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Junho, dia 14 de 2020

Coloquei a mesma roupa do ensaio, o vestido azul com os tênis brancos, para ir no almoço na casa de Bailey. Prendi a parte de cima do cabelo, deixando-o solto embaixo, tiro um pedaço das mechas enroladas da franja como charme final.

Fingir de morta seria uma ótima opção para furar este almoço, porém essa tática nunca funciona. Felizmente eu não irei sozinha, minha vó acompanhará, Belinha a mais esperta fugiu para o sítio vizinho de seus amigos.

— Vó vamos!? – Apareço na porta de seu quarto.

A encontro pondo brincos em frente ao espelho, está muito bonita com um vestido verde escuro tubo.

— Ok! Podemos ir, vá lá embaixo primeiro e pegue a torta que está na geladeira. – Diz passando agora um perfume.

Desprendo da porta, indo até a cozinha. Pego a torta holandesa pondo em cima da bancada. Espero minha vó mexendo no celular, hoje surpreendentemente consigo enviar umas mensagens no WhatsApp para meus amigos.

— Já estão indo? – A voz familiar preenche a cozinha.

Largo o celular no balcão e observo Josh se aproximar. No sábado tudo voltou ao normal, não nos falamos e fui para o centro. Provavelmente nossa "relação" será de picos entre conversas quase amigáveis e logo em seguida brigas.

— Sim, não esqueça de me buscar às 15:30, se não te mato e tranquilamente sumo com seu corpo, já que, tenho a vantagem de estar fora do mapa. – Falo fingindo ser uma adorável sociopata.

— E quem vai me matar? Você e seus palitos que você chama de braço? – Caçoa pegando meus braços e os sacudindo.

Afasto meus braços bruscamente o encarando feio, empurro seu corpo para trás.

— Tamanho não mede força, encosta de novo para ver se não te enfio a faca. – Ameaço e Josh faz um formato de "u" com a boca, de maneira que estivesse borrando de medo.

— Any Gabrielly! – Escuto minha vó repreender severa.

Caramba, ela só parece nos momentos desfavoráveis, que praga. Josh gargalha com a minha expressão indignada. Não é possível que minha vó ache ele um anjinho, tirando a aparência angelical, a personalidade provinha do submundo, o próprio Caliban, príncipe do inferno reencarnado.

— Reparei que você acordou cheia das baixarias. – Bate com o jornal na minha cabeça. Sinto a cabeça latejar. — Você prometeu se comportar, não esquece que essa carona é um favor.

Fico constrangida em receber o esporro grátis na frente de Josh. Prometi me comportar, não virar freira. Reviro os olhos e pego a torta da bancada me apressando a sair da cozinha sem olhar Josh, quanto antes me afastar de sua supremacia, melhor.

— Vai querer um pedaço da torta Josh? – Paro a escutar a voz dócil da minha vó.

— Apenas se sobrar Rosa. – Escuto-o dizer. Dou uma curta risada irônica.

— Pena, se depender de mim não sobrará nada. – Implico e sinto o baque forte na cabeça. Grunhi de dor e olhei irritada para o jornal enrolado na mão da vovó. Nem tive de tempo de olhar para Josh ao sair da casa.

— Vai com calma vó, você não é a princesa guerreira Xena. – Faço uma careta de dor, o peso da mão não foi leve.

— Ah Gabrielly, melhor calar a boca que hoje não acordei bem. – Engraçado que somente eu esteja sendo atacada pelo humor azedo.

— Recomendo que melhore, de azedo basta os pais do Bailey. – Penso alto e desvio ligeira de outra jornalada na cabeça. Dou língua como uma criança.

My Sweeter Place | BeauanyOnde histórias criam vida. Descubra agora