[AVISO] Os acontecimentos em itálico são memórias de Lisa.
Lisa tinha seus sentidos embaçados. Seus ouvidos escutavam um ritmo repetitivo e barulhento como se ela a estivesse ouvindo debaixo de água, e a sua visão apenas focava nas luzes violeta e vermelhas da boate rasca. Sua mente estava num transe profundo, o que permitia o seu corpo de se mover desinibido, permitindo até que outros corpos se aproximassem de um modo que Lisa não permitiria se não estivesse absurdamente chapada.
Antes de estar ali, havia chegado a casa chorando, como uma desperada, esquecendo por completa que não vivia sozinha e que Rosé iria aparecer — como fez— perguntando o que se passava.
Então, sendo Rosé, bom, Rosé, a melhor solução que arranjou foi drogar a sua amiga e levá-la a beijar outras bocas e até foder com outros corpos. Era o que ela fazia para resolver os seus próprios problemas, não sabia aconselhar ou dar um ombro amigo, como Lisa costumava fazer com ela.
Agora Lisa bebia qualquer coisa vermelha, que nem mesmo ela sabia o que era e que muito menos lhe estava agradando, pois tinha um sabor absurdamente amargo. Mas ela continuou bebendo mesmo assim. Nada era mais amargo do que o sabor que estava instalado em sua garganta. Nada era mais amargo que suas memórias que, mesmo com a mente embaçada, teimavam em castigá-la.
— O que você quer de Jennie, afinal? – Jisoo lançava um sorriso sinico, como se já estivesse completamente ciente da resposta da outra, que iria agradar os seus ouvidos.
— E por que eu tenho de te dar satisfações? Com licença. – Lisa se preparava para adentrar o prédio, sendo impedida de imediato pela estranha, que colocou o pé no meio da porta.
— Ah, não não, Lalisa. — Ela riu — Eu vim aqui porque tenho umas coisas para ajustar contigo.
— Tudo bem. — A tailandesa voltou seu corpo por completo para a outra, encarando os seus olhos castanhos com ar desafiador. — Fala.
— Eu amo a Jennie.
A bebida parecia não querer passar em sua garganta, ao lembrar do momento que fez seu sangue ferver e cabeça latejar.
— Você não a merece. Eu sempre dei tudo para Jennie, eu sempre a apoiei, inclusive quando VOCÊ era uma babaca pra ela. – Jisoo apontava o dedo para o peito da tailandesa, se aproximando bruscamente a cada acusação.
— Quando eu fui uma babaca pra ela? – Lisa franziu a testa do seu rosto incrédulamente irritada. — Está me acusando sem ao menos me conhecer.
— Não me venha com essa. – Jisoo soltou um riso sínico. — Você não a ama, só é mais uma idiota brincando com os sentimentos puros de Jennie. E para proteger esses sentimentos eu sou capaz de tudo, Manoban, até mesmo de destruir o que vocês teem.
Lisa viu Rosé inalar droga com as duas mulheres com quem ela costumava sair, mais outras qualquer. Ela precisava disso também, ela precisava esquecer e levar a sua mente para bem longe dali, para longe da realidade. Cambaleou até a sua amiga, sendo empurrada por corpos alheios que pareciam nem vê-la passar, enquanto as memórias continuavam passando na sua mente como uma alucinação.
— Espera – Lisa bofeteou a mão que apontava para o seu peito. — Foi você? Você espalhou minha relação com a Jennie?! — Naquele momento ela já estava gritando.
— Qual relação? — A coreana semi-cerrou os olhos, esfregando a mão magoada. — Como pode dizer que tem uma relação com alguém, se nem ao menos fala o que sente pela pessoa?
— Eu não preciso falar isso pra você.
— Não Lisinha, você precisa sim. –Jisoo se aproximou, deixando seus rostos quase colados, olhando a outra nos olhos sem ao menos piscar. — Senão eu vou tirar ela de você.
Lisa inalou toda a cocaína que a sua amiga colocou para si. Fechou forte os seus olhos, sentindo a substância arder na sua cavidade nasal e respirou fundo, tentando fugir daquela alucinação que trazia todas aquelas memórias ao plano real novamente. E ela precisava de fugir antes que as memórias chegassem naquele momento. O momento em que ela falou o que não devia, que falou o que não era verdade e feriou um coração que não merecia. O momento em que disse que não amava Jennie.
Ela precisava que tudo aquilo desaparecesse, mas ao contrário do que queria, a droga estava avivando ainda mais o acontecimento, como se Lisa estivesse novamente na frente do seu prédio, vendo o olhar de Jennie completamente ferida, incrédula e, destroçado. Como se estivesse vendo novamente aqueles lábios rosados tremerem e aqueles lindos olhos felinos que costumavam ser uma linha única, repletos de lágrimas. Tudo estava acontecendo novamente na mente de Lisa. E ela precisava mudar aquilo, precisava voltar atrás.
Agarrou uma pessoa aleatória e a beijou, quase sentindo os lábios de Jennie ali. Sua mente distorcida estava enganando-a e ela no fundo da sua consciência mais sóbria sabia disso. Afinal, como uns lábios aleatórios poderiam se comparar aos de Jennie? Como poderia comparar aquele grande vazio, à sensação inigualável que a fazia sentir-se vivo, como se borboletas dançassem na sua barriga? Mas no momento, aquilo serviu para enganar sua mente drogada, guiada por um coração arrependido e uma alma destroçada.
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Coffee Addicted - Jenlisa
Romansa[CONCLUÍDA] Jennie Kim tinha uma pequena cafeteria que estaria prestes a fechar, por atraso no pagamento do aluguel; Lalisa Manoban era uma mulher rica que amava café. adaptação || obra original por: @JJoonie || capa por @negatuno <3