Galão

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Jennie estava tão feliz, tão radiante. Havia passado pelo seu florista favorito e comprado suas flores favoritas para colocar no balcão do seu estabelecimento favorito. A cafetaria estava enchendo de novo, o café havia sido aperfeiçoado por Lisa e tudo estava correndo às mil maravilhas. 

— Bom dia! — Jennie entrou no pequeno estabelecimento, saltitando como uma criança que se dirigia a uma loja de doces. —Já aqui, Lisa? — Ela riu, chegando em frente ao balcão, onde estava a de cabelos negros. — Está se esforçando hein?

— Hmhm – Lisa murmurou secamente, sem tirar os olhos do pano que usava para limpar o balcão.

— Eu passei pelo florista e...

— Eu notei.

Jennie arqueou a sobrancelha, desfazendo por momentos o seu sorriso. Pousou as flores no balcão e se dirigiu para trás do corpo alto da tailandesa, colocando as mãos em volta da sua cintura e a abraçando delicadamente.

— O que foi? — A pequena perguntou, inalando o cheiro forte da colonia da maior, que impregnava a sua camisa branca.

Lisa deu um longo suspiro. Aquilo não lhe parecia certo. Nada do que estava acontecendo ali lhe parecia certo. Pegou nas mãozinhas da pequena e as desprendeu da sua cintura.

— Ainda está pensando no Heechul? — O corpo de Jennie se afastou, como se estivesse afastando da resposta que iria ouvir, resposta essa que ela sabia que não seria boa.

— Sim.

Jennie deixou sua expressão cair, como se os todos os cantinhos do seu rosto tivessem um íman ao chão. Então, uma rajada negativa – provavelmente soprada por Kim Jisoo – estremeceu o corpo positivo da pequena. Por momentos, ela ficou irracional e a única que passava pela sua cabecinha era que todos os motivos que Jisoo arranjava para nomear Lisa como uma filha da puta estavam corretas.

Jennie não era, de toda, uma pessoa que se deixasse impregnar por ondas negativas. Mas ela não podia evitar sentir insegurança por parte daquela mulher, que tanto era seu porto seguro, como um mar de confusões. Lisa apreciava a simplicidade, mas ela era tudo menos simples.

— Tem a certeza que é por causa dele, ou é por que você quer me esconder?

Lisa se voltou para a menor, depositando seu olhar confuso no seu rosto pequeno, que agora mostrava tudo menos positividade. Jennie estava, além de triste, zangada.

 — O quê?

— Sim! Tudo o que nós temos... O que é isto, afinal? Temos uma relação, ou não? – Jennie sentia que tinha explodido tudo o que levava consigo há semanas. Mas cada palavra trazia arrependimento e, junto com ela, medo. Jennie estava aterrorizada com o que acabara de perguntar. Afinal, toda a pergunta tem a sua resposta e era isso que a atormentava.

Lisa sorriu, deixando um sopro incrédulo sair dos seus lábios, como se estivesse ouvindo as maiores barbaridades do mundo.

— O que é pra ti ter uma relação, Jennie?

A pequena colocou uma expressão serena, porém pensativa, no seu rosto. Para ela, ter uma relação significava usar possessivos, chamar de namorada e usar roupinhas a combinar. Era mudar o status do Instagram para "em uma relação" e postar aquelas selfies de casal que todo o mundo dá like mas que no fundo está morrendo de inveja. Já para Lalisa, era tudo menos um título fútil para sair espalhando por aí. 

— Bom, para mim ter uma relação é partilhar momentos juntas, que apenas as duas partilham, um com a outra. É intimidade. É olhares que só podem ser respondidos com sorrisos que só são entendidos por quem os recebe. É mais do que um beijo, é uma demonstração. É mais do que sexo, é a entrega e a cumplicidade. Jennie, você acha que nós não temos tudo isso?

Jennie ouviu atentamente, deixando seu coraçãozinho curar todas as suas dores com aquelas palavras quentes da maior, que a acolheram, confortaram e disseram às suas inseguranças para irem dar uma volta. Os olhinhos brilhavam, o dentinho lascado aparecia, com um sorriso aberto que fazia seus olhos se transformarem em uma linha única, e os dedos fininhos brincavam uns com os outros, como faziam sempre quando a pequena era mimada por Lisa. Ela estava tão feliz, e Lisa não pode evitar sorrir ao ver o jeito tão fácil em como a garota demonstrava os seus sentimentos. Ela teria, sem dúvida, que aprender a sentir daquela forma.

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Coffee Addicted - JenlisaOnde histórias criam vida. Descubra agora