3. O guarda-roupas

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Na quarta semana em que Valentina estava em Porto Continental, sua amiga Natália conseguiu uma folga na sexta feira – o patrão iria passar o dia na propriedade e dispensou o seu serviço, ele queria um tempo a sós com o filho e ela bendisse aos céu...

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Na quarta semana em que Valentina estava em Porto Continental, sua amiga Natália conseguiu uma folga na sexta feira – o patrão iria passar o dia na propriedade e dispensou o seu serviço, ele queria um tempo a sós com o filho e ela bendisse aos céus por isso.

Aproveitou que tanto a amiga quanto o noivo estavam trabalhando – ele no prédio Dalgliesh e ela no galpão de materiais, e dirigiu-se a uma das duas lojas de roupas da cidade – a de usados e peças mais baratas. A outra, somente um alto funcionário ou até mesmo um Dalgliesh teria dinheiro suficiente para frequentar.

Fiona Shriver, a discrição em pessoa, tinha feito uma exceção à sua regra de não falar mal dos modos alheios quando, como quem não queria nada, comentou que sua nova inquilina e funcionária se vestia de forma formal e com peças tão puídas que em nada enalteciam sua jovialidade – ela só tinha 27 anos, não deveria se vestir como uma freira de 60!

Natália que adorou a indiscrição da sogra, tratou de garimpar peças que de fato coubessem na nova Valentina di Fiore, que em nada lembrava a garota de curvas saudáveis com quem tinha convivido.

Apesar de bastante magra, ela ainda tinha bastante busto e foi complicado para Natália encontrar peças que ficassem bem num corpo tão diferente do seu – ela era alta e "uma tábua", como costumava se descrever, enquanto que Valentina não era lá muito alta e agora estava magra de dar dó, mesmo estando por ali já há um mês e tendo acesso as mais deliciosas massas que ela cozinhava, mas com certeza, não comia.

Mas ainda assim, parecia mesmo uma freira com aqueles vestidões compridos sem graça que usava ultimamente e aqueles casacos que pareciam masculinos, muitos número maiores do que ela.

Enquanto Natália pechinchava com a Misses Manthis, dona do brechó, pagando um valor bastante atrativo por um pacote de roupas que davam de dez nas que Valentina tinha trazido consigo, a amiga, sem suspeitar, acompanhava uma Fiona Shriver nervosa até o seu carro, enquanto ouvia os berros de Nathan, o rapaz que trabalhava no estoque e que tinha acabado de derrubar uma viga muito pesada que tinha lhe esmagado o dedinho do pé.

Infelizmente Valentina era familiarizada com fraturas e sabia, pela movimentação que o rapaz fazia, que não passava de drama masculino, ele não tinha quebrado nada!, mas sabia que a Miss Fiona jamais deixaria de dar assistência ao desajeitado funcionário a quem ela tratava como um segundo filho.

Então viu-se sozinha na loja – o Mister Shriver tinha ido até a vizinhança fazer uma entrega, e ocupou-se de terminar de limpar arrumar as prateleiras empoeiradas de cima, pendurando-se numa escadinha não muito segura para tanto.

Sua assimetria – fruto de uma fratura mal curada na perna direita, fazia a subida ficar mais complicada, mas ainda assim, ela não quis deixar de lado aquele trabalho – a Miss Shriver não era lá muito jovem e com certeza, uma queda daquela escadinha capenga seria muito mais arriscada pra ela do que para ela.

Ilha Dalgliesh - Livro 1 - O Senhor da Ilha (Degustação - 10 capítulos)Onde histórias criam vida. Descubra agora