Lisa levava as malas pesadas da sua amiga escadas abaixo, pois Chaeyoung sempre foi alguém que gostava de deixar os outros fazerem as coisas por ela e Lisa não se incomodava em levar coisas pesadas.
— Tem certeza que não quer que eu fique mais um pouco contigo? – Rosé disse já à porta de casa. — Sério, eu arranjo um jeito de ficar.
— Não, esquila. Você precisa de trabalhar e viver a sua vida, eu fico bem.
Lisa levou todas as malas para a entrada e Rosé pegou na pega de cada uma, já saindo porta fora.
— Me desculpa por te deixar nesse momento tão... Coisada.
— Não se preocupe, eu já estou bem — Mentiu. — não quer que te leve à estação?
Rosé insistiu que não e elas se despediram ali, num longo e apertado abraço, que tanto significava uma despedida, como um ato de conforto por parte de Rosé para com a sua amiga.
— Adeus, esquila. Boa viagem. Me liga sem ser porque precisa de ajuda, viu? — Gritou para o lado de fora, vendo a sua amiga já lá ao longe, acenando risonha para ela. Então, fechou a porta.
Estava sozinha.
Completamente sozinha.
Se jogou no sofá e deu um longo suspiro, pensando em como a sua vida havia se tornado miserável mais uma vez. Agora voltaria a ir a cafetarias diferentes, trocando apenas palavras de boa educação e vendo as mesmas caras que nada lhe diziam a não ser a sua rotina.
Ou talvez não. Talvez fosse hora de partir para outra, um destino novo, pessoas novas.
Foi preciso perder Jennie, para perceber o quanto ela não gostava de estar sozinha. Já se tinha habituado a isso, a não ter ninguém ou ter alguém futilmente. E agora, com Jennie, ela finalmente havia sentido aquele sentimento que tantas pessoas falavam de estar em casa. Agora ela já não queria viajar para todo o lado, sem ter realmente um sítio para chamar de lar. Ela queria ter uma casa, um sítio onde sentisse conforto e a que realmente pertencesse, como nunca tinha sentido, pois não pertencia a lado nenhum. Mas com Jennie, ah... Com Jennie ela percebeu que um lar nem sempre é uma casa e que, às vezes, é o coração de alguém. Perguntava-se se ela ainda vivia no coração de Jennie, porque no dela, a casa de Jennie ocupava o órgão inteiro.
Riu de si mesma, melancolicamente. Era tão óbvio, tão nítido que aquilo era amar. E sempre foi, o seu sentimento pela Jennie nunca fora diferente de como estava sentindo agora. A única diferença é que agora aquele sentimento não a fazia sentir como se as estrelas estivessem sendo colocadas no céu, ao invés disso, fazia-a sentir como se todas as estrelas estivessem explodindo ao mesmo tempo dentro do seu peito. Ardia, queimava.
Sim, ela defenitivamente amava Jennie, mas porque nunca lhe havia dito? Porque havia mentindo a Jisoo? Nem ela mesmo entendia isso, mas todas as vezes em que pensava em dizer isso a Jennie, uma mulher, todas as memórias dos seus pais vinham à sua mente. A tirando fora de casa, falando que ela já não era mais filha deles e que não existiria mais para eles. Lisa já tinha se envolvido com outras mulheres antes, mas nada mais que envolvimento carnal. Ela não deixava que as pessoas se envolvessem demais com ela, não deixava que o sentimento se desenvolvesse. Ela tinha medo disso. Tinha medo de amar realmente alguém, amar uma mulher, porque sentia que era errado. Aquilo estava entranhado dentro da sua cabeça, mesmo que não percebesse, os seus pais ainda influenciavam a sua vida e colocavam culpa na sua consciência, todas as vezes que Lisa se aproximava de amar alguém.
E com Jennie, ela havia cometido um erro enorme: permitiu que se envolvessem demais. Deixou que o seu coração amasse a errada, amasse alguém do mesmo sexo. Apenas homens podiam amar. E Jennie não era um. Mas ela não podia mentir para si mesma. Mentiu várias vezes por palavras, mas o seu peito sabia bem o que sentia e agora sabia melhor do que nunca.
Chorou um pouco, pensando o quanto queria poder dizer tudo o que sentia a Jennie, mas não podia, pois ela já estava longe há dois meses.
O barulho da porta a ser batida do lado de fora repetidamente interrompeu os seus pensamentos e a fez sentar-se no sofá num impulso. Provavelmente seria Jisoo novamente, pois desde que Jennie se foi, ela vinha todas as semanas gritar com Lisa. Chamava de isto e aquilo, soltando toda a sua frustaçao e em quase todas as vezes chorava.
Lisa se levantou e deu um longo suspiro, preparando os ouvidos para mais um sermão da Jisoo.
— Lisa! — Uma jovem atirou-se para os braços da tailandesa, que nem conseguiu ver quem era, de tão rápido que tudo aconteceu. Mas percebeu imediatamente quem ali estava, no momento em que sentiu o cheiro que aquele pescoço inalava o perfume feminino, os cabelos castanhos e a roupa que exalava o seu cheiro preferido: café.
Lisa limitou-se a abraçar de volta, apertando a cintura da mais baixa e pousando o queixo na sua cabeça. Fechou os olhos e inalou aquele cheiro que ela vinha a ressacar há tanto tempo, como se fosse uma viciada. E a verdade é que ela era completamente viciada, não no café, mas na pequena e especial empregado que a fazia.
Jennie chorava no ombro da mais velha, que a apertava mais a cada soluço, mesmo sem saber o que estava acontecendo. Ela só queria sentir Jennie, aperta-la com força, matar a saudade daquela garota.
— La-lalisa, por favor, me ajuda!
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Coffee Addicted - Jenlisa
Romance[CONCLUÍDA] Jennie Kim tinha uma pequena cafeteria que estaria prestes a fechar, por atraso no pagamento do aluguel; Lalisa Manoban era uma mulher rica que amava café. adaptação || obra original por: @JJoonie || capa por @negatuno <3