So Glad We've Almost Made It, So Sad They Had To Fade It - Parte II

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Clarke já encarara o portão da casa de Pike inúmeras vezes antes, mas aquela vez foi diferente. Ela sabia que sairia dali com a fé no homem balançada. Tinha uma sensação estranha de que tudo acabaria naquela noite. Ela olhou de soslaio para Lexa e bateu palmas para chamar o homem. Pike provavelmente dormia, uma vez que passava das três da manhã.

— Podemos invadir? — indagou Clarke depois da terceira salva de palmas e nenhuma resposta.

— É claro que não! — disse Lexa, levemente indignada.

Clarke soltou um muxoxo de impaciência. Não gostava de seguir as regras policiais de Lexa. Tudo precisava de um papel para assinar e horas sentada numa cadeira dura na delegacia. Ela se tornara Vigilante pela liberdade de não precisar preencher um memorando até o fim do expediente para ir atrás de um ladrão.

Ela deu batidinhas insistentes no portão de Pike, esperando que ele ouvisse o barulho irritante e saísse para reclamar com quem estivesse acordando-o altas horas da madrugada. Não saiu como esperava: um dos vizinhos colocou a cabeça para fora da porta com um semblante nada amigável.

— Vão embora! — ele exclamou, irritado.

— Senhor, sou detetive da polícia de Washington, queria uma palavra com Charles Pike — disse Lexa antes que Clarke pudesse retrucar o homem. — É muito urgente.

— Pike não está aí, não é óbvio? — respondeu o vizinho, mal-humorado. — Disse que iria resolver algo com um de seus seguranças. Agora, saíam daqui antes que eu chame a polícia de verdade!

O vizinho bateu a porta com força na cara de Lexa, que se aproximara na esperança de obter mais informações. A detetive virou-se para encarar Clarke na escuridão da rua, sua expressão perdida.

— Você pode começar indo na casa do segurança que eu comentei — disse Clarke. Ela voltava a encarar o barraco de dois andares onde Pike morava. Depois da guerra, ele fora um dos primeiros que voltaram a morar no Beco e comprara dois lotes a preço de banana. A casa de Clarke também tinha dois andares, mas era ínfima comparada a de Pike.

Você? Como assim? Você não vai comigo? — questionou Lexa, franzindo o cenho.

Clarke balançou a cabeça, determinada. Talvez, se as duas se separassem, tinham mais chances de capturar o Assassino. Ela continuaria ali na casa de Pike. Um frio na barriga a fazia pensar que tinha algo escondido ali e ela investigaria, Lexa permitindo a invasão ou não.

Lexa parecia saber o que passava pela cabeça de Clarke e não fez nada além de assentir, soltando um suspiro de derrota.

— Gosto da sua rebeldia — ela disse baixinho.

Não tinha ninguém na rua. Estava tudo escuro. Clarke não resistiu aos seus desejos e puxou Lexa para um beijo. Foi a mesma sensação que sentira da última vez. Ela sentiu seu estômago revirar de prazer e sorriu quando terminou de beijar a detetive.

— A casa dele é subindo a rua — disse Clarke, ainda com os braços ao redor da cintura de Lexa. — Vire à esquerda e pare na terceira casa, também à esquerda. É na esquina, não tem erro.

— Certo. — Clarke podia ver as engrenagens do cérebro de Lexa tentando memorizar o endereço. Ela repetiu as instruções mais uma vez. — Estou indo. Se o vizinho estiver correto, talvez possamos pegá-lo em minutos.

Lexa olhou através do ombro esquerdo de Clarke e a beijou mais uma vez. Ela não conseguia parar de sorrir. Mesmo na perspectiva de capturar o Assassino naquela noite, Clarke não parava de pensar em Lexa, no seus lábios e no seu corpo prensado contra o seu. Era reconfortante, lhe dava um motivo para continuar sua caçada.

Where the Light Won't Find UsOnde histórias criam vida. Descubra agora