Capítulo 2: O quarto azul (The Blue Room)

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Notas iniciais: Livro escrito e postado por IMPerfictions no AO3. Tenho autorização do autor(a) para tradução e postagem no Wattpad.

A postagem foi adiantada para comemorarmos a vitória da batalha de Hogwarts e relembrar todos que já se foram. Feliz 2 de Maio, queridos! Como vocês estão indo nesse dia? Já chorei muito de ontem pra hoje relendo e revendo Relíquias da Morte. Ps.: Nesse capítulo tem alguns trechos que podem ser desconfortáveis para alguns de vocês, então vou deixar avisado aqui. Lembrem que é um universo alternativo, então leiam com a cabeça aberta.

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Harry sentou sozinho no quarto, encarando o papel de parede azul. O tapete creme embaixo dos seus pés descalços era suave e macio; Harry passou os dedos nas fibras do tecido enquanto encarava o seu redor. A cama de casal era grande, firme e coberta com lençóis da mesma cor das paredes. Dois travesseiros repousavam lá, esperando para massagear uma cabeça cansada. Era acolhedor, perfeito.

Mas Harry não se sentia tão deslocado fazia muito tempo.

Ele soltou um suspiro forte e engoliu em seco. Esse quarto e essa casa eram iguais os donos, perfeitamente normais. Isso era o que tinha mais chamado a atenção de Harry durante a viagem de carro que o apresentou a David e Catrin Granger. Eles eram tão comuns.  Gentis e acolhedores, obviamente inteligentes (era claro que Hermione tinha herdado esse lado dos pais) e eram uma companhia maravilhosa.

E a casa era do mesmo jeito. Não era o tipo de lugar que você associaria a algo estranho ou misterioso, quem dirá perigoso. Não havia qualquer sinal de que uma bruxa poderosa habitava a casa, nem que o adolescente mais procurado de toda a Inglaterra agora estava debaixo de seu teto.

Mas Harry se sentia mal. Sombrio. De alguma forma, a normalidade e hospitalidade da casa de Hermione haviam se tornado nesse sentimento estranho. A alegria que ele sentiu quando saiu de Privet Drive após se render aos cuidados de Hermione havia se esvaído em um segundo.

Ele conseguia enxergar o quão arriscado isso era, o perigo incalculável que ele representava para toda essa realidade deles. Era como se a tristeza que ele sentia em Privet Drive tivesse refletido a realidade. Ele pertencia à aquele lugar. Ele merecia o sofrimento e a solidão. Se os Dursley sofressem, ele não ligava. Eles mereciam. Mas se algo acontecesse com Hermione e a culpa fosse dele...

Harry se levantou e começou a andar em círculos, com uma angústia enorme no peito e a cabeça à mil. Ele foi até a janela e descansou a testa no vidro gelado, assistindo Dumbledore checar as barreiras de defesa que Hermione havia criado, o coração enchendo de orgulho enquanto ele via o diretor concordar com a cabeça, obviamente impressionado com o trabalho dela.

Isso já era de se esperar - ela era a bruxa mais inteligente de sua geração, por que alguém se surpreenderia por ela ser tão brilhante? Harry nunca havia ficado surpreso, mas ele percebeu que nunca tinha dito isso a ela.

Perceber isso só o fez sentir pior.

Ela tinha encarado tantos problemas por ele - desde convencer os pais a acolherem Harry como se ele fosse um cordeirinho perdido até arriscar as leis de uso de magia por menores ao colocar os encantamentos na casa dela. A pesquisa deve ter sido exaustiva ao ponto de deixar o amor de Hermione por livros no limite.

Harry assistiu Dumbledore adicionar seus próprios feitiços de proteção junto aos encantamentos que Hermione já havia colocado. Até mesmo Dobby estava usando sua própria magia para aumentar a proteção das barreiras. Harry foi deixado sozinho com suas bagagens no quarto de hóspedes, que era onde ele ficaria pelo resto do verão, mas ele se sentia deslocado, como uma doença que fosse contaminar até o ar da casa.

Harry Potter & a Cela do Alquimista | TRADUÇÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora