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A comida de Brutus era - para ser gentil - diferente. Ele tinha perdido um pouco a mão na cozinha, desde que não cozinhava para alguém a algum tempinho. Quis agradar com torta de rim e bolos de carne, que queimaram um pouquinho, sucos de abobora que pareciam grossos de mais para serem considerados sucos, e um estranho pudim com uma consistência mais rígida do que seria normalmente.

Draco, acostumado com a comida da Mansão Black que era sempre impecável, sentiu muito a diferença, mas se manteve calado. Já Ella, que estava comendo a comida empacotada do fundo da bolsinha de Hermione por um ano, ou conseguindo surrupiar algo por ai, deu graças a todas e qualquer entidade que estivesse ouvindo, e comeu sem nem pensar muito bem no que era aquela gororoba. Brutus não parava de oferecer mais comida, mas chegou uma hora que nem mesmo o paladar danificado de Ella foi capaz de engolir nada a mais, e eles deixaram a mesa muito satisfeitos.

A mesa era imensa, com cadeiras o bastante para acomodar um batalhão. Sentar somente os dois ali era estranho, sobrando tanto espaço, era como se o lugar fosse abandonado ou cheio de fantasmas. Se acharam que a mesa era muito vazia, logo depois que saíram da sala de jantar e encararam a casa, o sentimento de vazio aumentou. O lugar era grande de mais, e no vazio o som era cada vez mais notável agora que prestavam mais atenção.

Decidiram então explorar o lugar, indo de porta em porta, mexendo em pequenas a grandes coisas, cutucando paredes para ver se achavam portas escondidas, e enfiando a cara nas lareiras apagadas para ver se achavam algo interessante, como talvez uma chave ou um portal.

A verdade é que Snape se mostrava cada vez mais ser tão inesperado em suas ações, que eles não iriam ficar tão surpresos assim se encontrassem por ai uma passagem secreta ou algo estranho.

Foi quando Ella estava passando por um corredor, que um quadro de uma velha bruxa falou com ela:

- Mas quem é você, afinal?

Ella olhou. A mulher tinha cabelos negros grossos longos e soltos, um chapéu imenso negro que a pontinha se perdia no fim do quadro. Seus olhos eram escuros e firmes, e seu rosto era longo.

- Meu nome é Ella. E o seu?

- Matilda Prince. - Se aprumou, se sentindo muito importante.

- O que você é do Severo Snape?

- Eu sou avó dele. Parte de mãe, claro, não tenho nada haver com aquele trouxa que era o pai dele. - Garantiu, então estreitou os olhos para a menina. - De que família você vem?

- Merlin.

- Oh! - A mulher sorriu. - Muito bem, muito bem... Aposto que o velho homem ainda continua por ai, não é?

- Jodue? Sim, ele é meu avô, não o vejo a algum tempinho, mas ele esta vivo.

- Claro que esta. Como eu desconfiava...

- Perdão?

- Deixe disso, Matilda! - Uma outra voz pediu.

Ella olhou, o quadro ao lado, desta vez uma outra mulher, muito parecida com a primeira, mas seus cabelos estavam presos em um coque e ela parecia não ser tão rígida quanto a outra.

- Ah, não me amole, Nastácia. - Matilda bufou.

- Não ligue pra minha irmã, garotinha. - Nastácia pediu. - Ela é cheia de ideias.

- Ah sim, mas eu não compreendi. - Ella insistiu, agora estava curiosa. Se aquele quadro estivesse querendo falar mal de seu avô, Ella iria o arrancar da parede e enfiar dentro da lareira. Teve experiência em arrancar quadros a força, não tinha esquecido daquilo.

Merlin - Draco Malfoy Onde histórias criam vida. Descubra agora