Clarke insistiu em seguir Lexa até a cena do crime. Elas não conversaram muito durante a viagem, mas Clarke perguntou quem eram as vítimas e se havia mais alguém da polícia as esperando.
— Charlotte e Callie Cartwig — contou Lexa. — Eram irmãs.
— Eu sei quem eram — respondeu Clarke. Sua voz estava rouca. — Callie não tinha mais do que a minha idade. Charlie... tinha só 14 anos.
O estômago de Lexa afundou. Em algum lugar da sua mente ela podia até entender o desejo irrefreável do Assassino em matar mulheres, mas crianças? Era doentio, até para um assassino em série.
Clarke indicou uma viela estreita onde Lexa podia parar o carro sem atrair atenção desnecessária e as duas desceram. Andaram por dois quarteirões até que Lexa identificasse uma multidão perto de um casebre e a polícia tentando contê-la. Um dos policiais era o homem que tinha feito comentários nojentos sobre ela ao sair do distrito durante a tarde.
— Ah, a grande detetive apareceu — comentou ele, afastando pessoas para que Lexa pudesse passar. Ao ver Clarke, no entanto, o policial a impediu com um empurrão violento. — Só policiais podem entrar, Assassina.
Ele cuspiu nos pés de Clarke. Lexa sentiu uma ira desconhecida passar pelo seu corpo. Ela puxou o policial pela gola do seu uniforme e o jogou contra a parede do casebre onde ocorrera os assassinatos, prendendo-o em uma chave de pescoço.
— Você vai deixá-la entrar, sim, seu palerma — Lexa disse, ciente de que a população inteira do Beco a observava. O olhar do policial era de total desespero. — Eu digo quem me acompanha nas minhas investigações, e não você. Se der um passo em falso aqui fora, se maltratar qualquer pessoa que está acompanhando a morte de um ente querido, vou fazer questão de que esse seja seu último trabalho dentro da corporação, entendeu?!
O homem assentiu desesperadoramente. Ela o deixou preso em seu aperto por mais alguns segundos antes de soltá-lo. Assim que o fez, Lexa lançou um olhar para Clarke, que encarava tudo com um semblante assustado, e ela prontamente a seguiu para dentro da casa.
— Sabe, elas moravam sozinhas — sussurrou Clarke, aparentemente ainda apavorada, quando Lexa ligou a única lâmpada da casa e fechou a porta atrás dela. — Os pais morreram na guerra.
— Ele não precisa saber disso — disse Lexa com um sorrisinho macabro.
A detetive observou a cena do crime. A adrenalina por ter enfrentando um de seus subordinados sumiu tão logo ela começava a entender o que acontecera com as irmãs Cartwig.
Tal como a casa de Harper McIntyre, o casebre das Cartwig tinha apenas um cômodo, uma sala que servia como quarto e cozinha. A mais nova, Charlie, estava deitada com o rosto virado para o chão. Sua mão estava a centímetros de uma faca de cozinha enferrujada. Sangue ainda saía de seu pescoço. O Assassino cortara sua garganta; contudo, não tivera tempo de terminar o serviço e drenar seu sangue.
Seguindo a trilha sanguinolenta, Lexa encontrou Callie sentada no sofá. Seus olhos estavam abertos em pânico. Sua camisola de dormir estava rasgada e um de seus seios tinha desaparecido. Parte de seu abdômen estava aberto e uma olhada foi o bastante para a detetive descobrir que havia órgãos faltando. Saberia quais eram assim que a perícia chegasse. Como nas outras vítimas, não havia sangue em nenhuma de suas feridas.
— Lexa, vem aqui! — sussurrou Clarke animadamente. Ela estava próxima à porta que levava para o quintal da casa das Cartwig. — Olha isso!
Clarke segurava uma folha de papel amassada. Sem luvas, Lexa pegou um pano de prato das irmãs e tirou a folha das mãos de Clarke, fazendo um som de reprovação ao ver que a mulher simplesmente brandia uma suposta prova sem nenhuma proteção.
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Where the Light Won't Find Us
FanfictionO Beco da Perdição é o bairro mais pobre de Washington, capital dos Estados Unidos. Vendo a população dele sofrer por conta da Recessão causada pela Crise de 29 e o aumento drástico de ladrões e estupradores, Clarke Griffin decide fazer justiça com...