Nothing Ever Lasts Forever - Parte II

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Clarke tinha certeza de que ganharia essa. Seu oponente já estava cambaleando e ela se mantinha firme, os pés presos no chão, a guarda alta. Ele tentou lançar um soco com o punho esquerdo, mas ela rapidamente desviou e deixou que o homem, que tinha o dobro da sua largura, tombasse no chão.

O juiz correu até ele, batendo três vezes no tatame. Aguardou. Os segundos para a vitória eram os mais excruciantes em uma luta. Até lá, não saberia dizer se ganharia ou perderia. Agora, tudo estava nas mãos de um homem insano, se ele voltaria a lutar mesmo machucado ou não.

— Vitória para Griffin! — exclamou o juiz finalmente, levantando o braço de Clarke no ar.

Ela abriu um sorriso sangrento para Raven e Octavia, que estavam na sua frente no ringue. Os outros espectadores comemoraram. Dois homens entraram no ringue e ajudaram o brutamonte a se levantar. Seus olhos reviravam. Ela até tentou sentir pena dele, mas não havia tempo para tais sentimentos numa luta.

— Obrigada, obrigada, obrigada! — disse Raven assim que se juntou a elas. A mulher abraçou Clarke com força, pouco importando com o fato de que a amiga tinha acabado de enfrentar uma bateria de cinco lutas. — Ganhei 100 pratas! Se um dia eu te critiquei, não lembro.

— Eu lembro — retrucou Clarke, se desvencilhando de Raven, mas ainda assim sorrindo. — Vividamente.

Raven deu de ombros. Clarke revirou os olhos e cumprimentou as pessoas que iam embora do quintal de Pike. Tinham sido lutas relativamente fáceis. Eram oponentes que Clarke já enfrentara antes. As lutas diminuíram bastante o ritmo depois que o Assassino começou a atuar no Beco. Um mês antes, Clarke teria de enfrentar no mínimo oito pessoas para garantir o prêmio principal de Pike. Quem continuava lutando era porque tinha aquilo como sua única fonte de renda.

O lugar estava quase vazio quando ela viu Aden encostado numa parede. O garoto estava com os braços cruzados e olhava fixamente para Clarke. Ela não ouviu o que Octavia discutia com Raven e foi na direção dele. Aden não mudou a sua expressão ao ver Clarke se aproximando.

— Não resolveu lutar hoje? — ela indagou, mexendo em suas mãos, tirando a faixa que usava em uma delas para proteção.

— Não, hoje não — respondeu Aden impassível. — Estou observando meus concorrentes. Você lutou bem.

— Bem o bastante para te vencer, tomara.

Aden soltou uma risada seca.

— Não vai ter uma carreira no ringue se ficar só observando, garoto — ela disse calmamente.

Algo despertou na mente de Clarke. Ela fitou Aden atentamente, como se esperasse que ele a atacasse a qualquer momento. Da primeira vez em que tinham se encontrado, ele não falara nada. Mas agora... depois de dois encontros com o tal informante da polícia, Clarke poderia reconhecer sua voz.

Os dois continuaram se encarando pelo que pareceu horas a Clarke. Ela só se afastou do garoto quando Pike a chamou para seu escritório, que ficava dentro de seu casebre, no andar de cima.

— Nos vemos por aí — disse Clarke, ainda intrigada pela presença de Aden.

O garoto assentiu, sem se mexer dali. Clarke seguiu para onde tinha sido chamada. A casa de Pike era uma construção modesta, como todas no Beco, mas ele tinha feito o melhor para transformá-la na maior habitação dali. Clarke sabia que os móveis eram caros e pagos com apostas que aconteciam em seu quintal. A mulher suspeitava que Pike fosse também um traficante de bebidas, porém nunca encontrara evidências para incriminá-lo.

Também, como poderia? Tinha dias que a única felicidade da população do Beco era as lutas de Pike. Clarke não poderia acabar com aquilo. Passou pelos dois seguranças que guardavam a porta do escritório de Pike e sorriu para eles. Já quebrara três dentes de um e o pulso do outro em outras noites.

Where the Light Won't Find UsOnde histórias criam vida. Descubra agora