltar das algemas que o prendia a grade, como antes o mais velho quis só ir lá e o tirar daquele lugar, mas como sempre fez continuou em seu lugar. Esperando. Foi o que fez antes e parecia a melhor escolha agora também, por mais que suas emoções pedissem o contrário. Os lances vinham aos montes. A quantia subindo enquanto os olhos de JeongHan continuavam colados aos de SeungCheol em um pedido mudo e desesperado de ajuda. Foi quando a quantia se tornou exorbitante que o brilho nos olhos de JeongHan se tornou lágrimas que escorriam por seus olhos. O barulho que escapava de sua garganta indicava que pedia ajuda e estaria gritando a plenos pulmões se não fosse a fita que cobria sua boca.

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