O estômago de Lexa deu uma reviravolta completa quando ligaram na lanchonete embaixo do seu apartamento no meio da noite para contar que Clarke Griffin tinha sido presa com alegações que ela era a Assassina do Beco. A detetive não acreditou nas palavras de Gustus, que estava de plantão naquela noite, mas vestiu um de seus terninhos e desceu para a delegacia de qualquer maneira.
Clarke não era nem um pouco o tipo de pessoa que procurava. Ela tinha certeza de que o Assassino era um homem — ou pelo menos queria acreditar que sim. Tudo na perícia a levava a acreditar naquele fato. Clarke era pequena e ágil, pelo o que Aden contava, e não tinha o que era necessário para picar as vítimas como o verdadeiro Assassino fazia.
Ela chegou na delegacia dez minutos após a ligação de Gustus e o distrito estava em polvorosa. A imprensa já fazia sala do lado de fora do prédio e ela teve que desviar deles para poder entrar. Indra acenou para ela da recepção e pediu para que Lexa a seguisse. As duas pararam em frente a sala de interrogatório 2.
— Titus está aí dentro com ela — disse Indra. Lexa fingiu não reparar no tom que a mulher usou na última palavra. Beirava ao nojo. — Você pode entrar assim que ele sair.
Lexa assentiu. Indra voltou para a recepção e ela ficou sozinha no corredor. Seu relógio de pulso marcava quase quatro da manhã. Perguntou-se onde Aden estaria. Tinha mandado o garoto para o Beco naquela noite para espionar e trazer algumas informações. Sabia que Aden tinha conversado com a Vigilante na noite anterior e ela teria prometido trazer um significado concreto para as tatuagens que o Assassino fazia em sua vítima.
A detetive refletiu. Em seu íntimo, ela sabia que Clarke provavelmente era a Vigilante, mas não queria atirar no escuro. Mesmo se conseguisse livrar Clarke do enforcamento por supostamente ter matado aquelas mulheres, não a tiraria da berlinda por perambular pelos telhados do Beco enquanto fazia justiça com as próprias mãos.
Passou uns bons dez minutos até que Titus finalmente saísse da sala. Seu rosto estava vermelho de raiva e isso estendia até sua careca brilhante. Ele apenas encarou Lexa fervorosamente, e deu espaço para que ela entrasse no cômodo.
— Ela não me deu nada, só ficou fazendo piadas com a facada que levou — disse ele no ouvido da detetive. — Espero que consiga tirar algo dela.
Lexa assentiu nervosamente, engolindo em seco. Aquele era seu caso, a sua chance de se provar para o departamento de polícia. Não tinha feito a captura de uma suspeita, então deveria fazer o impossível para arrancar dela uma confissão. Ela pegou a pasta com o caso da mão de Titus e entrou, se empertigando. Parecer confiante era a primeira coisa que tinha aprendido na academia.
— Sabe, quando você disse que ia me chamar para conversarmos, eu não imaginei que seria assim — falou Clarke assim que Lexa se sentou na cadeira na sua frente.
Lexa fitou a mulher, analisando sua postura. Clarke estava com o ombro enfaixado por baixo de sua blusa azul, provavelmente onde tinha levado a tal facada que Titus mencionara. Seu cabelo estava emaranhado, sujo de lama e gravetos. Havia sangue seco ao redor da sua boca e, quando sorriu, Lexa viu que lhe faltava um dente.
— Você levou uma surra e tanto — apontou Lexa, abrindo a pasta que tinha em mãos em cima da mesa. — Com quem lutou para ficar assim?
— Com o Assassino do Beco — respondeu Clarke amargamente.
A detetive arqueou as sobrancelhas, surpresa. Ninguém tinha lhe contado o que acontecera com Clarke ou como tinham capturado ela. Será que Titus queria que fosse assim? Que ela tirasse as coisas de Clarke como se fosse uma conversa casual?
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Where the Light Won't Find Us
Fiksi PenggemarO Beco da Perdição é o bairro mais pobre de Washington, capital dos Estados Unidos. Vendo a população dele sofrer por conta da Recessão causada pela Crise de 29 e o aumento drástico de ladrões e estupradores, Clarke Griffin decide fazer justiça com...