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Maio, dia 31 de 2020

Uma das piores coisas da vida, é o check out do aeroporto, ainda mais para uma mulher negra. A maioria das vezes levo mais de duas horas para finalizar todo procedimento de desembargue, os fiscais verificam várias vezes, para certificarem que não sou uma traficante ou algo do tipo.

Hoje eu tive o azar mais uma vez e agora estou presa numa pequena sala, cercada pelo que noto as pessoas a minha volta, são negras ou estrangeiros. Todos vítimas do preconceito americano. Bufo impaciente, na próxima vida quero ser desembargadora para ter o poder de demitir todos os racistas, xenofóbicos, homofóbicos, em geral qualquer preconceituoso.

Após uma hora cansativa, esperando os fiscais, fui liberada.

E por qual motivo tive que ser detida? Segundo os funcionários, minha aparência é semelhante de uma mulher brasileira criminosa, que está em alerta de apreensão em todos os aeroportos.

O tempo em que esperei com muita raiva, aproveitei para refletir em escrever uma Thread, baseada nos preconceito nos aeroportos.

Peguei minhas bagagens brava e ainda deixei cair uma mochila.

Cadê Bailey? Ele já deveria estar aqui. Olho em volta o procurando entre o aglomerado de pessoas. Subo em cima de uma cadeira e novamente o procuro.

Em questão de minutos, Bailey aparece entre as pessoas. Abro um grande sorriso e uma felicidade cresce dentro mim. Acho que só notei agora, vendo Bailey correr em minha direção o quanto senti sua falta. Quando está perto, pulo da cadeira para seus braços.

Bailey me gira no ar no abraço, aperta-me mais uma vez e põem-me no chão, dando um beijo na minha testa. Dou gritinhos feliz.

— Oi terrorista. - Bailey está com um sorriso lindo de orelha a orelha.

— Caipira, senti tanta a sua falta. - O abracei de novo, descansando minha cabeça em seu peito.

— A escolha foi sua de não vir no verão passado. - Alfinetou.

Sei que além de mamãe e vovó, também magoei Bailey com a mentira. Nós sempre contamos um com o outro no verão, era uma coisa tão nossa.

Quando descobriu, foi a primeira vez na vida que vi meu amigo, não querer falar comigo de jeito nenhum, recusou minhas ligações todos os dias, acreditei que não apareceria no meu aniversário de 18 anos em Nova York, entretanto, um dia antes da data, ele apareceu no meu apartamento. Conversamos e fiz uma promessa silenciosa de nunca mais magoar Bailey, o mesmo também fez-me prometer em voz alta que nunca mais perderia seu aniversário, assim como nunca perderá o meu.

— Você disse que tinha superado isso. - Acuso semicerrando os olhos.

— Superei, mas nunca é demais relembrar. - Diz pegando duas malas para ajudar-me. - Trouxe Nova York com você? É o recorde, 4 malas e duas mochilas. - Reclama.

— É tudo muito necessário. - Ele põem uma mochila nas costas e sai andando na frente com duas malas. Faço o mesmo.

Ao contrário de Bailey, que é acostumado a levantar peso, anda plenamente até o carro. Já eu, ando arrastada a cada passo e suo.

Meu amigo coloca tranquilamente as malas na caminhonete, chego me jogando, deixando minhas coisas caírem em peso. Sem forças encosto-me na lataria, recuperando meu fôlego.

— Há quanto tempo você não pratica exercícios físico? - Bailey analisa rindo da minha fraqueza.

— Faço todos os dias. - Digo com a voz afetada, devido a falta de fôlego.

My Sweeter Place | BeauanyOnde histórias criam vida. Descubra agora