Capítulo XIV - Conciliados

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- Porque eu preciso ser tão fodido? — comento comigo mesmo.

 Ao chegar à minha escrivaninha, vejo um caderno em branco, e a voz da minha nova psiquiatra veio a minha cabeça.

"Se você quiser procurar maneiras de se extravasar, tente fazer com algo que você goste e que relaxe você, escrever, por exemplo."

- Por que não?

 Me sento na cadeira, abro o caderno e começo a escrever, sobre tudo o que havia acontecido comigo nesses últimos tempos até os dias atuais. Escrever me ajudava muito, a paz que invadia minha mente, os meus pensamentos se organizando e minhas mãos trabalhando e seguindo apenas um objetivo: manifestar meus sentimentos, minhas ideias e meus medos.

 Após algumas horas escrevendo, vou preparar algo pra comer, antes que eu desmaie, já que eu só tomei café da manhã. Faço três sanduíches e pego um refrigerante, subo pro quarto e assisto por um tempo.

 Sem perceber, acabei pegando no sono e acordando só no dia seguinte, quando o sol invadia com sua forte luz, o meu quarto. Me levanto e faço minhas higienes pessoais, quando termino, arrumo meu quarto e depois desço para o café da manhã.

- Bom dia, mãe. — digo e dou um sorriso mínimo.

- Bom dia querido, dormiu bastante hein. — ela diz enquanto temperava uma carne.

- Porque você já está preparando o almoço? Porque tanta coisa? — digo olhando as diversas tigelas no balcão.

- Querido, hoje é o almoço de família, o aniversário da sua avó é hoje, e cuidarei do almoço, seus tios trarão o bolo e os doces. — minha mãe comenta.

"Tudo que eu precisava pra melhorar o meu domingo é o aniversário da minha avó, e um monte de parentes que só aparecem aqui em casa para comer e falar mal dos outros" — penso comigo mesmo.

- Eu vou passar o dia no meu quarto e só sairei pra comer. — comento.

- Não, você vai participar que nem todo mundo. — ela diz e eu reviro os olhos. - Eu tenho uma pergunta.

- O que? - respondo com pouco humor.

- Você falou que iria ao Baile com seus amigos, mas quem veio te buscar foi só aquele garoto, Alec, se eu não me engano, e os outros?- minha mãe perguna e meu cerébro começa a procurar alguma desculpa para dizer. - Logan?

- Ah, é que fomos em vários carros, mas os outros estavam cheios e não tinha espaço para mim e para o Alec, aí ele se ofereceu a dar uma carona. - respondo meio nervoso.

 "Tomara que eu consiga enrolar ela com essa mentira." - penso comigo.

- Entendi. - ela responde e volta a mexer com as panelas. - Era só isso, pode ir comer.

 Tomo meu café da manhã e vou trocar de roupa — graças a minha mãe, que me obrigou — pego um caderno e meu estojo, me sento na poltrona da sala e fico fazendo os exercícios da escola, afinal, não deixaria minha mãe ganhar e me convencer a interagir com aquele pessoal. 

 Mas Logan, porque você não gosta dos seus parentes? Simples, eles são eles. São crentes fanáticos, pessoas que humilham e falam mal de outras pessoas, ingerem mais álcool do que uma Hilux, e são hipócritas conservadores - acho que agora entendem um pouco da minha raiva.

 Já eram 12:00 e eles já estavam chegando aos montes. Tios e suas esposas, primos tão pequenos que poderiam ser gnomos de jardim, e a convidada de honra, Lucilee, minha avó. Ela caminha até mim com um sorriso no rosto, eu me levanto e ela me abraça.

- Você está lindo Logan, querido. — ela diz sorridente.

- Obrigado vó. — respondo e sorrio fraco.

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