CAPÍTULO 6
Pouco depois do amanhecer Kisa já estava de pé, golpeando ferozmente Kou que não ficava para trás na disputa acirrada.
O alto som das espadas se chocando ecoava na clareira à orla do riacho espantando pássaros assustados. Qualquer um que ouvisse ao longe rapidamente deduziria ser um ataque de dois inimigos mortais.
Os corpos dos guerreiros dançavam uma dança sincronizada como se os movimentos fossem ensaiados. Era realmente difícil prever um vencedor.
Kisa, mesmo tendo perdido todas as batalhas anteriores, estava disposto a derrubar Kou de qualquer forma, e ele sabia que só ganharia se pensasse longe.
- Kou... - Chamou ele em um tom suave tendo uma ideia absurda. Kou não lhe deu ouvidos e apenas continuou a golpear-lo firmemente.
- Eu te amo. - Disse Kisa sorrindo de lado com maldade mascarada de carinho.
Imediatamente Kou se perdeu em seus movimentos, Kisa aproveitou a oportunidade e investiu nas pernas de Kou derrubando-o de costas na grama e posicionando ponta de sua espada na garganta do maior.
- Venci. - Disse sorrindo orgulhoso de si mesmo, era a primeira vez que ganhava.
- Isso... foi injusto. - Reclamou Kou levemente vermelho.
- Em uma batalha deve-se usar todas as armas que tiver, não é? - Kisa estendeu a mão ainda sorrindo e ajudou Kou a levantar.
- Você está certo. - Murmurou.
- De qualquer forma, vamos voltar. - Disse deixando Kisa às suas costas, ainda sem jeito.
A situação era um pouco estranha e desconfortável. Kisa admitia abertamente seu amor por Kou mas não exigia uma resposta, nunca exigiu. Kou, por sua vez, sempre corava e se sentia culpado quando Kisa dizia que o amava porque não tinha uma resposta, antes achava que tudo que queria era ficar com Kisa, mas agora inúmeros fatores deixavam sua mente confusa.
- Senhor Kou, Jovem mestre Kisa. - Ao longe eles foram cumprimentados por um Nahki sorridente que os esperava à porta da casa.
Kou apenas sorriu ao ver a expressão de contragosto de Kisa que não se importava nem um pouco em disfarçar.
- Olá, Nahki, como você está? - Cumprimentou Kou educadamente assim que se aproximaram.
- E...estou bem, Senhor. - Ele sorriu e corou levemente.
- Por favor não me chame de senhor. - Kou também sorriu tentando quebrar o clima desconfortável de hierarquia.
Nahki balançou a cabeça confirmando ainda corado e sorrindo levemente.
- Estou atrapalhando algo? - Perguntou Kisa irônico, completamente enciumado.
- Ah... Bem, eu vim mostrar isso para vocês. - Nahki espantou a vergonha e ergueu alguns pergaminhos que levava em seus braços.
Logo que entraram na cabana, Nahki depositou os papéis sobre mesa e começou a explicar.
- S...são algumas informações e plantas da casa principal do clã Nara, pensei que talvez pudessem ser úteis. - Disse timidamente olhando para Kisa, como se pedisse sua aprovação.
- Como você tem essas coisas? - Kisa nem ao menos se importou em ser educado, isso fez Nahki desviar o olhar um tanto magoado.
- S...são coisas que estavam esquecidas na minha casa. - Informou Nahki ainda olhando para baixo tristemente.
- Hum. - Resmungou Kisa sem acrescentar mais nada e se virou para pegar um copo de água.
- Serão muito úteis, obrigado. Agora você poderia me explicar essas coisas? - Pediu Kou incapaz de ver a situação lastimável de Nahki muito mais tempo.
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Imprevisível Destino
Conto"- Sabe, Kou, eu te amo com todo meu coração e quero estar contigo com toda minha alma, mas na próxima vez que nos encontrarmos será no campo de batalha... E eu irei cortar sua cabeça." ______ Essa história contêm relações homoafetivas, violência...