"Sempre acreditamos mais em nossos próprios olhos.... As chamas parecem mais verdadeiras quando estamos olhando para elas, dizem os devanos."
Ser Trix seguiu os chamados, rastreando as entradas das cavernas ao ar-livre.
Foi como uma lenta descida a um poço.
Para Dedos-Ágeis Cockatrix foi um choque.
O andar manco. A dor. Os gemidos.
– C-comida....
Gemidos daqueles que estavam entre a vida e a morte, a um brilho-luz da eternidade, em uma região assolada pela fome.
– Deixe um pouco de comida....
Os olhos negros, as pernas esqueléticas, os corpos ossudos sob as penas feias e sujas. Velhos, fracos e doentes. As presas mais fáceis.
– Queremos comer....
A exibição das cores ressaltadas, ao invés de mostrar-se chamativa e vívida, neles era fraca e quase inexistente. Os lumino-pontos transformaram-se em lumino-manchas apagadas.
Ser Trix ouviu os pedidos dos excluídos.
– Me ajude....
A virtuosa da cor magenta-tremenda sentiu desconforto e indignação com tanto descaso. Era uma violência.
– Tem algo.... para comer?....
Era assustador e preocupante. Ser Trix viu virtuosos e virtuosas de idade tão avançada que não permitiam mais que fossem a procura de alimentos. Nem mesmo ela, com toda a sua tecno-magia provinda de Terra-Nula Bahemute devana, poderia alimentar as bocas famintas daqueles rostos solitários.
Eles, que bebiam água da chuva em charcos enlameados, tinham os seus rostos escamados todos repletos de lama e sujeira, bem como suas penas.
– Do que se alimentam aqui? – perguntou a Parasauronesa.
– Já comemos tudo o que se pode imaginar.... folhas.... raízes de árvores.... cactos.... okans.... tudo! Não há mais nada para se comer. Nem mesmo caldors.
A virtuosa suspirou, triste e perdida.
– Infelizmente, não tenho nada. Vejam, essas são comparti-penas de minha armadura. São penas artificiais para coleta e guarda de objetos e alimentos. Estão vendo? São esses compartimentos ocultos abaixo.... – Ser Cockatrix mostrou o interior das comparti-penas, compassiva. – Viram? Não carrego nada.
Mas eles carregavam.
O andar manco. Os gemidos. O suplício.
Dispensados e depenados.
Machucados e cansados de tanta tristeza.
Estavam abandonados próximos à Floresta de Vulcões de Topakanor, chegando ao fim da vida.
Parados, sem nenhuma mobilidade, morrendo de fome entre os charcos de água-podre e as fogo-fontes aquecedoras. Fogueiras que mantinham as estranhas variantes de saurons de Virtus afastados.
"Deixados no meio do caminho. Para morrer.
"Isso é imprudente. Isso é preocupante. Isso é humilhante."
O mesmo ocorria nos rios-que-não-correm de Clopytea e em tantos outros locais.
Motivada pela busca por Kokopelli, Ser Trix foi a Virtus, seu planeta-natal. Prosseguindo com as investigações da operação Relva-Alta, procurou-o nos lugares mais ermos, com o auxílio da rapidíssima skira recentemente desenvolvida e dos longevisores. Os procedimentos eram simples: procurar, encontrar e retornar. Mas falhou.
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Sopros de Deva v3: CLARÃO DA TEMPESTADE
FantasyOnde os Sopros de Deva mostram o CLARÃO do dilúvio-de-fogo nos céus-pássaros. Blinakris, uma devana sensível em um mundo brutal, precisa sincronizar sua luta e seu voo com Quetzal, a fim de deter a quarta chuva de mil fogos que avança para Devanea. ...