Qual a pior ilusão: a que você mesmo cria ou aquela que outros criam por ti e você simplesmente permite que ela se torne a "verdade".
Mesmo lutando por si mesma todos os dias, Victoria sabia que não estava sendo sincera consigo. Sabia que quando olh...
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Vozes alteradas no andar de baixo fazem com que desperte de meu sono. Uma delas claramente pertencia a Quentin, mas a outra eu não sabia. Era uma voz feminina.
Levanto-me. Caminho até o banheiro para lavar meu rosto e escovar os dentes. Tento ser o mais silenciosa possível. Troquei de roupa rapidamente já que a discussão lá embaixo ficava cada vez mais acalorada.
Antes de descer passei no quarto de Camilly para verificar se a loirinha não tinha acordado com a briga que acontecia abaixo, mas ela apenas dormia pesadamente. Mais aliviada, continuei meu caminho.
Desci as escadas silenciosamente, queria entender melhor o que acontecia. Sentei-me na metade da escada, onde não poderia ser vista por nenhum dos dois e esperei.
Estava invadindo a privacidade dele? Provavelmente, e talvez mais tarde fosse julgada por isso, no entanto, agora, a minha preocupação era maior que a minha consciência.
– Você precisa de uma mulher, Simon. – Ouvi um bufar e uma risada irônica. Com toda certeza viera de Sr. Surpresa. – Odeio quando faz isso. Não me leva a sério.
– Ah, está bom, mamãe, – não havia carinho, apenas acidez – depois de anos você vem com esse papo de que quer o melhor para mim? – A cada palavra que se seguia o seu tom de voz elevava-se.
Sentia em minha própria pele toda a mágoa que acompanhava suas palavras. Sentia e entendia, da forma que apenas quem já passou por isso poderia entender.
– Mas veja só, eu não preciso mais da senhora. – Mais uma risada sem humor – Cresci sem sua presença, mas não se preocupe porque eu tive, sim, uma mãe. Marle que me criou e me ensinou a ser a pessoa que sou hoje. Se não sou esnobe, nem arrogante, se sou uma pessoa dedicada e comprometida, saiba que não foi por sua causa! – Então havia sido assim para ele? De alguma forma, meu coração pesou e ficou grato na mesma medida.
– Camilly precisa de uma mulher nessa casa. – Respondeu como se nada tivesse sido dito a ela. Como se o fato de outra mulher ter criado o seu próprio filho não importasse nenhum pouco. – E eu já tenho alguém para o cargo. – Outra bufada de Simon. Mas... Cargo? Como se ser mãe fosse a mesma coisa que um emprego e se coloca pessoas assim sem mais nem menos para assumir o "cargo".
Não havia a menor possibilidade de deixar Simon lidar com aquilo sozinho, mesmo que não fosse uma luta minha, mesmo que eu não possua o mínimo direito de fazer isso.
Fiquei de pé, limpei as lágrimas que havia em meus olhos e tirei a poeira da roupa. Eu preciso ser o orgulho, a elegância e o poder personificado. Não sinto que possuo qualquer um desses, mas por Quentin, eu serei todos.
Comecei a descer as escadas com passos fortes, para que quem estava ali soubesse que havia mais alguém ali. Não pulei, não demonstrei nenhuma daquelas traços tão comuns do dia a dia, esse não era o momento.