Uma tristeza tão indescritível

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CAPÍTULO 4

  - Mãe! - Kisa se levantou rapidamente,  acordando de um sono perturbado.

  Seus olhos estavam tomados por lágrimas e suas lembranças turvas. Ele olhou ao redor com a visão embaçada mas não reconheceu o local.

  Era uma cabana de um cômodo só e não muito grande. Ao lado da cama onde Kisa se deitava havia uma cadeira de madeira escura, e mais afastado dali uma do mesmo material; aos pés da cama, uma bacia com água. Ele olhou para baixo e viu um pano branco umedecido que havia caído em seu colo de sua testa.

  Assim que se levantou, pôde ver sua espada encostada na cama e rapidamente a apanhou, em segundos correu para o lado de fora tentando se situar.

  Cada vez mais o desespero o tomava, a cabana era completamente isolada, em um vasto campo verde cercado de densas árvores. O céu escuro não exibia sequer uma estrela e a única fonte de luz por ali era a lareira dentro da pequena casa. Kisa não fazia ideia de onde estava e nem como voltaria para casa.

- "Casa..." - Pensou com lágrimas brotando no canto de seus olhos novamente.

  Seu coração apertou horrivelmente ao se lembrar da calma e descontraída conversa que tivera com sua mãe momentos antes de ela ser brutalmente assassinada.

- Seu idiota! - Exclamou Kisa com raiva de si mesmo, dando um forte tapa em sua própria face marcando o local e causando uma ardência incômoda imediatamente.

- Se você não tivesse sido tão covarde, seu maldito, eles estariam viv... Pai! - Abruptamente Kisa se lembrou que não havia perdido tudo. Ainda havia uma chance de seu pai estar vivo, ele precisava voltar.

  Se perguntando onde estava e quem lhe levara ali, Kisa correu para dentro da cabana de madeira a procura de algo que lhe fosse útil.

  Logo a frente da porta havia a mesa de madeira com alguns papéis e mapas em cima. Kisa analisou as marcações e, pela interpretação dele, não devia estar muito longe do Pavilhão da Lua.

  Em cima da mesa Kisa também identificou alguns remédios feitos de ervas locais muito bem preparados. Lenha cortada e um pouco de feno estavam dispostos perto da parede e o fogo crepitava monótono, aquecendo toda a cabana.

  Era tudo um pouco estranho, mas não importava.

- "Preciso sair daqui, se meu pai está vivo..." - Pensou Kisa agitado.

- Jovem mestre, você se levantou. - Ouvir uma voz familiar em meio a tanta confusão foi instantâneo para acalmar consideravelmente a alma de Kisa.

  Parado à porta da cabana estava Kou, sua expressão era séria como sempre, mas parecia aliviado por ver Kisa bem.  Ele carregava alguns troncos de lenha cortada e em sua cintura estava sua espada embainhada. Embora não tivesse nenhum ferimento aparentemente, Kou parecia oscilante, fraco como na última vez que Kisa o viu.

- Onde você esteve? - Perguntou Kisa se aproximando à beira das lágrimas, ver Kou bem, ali consigo, foi o suficiente para lhe deixar aliviado, como se nem tudo estivesse perdido.

- Jovem mestre, não se esforce. - Kou adentrou o local, depositou a madeira junto com as outras e se voltou para Kisa.

- Está com dores? - Perguntou mantendo certa distância de Kisa que, por alguns segundos estranhou, mas logo se recordou das palavras espinhosas que lhe dissera recentemente.

- Não, eu estou bem. E você, não se feriu? - Perguntou ignorando a culpa, mais preocupado com Kou que não parecia bem.

  Mas Kou negou levemente com a cabeça.

Imprevisível DestinoOnde histórias criam vida. Descubra agora