Nothing Ever Lasts Forever - Parte IV

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Clarke nem conseguia acreditar na própria sorte. Poucas horas antes, encarava a forca por conta de um ataque que não tinha cometido e agora estava junto com a detetive que comandava o caso, em seu apartamento, livre de acusações. Ela tinha que admitir que era estranho estar em um lugar tão limpo e confortável, mas era infinitamente melhor do que a possibilidade de passar o resto dos dias na cadeia.

O apartamento de Lexa era pequeno e ficava em cima da lanchonete onde tinham almoçado. Clarke ficou maravilhada com tudo. Era muito organizado e limpo, algo que ela nunca tinha visto no Beco. Até mesmo seu casebre, que era o mais arrumadinho do bairro, não conseguia manter o brilho que o apartamento da detetive tinha. Clarke imaginou que era a diferença entre os bairros. O de Lexa era infinitamente melhor.

A detetive convidou Clarke para sentar-se em seu sofá, e ela assim o fez. As duas se encararam por alguns instantes. Clarke voltou a elogiar a beleza de Lexa em sua mente, como fazia na última semana. Suas entranhas deram uma volta completa ao imaginar como tinha se aproximado dela nas últimas horas.

— Você disse que sabia algo — Lexa iniciou a conversa, assumindo seu tom de policial que usara quando a interrogara na delegacia. — Algo que não podia me contar, porque era sobre seu trabalho como...

— Vigilante — Clarke completou, assentindo com a cabeça. Ela olhou pela sala e viu um bloquinho de notas em um móvel. Com a permissão de Lexa, Clarke pegou o bloquinho e desenhou em uma das folhas o símbolo do Assassino. — Eu vi esse símbolo em um anel de um dos capangas de Pike ontem, depois da luta. E eu o segui até sua casa, na esperança de alguma coisa acontecer. Mas o cara tava limpo. Tem mulher e filhos. Foi aí que eu ouvi os gritos da vítima do Assassino.

— E era ele?

— Não, não. — Clarke balançou a cabeça. — Ouvi os gritos na rua. Imaginei que não poderia ser o cara que estava seguindo, já que as luzes estavam desligadas e não tinha como ele sair de casa sem tê-lo visto. Corri até a cena do ataque e lutei com o Assassino. E o resto você já sabe.

Lexa tinha enviado Aden para o Beco a fim de contar a Raven e Octavia que ela estava bem. Machucada, mas viva e fora da prisão. O buraco do seu dente que o soco do Assassino arrancara ainda doía, e ela não gostava nem de pensar no seu ombro, que continuava com uma dor constante.

— Se o capanga de Pike usava o anel, não se pode pensar que o símbolo era de alguém para quem ele trabalhava? — pensou Lexa em voz alta, se levantando e andando pela sala minúscula.

— O que? Pike ser o Assassino? — Clarke riu da ideia. — Ele pode ser várias coisas, mas homicida não é uma delas. Ele é veterano de guerra, é verdade, mas...

— Não é ele que comanda o Beco inteiro? — insistiu Lexa.

— Como um vigarista e contrabandista. Olha, detetive, eu conheço ele. Pike não é uma pessoa má. Ele só faz coisas moralmente questionáveis.

Lexa a encarou com um semblante de descrença. Clarke não acreditava que estava defendendo Pike para a polícia. Em parte, confiava que havia algo de bom no homem, pois eles eram um pouco parecidos. Ela também fazia coisas de moral questionável para salvar seu bairro. Pike não era muito diferente.

— Tudo bem, vamos deixar essa linha teórica de lado por um instante — a detetive concordou, voltando a se sentar, na poltrona em frente a Clarke. — Não pode haver ninguém entre aquela... gangue... que poderia tramar algo assim?

Clarke refletiu. Os capangas de Pike sempre lhe pareceram burros demais para que pudessem realizar algo remotamente complicado, como organizar uma seita para assassinar as mulheres do Beco. Ela negou com a cabeça, e Lexa soltou um suspiro de derrota.

Where the Light Won't Find UsOnde histórias criam vida. Descubra agora