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BRUNNA POV
O carro foi estacionado na humilde casa de uma fazenda. Ela era feita de madeira velha, os móveis eram pobres e alguns tinham cupim, mas apesar de tudo aquela antiga casa exalava felicidade.
A fazenda não era muito grande mas extremamente bem cuidada, as gramas verdinhas e dava pra ver porcos, galinhas, cavalos, vacas e touros – o que não me deu uma lembrança muito boa – limitados cada espécie por sua cerca.
Levamos Ludmilla desmaiada para o quarto de hóspedes onde a depositamos na cama de casal.
– Nós precisamos chamar um médico. – Disse Harry
– Nós não temos dinheiro. – Falei envergonhada, afinal eles já estavam nos ajudando e não tinham muito dinheiro ao julgar pela casa.
– Não se preocupe querida, Roberto trabalha em um posto de saúde aqui perto e não cobrará nada. Harry vá chamá-lo e diga que é urgente.
Harry saiu e eu continuei olhando Ludmilla ferida na cama, sem poder fazer nada. Aquilo me doía tanto. Ela havia me defendido e apanhado por minha causa e eu aqui, que nem uma idiota observando os ferimentos que deveriam ser meus.
Por que ela tinha que ser tão metida a heróina?
– Eu acho que há mais história do que um simples assalto. – Disse Sue pegando em minha mão e me levando para o sofá. – Afinal, por que um casal em processo de divórcio estaria junto quando foram assaltados?
Suspirei passando as mãos em meus cabelos. Era tudo tão complicado. Uma simples viagem para festejar o aniversário da minha afilhada havia se transformado nessa merda toda.
– A história é longa. – Disse.
– Eu tenho tempo, mas se não quiser contar eu entendo.
– Você tem o direito de saber, afinal está nos hospedando em sua casa.
E eu contei. Tudo. Desde quando começaram as brigas em nosso casamento, Daniella, como Caio abriu meus olhos, o divórcio, a viagem, como conseguíamos dinheiro... Só não contei a parte de que eu enforquei o touro. Isso era realmente vergonhoso.
– Eu juro Sue, não somos imigrantes ilegais. O que eu contei é a pura verdade.
– Eu sei querida, acredito em você. Brunna... você já se sentou com Ludmilla para conversar civilizadamente com ela sobre os motivos de se separarem?
– Não existe conversa civilizada entre eu e ela.
– Vocês são duas cabeças duras, esta é a verdade. – Sue falou segurando a minha mão. – Se vocês não se amassem, ela não teria apanhado por você e você não estaria aqui quase chorando de preocupação.
– Não quero que ela morra! Só isso.
– Nem eu! E eu lhe garanto que a minha preocupação somada com a de Harry não chega a um milésimo da sua. Vocês são tão jovens...
Interrompi Sue.
– Por favor Sue... Não quero parecer grossa, ao contrário, sou muito grata, mas esse é um assunto só meu e dela. Um assunto que já tem um ponto final.
– Pois eu acho que tem uma vírgula...
– Sue! Por favor.
– Tá bom, tá bom...
Nesse momento chegou Harry trazendo o médico. Devia ter uns 40 anos e nos olhava preocupado. Explicamos o que aconteceu e ele foi imediatamente para o quarto em que Ludmilla estava.
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No Limite do Divórcio - Brumilla
HumorLudmilla e Brunna moram no Brasil e estão em processo de divórcio há dois anos. Depois de brigas turbulentas por ciúmes e outras coisas, decidem se separar, resultando em Ludmilla em São Paulo e Brunna no Rio de Janeiro. Porém o aniversário de um an...