Uma boca abriu-se no corpo da Belatonites e as duas skiras foram arrebatadas para dentro dela com uma força de sucção incrível. Passaram por uma espécie de escorregador gigante e....
Eis a surpresa!
Os dois jovens experimentaram uma sensação incomum ao verem canais espirais gigantescos girando em torno deles rapidamente, enquanto avançavam em direção a um dos setores da astronave. A bio-nave deles mergulhou por fim numa sopa branca ao final daquela toca.
Depois, esse líquido foi sugado estranhamente e, só então, subitamente, os pilotos Quetzal e Blinakris foram expulsos e retirados, contra qualquer coisa que pudessem imaginar serem suas vontades, do receptáculo em que estavam tão bem protegidos e acomodados. Nada mais de suavidades, e o recomeço foi de encontro com essa expectativa. O ar inspirado entrou frio em seus pulmões, provocando um atrito agressivo e medonho.
Eles sentiram tontura, desconforto e dor.
Do mundo homogêneo e protegido do fluido respirável da Skira, os jovens foram conduzidos novamente ao seu mundo de atritos, irritações e turbulências, mas também de fantasias e muitas flexibilidades.
Eles esperavam que fosse assim, como no mundo lá de baixo, fora das bio-naves imortais: o contato de sua pele seria frágil novamente. Mesmo que o mais delicado dos tecidos wulbarianos pudesse os envolver, sempre seria um atrito.
De uma só vez, os pilotos sentir-se-iam precários e mortais, mas não foi isso que aconteceu. Sua organização física se viu novamente a frente de algo novo, com uma quantidade inusitada de deliciosos estímulos e excitantes provocações.
Eles não tinham atrito com nada, exceto o ar. Não distinguiam mais o que era chão e o que era teto, o que era vertical e que era horizontal.
Estavam flutuando, privilégio antes somente do ar.
Este ar que os circundava e os abraçava, eles voltaram a respirar. Seus intra-ouvidos retornaram a distinguir sons, de origens horizontais e verticais. Principalmente o hum, hum, hum, hum que emanava das paredes daquele lugar.
Blinakris e Quetzal observaram tudo atentamente. No interior daquele monumental lugar, as diversas formas explodiram na frente deles, se abrindo e se fechando, saltando, flutuando, agitadas em todos os sentidos. Eram pequenos e estranhos seres, de pequeníssimo porte, saindo de suas tocas nas paredes para flutuar até a superfície das duas skiras.
Prosseguiu-se um desfile de inúmeras maravilhas técnicas – criaturas fantásticas, pequeníssimas – prontas a executar qualquer tarefa que estivesse ao alcance delas e aonde quer que viessem a ser mais úteis.
Blinakris e Quetzal, encantados com as ferramentas incorporadas ao corpo daquelas estranhas criaturas, flutuaram até o local onde suas skiras ficaram escoradas e observaram atentamente aquele trabalho. Parecia ser alguma checagem.
Os jovens não sabiam, mas aquelas criaturas haviam sido humbareanamente designadas a fazer testes na superfície das skiras, bem como levantar e corrigir falhas na estrutura e coletar conteúdos insatisfatórios que ficaram aderidos às bio-naves durante o voo. Conteúdos que poderiam porventura prejudicar a dirigibilidade e a estabilidade dos novos voos.
Nitidamente, aquelas criaturas estranhas e pequenas eram as operárias encarregadas da limpeza, conserto e conservação das skiras. Possuíam várias concepções, singulares, especiais, surpreendentes e excitantes, especialmente desenhadas para atender todas suas diretivas.
Os dois iniciados perseguiram com os olhos todas as criaturas. Ficaram maravilhados com as estranhas profusões de formas, algumas híbridas. O design de seus corpos era variadíssimo e parecia haver sido concebido para atuar naquele tipo de ambiente, de modo cooperativo.
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Sopros de Deva v3: CLARÃO DA TEMPESTADE
FantasyOnde os Sopros de Deva mostram o CLARÃO do dilúvio-de-fogo nos céus-pássaros. Blinakris, uma devana sensível em um mundo brutal, precisa sincronizar sua luta e seu voo com Quetzal, a fim de deter a quarta chuva de mil fogos que avança para Devanea. ...