O Casamento

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Brunna POV

O brinco de Pérola Negra foi o último acessório que eu coloquei. Podia ser ironia, mas ele foi a única coisa que escolhi para usar naquele dia. Talvez porque fosse o único objeto que retratava como eu realmente estava por dentro. Em luto. O resto deixei nas mãos de Luane e Patty, que mesmo contrariadas por cuidar do meu casamento, só queriam que eu fosse feliz.

Mas eu não estava.

Assim como qualquer criança, eu sonhava com um príncipe encantado. Daqueles que montavam em um cavalo branco e estendia sua mão para que eu subisse em sua garupa e me levasse para seu castelo. Quando eu tiver uma filha, direi a ela que príncipes encantados existem sim, mas eu não a iludirei dizendo que é fácil encontrá-los. Direi que príncipes encantados não chegam em cavalos brancos ou lhe dão toda a riqueza do mundo, mas que fará que ela viva feliz para sempre, amando-o eternamente e vice-versa.

Suspirei com as lembranças dos acontecimentos nos últimos três meses. Depois do pedido de noivado de Caio, exigi que fôssemos embora, eu não queria encontrar Ludmilla.

Naquele mesmo dia, arrumei minhas malas e comprei pela internet nossas passagens de volta para o Brasil. A última imagem que tive da mulher que amava foi na sacada do quarto dela, observando-me partir no carro de Renato. Ela não parecia bem.
Se eu tinha dúvidas de que ela me amava? Não, eu tinha certeza de seus sentimentos por mim. Porém não dá pra construir uma relação só com amor.

É preciso cumplicidade e além de tudo, confiança. Eu tentei, porém ela não. Foi infantil e egoísta.

Entrei em contato com meu advogado duas semanas depois de chegar ao Rio. E em uma semana recebi por correio a assinatura de Ludmilla no papel de divórcio. Dizer que aquilo não doeu era mentira. Eu definitivamente estava separada da mulher que amava.

Observei-me no espelho do meu quarto. O vestido rosa chá batia no joelho, escolha de Luane é claro. Ela, Thiago, Patty, Dainne, Renato, Silvana, papai e mamãe estavam hospedados aqui em casa para o casamento. Mas parecia que eram Luane e Caio os noivos, afinal, foram eles que resolveram grande parte da cerimônia no civil, já que eu estava casada no religioso com Ludmilla. E nessa modalidade, eu pertencia a ela e ela a mim pelo resto da vida.

Pelo menos Caio estava feliz, e isso me deixava feliz. Ele era humilde e tinha bom coração. Não tinha nada a ver com os meus problemas com Ludmilla. Eu aceitei o pedido de noivado não pra deixar Ludmilla com raiva ou ciúmes ou qualquer outra atitude infantil. Aceitei porque precisava desesperadamente de alguém que me amparasse diante do sofrimento em que eu estava. E se tinha uma pessoa que me salvaria desse beco sem saída, esse alguém era Caio.

Enxuguei a lágrima antes que ela derramasse e manchasse minha maquiagem. E esse ato imediatamente me lembrou o meu casamento com Ludmilla. Eu estava igualmente em frente a um espelho, observando meu vestido branco e esvoaçante, enxugando uma lágrima que ameaçava borrar minha maquiagem.

Ao contrário da de hoje, aquela era de felicidade. Já estava pronta há muito tempo, mais Luane havia me obrigado a atrasar uma hora, dizia que era tradição. Mas tudo que eu queria era me casar logo e consumar meu casamento. Porém hoje era diferente. Eu estava me arrumando tão lentamente que acabei me atrasando.

– Bru? – Disse Patty entrando no quarto com Luane. – Você está linda.

– Pena que é para uma cerimônia que não devia existir. – Luane falou a contragosto e eu mandei um olhar severo para ela, que revirou os olhos.

– Os outros já foram para o cartório. O carro já está nos esperando lá em baixo. Vamos?

– Ok.

No Limite do Divórcio - BrumillaOnde histórias criam vida. Descubra agora