Capítulo 1

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          (POV Nimue)
       Um homem encapuzado com olhos de oceanos e marcas cinzas de choro se aproximava de mim. Tentei correr,no entanto, ele foi mais rápido. Segurou minha mão e falou:
- Confie em mim.
   Eu perdi o chão. Caímos em um buraco cheio de névoa. Ele desapareceu.Corri pra o achar mas ele havia sumido.
   Nesse momento acordei do sonho. Fazia meses que tinha esse mesmo sonho. Sonhar com esse homem era agridoce. Algumas vezes não queria dormir com medo desse sonho,outras queria esse homem em cima de mim,me querendo e me amando.
    Esses pensamentos adultos que dominavam minha mente me sentia culpada por nisso antes do casamento. E pior com um homem que não era meu.
       Me vestir e fui tomar café da manhã. Na mesa estava minha mãe, Arthur e Guinevere. A garota sentada do lado de Arthur. Eles vivia mais tempo com ela do que comigo que era a namorada dele.
      Já fazia meses que ele não me dava atenção. Desde que o navio de Guinevere chegou Arthur começou a correr atrás dela. Agora mesmo eles trocavam olhares na minha frente. Isso me irritava. Peguei um pedaço de pão e comecei a mastigar com raiva. Me engasguei ao ouvir o barulho da porta sendo empurrada.
       Um homem de cabelos ruivos chegou desesperado e anunciou:
- Lenore,os paladinos vermelhos estão se aproximando da vila e junto deles tem um tal de Monge Choroso.

- Eu conheço o Monge Choroso. Que homem gostoso.- falou Guinevere passando a mão na testa para limpar o suor. Arthur teve uma crise de ciúmes silenciosa.

- Não aceito ninguém falando bem dos meus inimigos na minha casa. - gritou minha mãe.- Fora daqui garota.
        Guinevere saiu com um sorriso de deboche e Arthur foi atrás dela. Minha mãe detesta ela. Só a deixou ficar hospedada na pousada porque a garota pagou bem. Ao contrário da minha mãe eu adorava a Guinevere. Ela arrumou um emprego de curandeira para Pym e todos os dias ensina Esquilo a lutar.
 
- Nimue, hoje você vai para a cerimônia de seleção do próximo conjurador.

- Não quero ir. Hoje é meu aniversário de 18 anos tenho que comemorar com Arthur.

- Arthur não se importa com você.

- Se importa sim. Ele é meu namorado.

- Que tipo de namorado anda de mãos dadas com outra garota no aniversário dela.- disse minha mãe apontando para a janela. Lá fora Arthur e Guinevere pareciam um casal feliz sentados em uma árvore de mãos dadas e rindo.
          Fui para o quarto chorar. Eu não queria aceitar que Arthur pudesse está me traindo. Na realidade nunca vi eles se beijando. Por isso só acredito nessa suposta traição se eu ver uma romântica deles.
            -※-
       Vesti um vestido roxo para a cerimônia. Pym que o escolheu. Não tenho a mínima vontade de ir nesse lugar.
- Nimue, amanhã vou viajar com a equipe da lança vermelha. - revelou Pym vendo minha cara de tristeza.

- Está com tanto medo dos paladinos vermelhos que vai abandonar sua melhor amiga?

- Não estou te abandonado, só salvando minha pele.

- E Arthur por qual motivo ele vai viajar com vocês?

- Guinevere descobriu onde está localizado o castelo de Uther. O verdadeiro pai de Arthur.E até os amigos de Guinevere foram nomeados guardas de Arthur.

- Ele nunca me contou desse pai dele... Talvez eu nunca fui importante para ele mesmo...
         Enquanto limpava as lágrimas minha mãe chegou no quarto. Pym saiu já com as malas prontas. Ela disse adeus e caminhou rumo ao navio. Minha mãe e eu fomos para a cerimônia.
             -※-
        No templo submerso havia vários anciões. Eles fizeram um ritual dançando uma dança engraçada. Comecei a rir. Minha mãe me lançou um olhar cortante. Fiquei quieta. E de repente uma nuvem seguiu em minha direção. Todos olharam espantados.

- ESSA GAROTA NÃO PODE SER A PRÓXIMA CONJURADORA. ISSO É INACEITÁVEL!- gritou um ancião revoltado.
          Sair correndo, era muita humilhação para apenas um dia. Corri até ficar cansada.
         No meio da escuridão me perdi. Agora não sabia como voltar para a casa. Um homem se aproxima de mim. Tento gritar,mas ele tampa minha boca.
- Calma Nimue. Sou eu,o Gawain.
- Não, não acredito que voltou. - disse e o abracei.
     
         De volta para casa vejo minha mãe limpando as lágrimas e correndo até mim. Ela me abraçou e também Gawain.
- Quem é esse cara?- perguntou Arthur com raiva e me arrastou pelo braço.

- Me solta Arthur!- gritei- esse é meu amigo de infância o Gawain.

- Não me importo. E ainda bem que eu vou embora amanhã.  Não quero nunca mais ver sua cara. Você, Nimue, é uma traidora.

- Nossa Arthur que coisa ridícula. Nimue não fez nada para você gritar com ela assim...- falou Guinevere.

- Cala a boca Guinevere e volta para o seu navio. - gritou Arthur.

- Não aceito você fala assim com a minha amiga. - disse defendendo Guinevere.

- "Amiga". Se soubesse o que ela fez, queimaria sua língua. - bradou Arthur levando as malas dele para o navio.
            Guinevere esperou ele entrar no navio para poder flertar com Gawain. Meu amigo entregou para minha mãe um saquinho de dinheiro e foi para um dos quartos da pousada de mãos dadas com Guinevere. Minha mãe me puxou para a casa, não queria que eu ouvisse a bagunça deles.
         -※-
      No meu quarto observava pela janela a lua. Agora que fui escolhida como conjuradora tinha que prestar atenção nos sinais do universo. Então vi um homem encapuzado andando perto da janela. Senti um arrepio. Fui tentar ver o rosto dele.
       Enquanto tentava pular a janela minha mãe apareceu. Me sentei na cama envergonhada.
- Nimue, para de correr atrás desse rapaz. Se ele escolheu ir para o reino dele, apenas aceitei a escolha dele.

- Eu já aceitei. - falei aliviada que ela não percebeu que eu na verdade eu ia perseguir outro homem.

- Filha,seu pai deixou uns presentes para eu  lhe entregar quando fosse escolhida conjuradora.
           Abrir os presentes desanimada. Não queria nada do meu pai. Ele me abandonou. Minha mãe viu minha reação e chamou Esquilo. O garotinho chegou e abriu todos os presentes animado e berrou:
- Olha Nimue seu pai tinha uma capa da invisibilidade.
      
- Que interessante. - disse já um pouco mais animada.
           Vesti a capa pensando em formas de fugir dos paladinos vermelhos. Isso me trouxe uma calma,mas pensei em Esquilo e em minha mãe. Como salvaria eles?
          Minha mãe viu a preocupação em meu rosto,e calma falou:
- Nimue, Esquilo com apenas dez anos já é um bom guerreiro e ninguém vai o machucar.

- Eu posso sozinho matar vários paladinos. - afirmou Esquilo.

- E eu vou aceitar a morte como uma velha amiga...
        Quando minha mãe comunicou comecei a chorar. Ela me consolou e entregou um livro.
- Esse é o livro de feitiços do Merlin.
           Folheie as páginas do livro e me chamou a atenção uma ilustração de um homem com olhos com marcas de lágrimas. Na descrição ao lado dizia que era um feérico dos povos da cinzas. E havia nas outras páginas informações sobre os metamorfos. Os tipos mais comuns eram os que se transformavam em cisnes e corvos. Sempre quis conhecer metamorfos.
         Durante o tempo que lia o livro ouvi uns barulhos vindo do porto. Vesti a capa da invisibilidade e espionar.
       No local encontrei Arthur e Guinevere unidos. Ele dizia que a amava. Mexia no cabelo castanho dela. Ela sorria. E eles se beijaram.
        Gritei. Tirei a capa da invisibilidade. Eles se assustaram quando apareci perto observando a cena.
       

         
       

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