Capitulo 12

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LISA: Sinto muito pelo que aconteceu, Julieta.


Aperto as mãos da Lisa nas minhas e olho para ela.


JULIETA: Me recuso a acreditar em tudo isto.

LISA: Mas você ouviu...


Limpo as bochechas com as costas da minha mão e olho para a minha melhor amiga, que apoia o meu olhar com um olhar interrogador.

Me recuso a acreditar no que acabei de ouvir.


LISA: Às vezes, as pessoas mudam a mente quando confrontadas como grandes mudanças. Não estou dizendo que foi isso que aconteceu, estou apenas dizendo que é bem possível, infelizmente.

JULIETA: Mas no fundo, acho que não foi isso que aconteceu com o Daryl, isso é impossível. E quero lutar por respostas concretas, não apenas desculpas que podem bem ser mentira.


Eu franzo as sobrancelhas, as minhas bochechas ainda riscadas com lágrimas.

Eu acho difícil entender porque o Daryl de repente faz uma reviravolta tão brutal, quando mesmo durante a nossa última noite, ele disse que me amava, que estava mais feliz do que nunca comigo e com o Owen.

A nossa discussão foi suficiente para estragar tudo?

Minha mente, um pouco mais perseverante do que antes, sussurra para mim algo que não é normal.


JULIETA: Se eu abordar isto de uma forma mais racional do que emocional... parece mesmo estranho e vindo do nada, mas os humanos são irracionais e imprevisíveis.

LISA: Mas isso é suficiente para explicar a atitude do Daryl, Julieta?

JULIETA: O Daryl sempre foi uma pessoa pensativa, então não, não é suficiente.

LISA: Agora que você me mostrou onde estão os problemas nisso tudo... acho que tem alguma coisa acontecendo. Ele não teria abandonado você, porque você e o Owen são as pessoas mais importantes na vida dele, não importa o que ele disse durante essa chamada.

JULIETA: Então porquê tanta encenação?

LISA: Não sei mesmo, mas tem de haver uma explicação.


Passo a mão pelo cabelo, suspiro, e depois endireito os ombros.


LISA: Notou alguma coisa estranha quando falou com ele?

JULIETA: Não, nada mesmo, e também, fiquei muito contente por ouvir a voz dele.

LISA: E se você pensar nisso agora? Concentre-se.


Eu franzo as sobrancelhas e penso na conversa que acabei de ter com o Daryl de uma forma mais desapegada.

O ângulo do telefone estava um pouco estranho, focado nele, mas camuflando o resto do veiculo.

Ele não fez nenhum gesto em particular, exceto por um leve movimento do seu lado durante alguns segundos.


JULIETA: Hm... a única coisa é que ele bateu com os dedos no cinto de segurança. Pode ser uma espécie de tique, mas é a primeira vez que o vejo fazer algo assim. E também, devo admitir que a forma como ele se filmou foi bem... estranha?

LISA: Ah! Viu, há algumas coisas que realmente não fazem sentido.

JULIETA: Ainda é muito delicado, Lisa. Ninguém vai acreditar em mim se eu for falar com eles só com estes elementos.


A Lisa segura a minha mão.


LISA: Sei que vai lutar pela verdade, Julieta, mesmo que seja difícil. Mas antes de tomar quaisquer conclusões, tente pensar, pergunte a si mesma se o Daryl teria sido capaz de fazer isso. E tenho a certeza que depois disso, você saberá o que fazer.


Meus olhos encontram os de Lisa e eu tento esboçar um pequeno sorriso.


JULIETA: Muito obrigada por estar aqui. Eu precisava mesmo disto.


A Lisa me abraça com um sorriso e depois dá um tapa nas minhas costas.


LISA: Tudo o que quiser, Julieta, é para isso que serve uma melhor amiga! Terei de ir para casa se quiser desfrutar a minha última noite com o Allan. Mas se me disse que quer que eu fique contigo, farei isso imediatamente.

JULIETA: Não, não, vá. Não te vou privar de uma noite romântica quando você está partindo amanhã.

LISA: Romântica? Hm, não vou quebrar as suas ilusões, mas não vai haver nada de romântico nisso!


A Lisa ri, com um olhar equívoco, e eu rapidamente me junto a ela.

Antes de partir, porém, ela segura a minha mão para me sussurrar algumas palavras numa voz macia.


LISA: Ao menor problema, não hesite. Estarei sempre aqui para você.


Feliz por tê-la entre as minhas amigas e por saber que ela sempre me apoiará, tomo-a em meus braços e, por fim, deixo-a ir para casa.

Uma vez sozinha no apartamento, vou imediatamente para o quarto do Owen. Preciso estar com o meu bebé para esclarecer os meus pensamentos, especialmente depois do que aconteceu.

Encontro o meu filho acordado, mas muito calmo. Ele sorri para mim e eu me derreto na frente do seu pequeno rosto, esquecendo por um momento as minhas preocupações.


JULIETA: Bem, você está muito quieto, meu Owie. Você sabia que a mamã estava falando com a tia Lisa?


Seguro-o nos meus braços e enrugo o nariz.


JULIETA: Hmm, estou vendo... ou melhor, sinto que vamos ter de trocar a sua fralda.


Eu cuido do Owen muito rapidamente, depois trago ele para a sala de estar, onde começo a jogar os seus jogos matutinos com ele.

Estar com o meu bebé me dá o resto da força que eu precisava para acreditar na Lisa.

O Daryl nunca teria abandonado o seu filho assim, ele nunca teria dito que não o queria. Não se muda de ideia em poucas horas, e isso não é o tipo do Daryl.

Penso no olhar dele quando ele me ligou, os seus olhos pareciam perdidos, profundamente tristes.


JULIETA: Owen, meu querido... a mãe fará de tudo para encontrar o papá, prometo. Ele vai voltar em breve, não se preocupe.


Beijo-o no estômago, depois sopro, e o Owen se esguicha debaixo de mim, divertido.

Poucos momentos depois, pego-o e me sento na varanda com ele para que possa desfrutar da doçura do início da noite.

Sinto-me mais à vontade do que antes, graças à presença do Owen, mas também graças à convicção que tenho agora.

Um pouco mais tarde à noite, dou de comer ao Owen e balanço-o até ele adormecer. Então o mantenho perto de mim, dou-lhe pequenos beijos na testa, acaricio-lhe o cabelo, sussurro-lhe que o amo de todo o coração.

Amor em Alta Velocidade - 3ª TemporadaOnde histórias criam vida. Descubra agora