Amor em Alta Velocidade - 3ª Temporada

Capitulo 19

JULIETA: Muito obrigada por me convidar para jantar. Desculpe, não tinha a roupa certa para este tipo de restaurante.

O Gabriel não comenta nada e eu me sento na frente dele.

Em vez de procrastinar, vou direto ao assunto.

JULIETA: Se você pudesse me dizer porque me trouxe aqui esta noite, senhor Simons.

GABRIEL: Gabriel. E para te responder... estive pensando no que você me disse. Sobre o financiamento, quero dizer.

JULIETA: Porquê? Pensei que não era um assunto para o qual você quisesse voltar.

O Gabriel bebe alguns goles de vinho, como que para se dar forças, depois olha para mim.

GABRIEL: Porque as suas perguntas podem colocar você em problemas se você perguntar a outros que não eu. Já te disse que não tenho nada do que me culpar, mas também sabe que nem todos nesta indústria estão isentos. Vale mesmo a pena se meter em tudo isso?

JULIETA: Não é só por isso...

O Gabriel olha por cima do ombro, depois se inclina para mim para começar a falar numa voz baixa.

GABRIEL: Onde está o Senhor Ortega?

JULIETA: Eu te disse que...

GABRIEL: Eu sei o que me disse, mas quando você saiu... queria saber um pouco mais sobre a sua viagem. Pensei que talvez fosse me dar algumas indicações sobre o seu próximo livro. Exceto que eu não encontrei nada. É como se o senhor Ortega tivesse sumido, desaparecido. Aconteceu alguma coisa com ele, Julieta?

Mecanicamente, os meus dedos mexem com o guardanapo na mesa.

JULIETA: Não posso responder a essa pergunta. O que, na realidade, no entanto, responde, não é?

GABRIEL: Mas então... porque você veio aqui? E porque fazer tais perguntas sobre a origem dos fundos?

JULIETA: Porque o Daryl estava escrevendo um livro sobre círculos de apostas ilegais em L.A, e a minha investigação mostrou que algumas das empresas que financiam os círculos também financiam grandes partes da indústria de tecnologia de ponta. Entre eu e você, eu sabia muito bem que você não estava envolvido, mas eu fiz a pergunta de qualquer maneira, para que eu pudesse obter mais informações. O que também foi o caso, não foi? Desde que você confirmou as minhas suspeitas.

GABRIEL: Então você está investigando em nome do seu marido?

JULIETA: Não, não exatamente. O Daryl... desapareceu sem deixar rastro, e sei que não pode ser coincidência.

GABRIEL: Notifique a polícia, em vez de ficar brincando de detetive.

JULIETA: Qual é o objetivo? Vão considera-lo um desaparecimento intencional. Especialmente porque o Daryl e eu tivemos uma discussão naquela noite. Não estava planeando entrar nesses círculos de qualquer forma, nem fazer contato com potenciais acusados. Depois eu ia contar a uma migo que trabalha para o governo e dar-lhe provas para que as autoridades pudessem agir.

GABRIEL: Não sei se isso é corajoso ou estúpido, ou ambos. Admiro o seu amor pelo seu marido, a sua determinação, e se eu estivesse no seu lugar... talvez fizesse o mesmo pela minha noiva.

JULIETA: Então, você está disposto a ajudar-me?

GABRIEL: Não há muito que eu possa fazer, você sabe. Também não sei muitos detalhes, apenas o que os meus vários espiões industriais me relataram.

JULIETA: Como o quê? Prometo-lhe que não vou mesmo falar sobre isto no meu artigo. Será publicado tal como eu o enviei, de uma forma completamente asséptica.

Minha observação gera um pequeno riso do Gabriel, que levanta a mão para indicar que não está ofendido.

GABRIEL: Estou habituado a isso, não se preocupe. Mas agradeço-lhe pela sua promessa. O que eu sei... é que sim, algumas empresas se financiam com dinheiro sujo. O que também sei é que este dinheiro não vem de lugar nenhum, mas da tríade chinesa. Sob o disfarcem, naturalmente, de empresas perfeitamente legais, mas que pertencem a figurões da máfia.

Abro bem os olhos, mas tento recuperar a compostura rapidamente.

GABRIEL: E algumas empresas que querem entrar mais rapidamente são tentadas, concedem participações em ações e muito rapidamente se encontram monopolizadas.

JULIETA: Você teve propostas para o funding?

GABRIEL: Sim, mas a TechCare certamente não precisa estar envolvida nisso. E depois, mesmo que alguns dos meus adversários te dissessem que tenho métodos por vezes questionáveis, não estou fazendo nada ilegal, porque é muito arriscado e não vale realmente a pena.

JULIETA: Você está sugerindo que o Daryl pode ter caído nas mãos da tríade?

GABRIEL: Não sei, Julieta, só estou te dizendo o que sei. Não quero que você se coloque a fazer algo perigoso porque não te contei tudo o que sei.

JULIETA: Tenho um filho, não quero que ele cresça sem mãe. E depois, o que eu poderia fazer contra a tríade? Só quero tentar entender o que aconteceu com o homem que amo.

GABRIEL: Se alguém algum dia descobrir que você fez perguntas sobre isso... pode levantar suspeitas, especialmente porque imagino que você tenha outras entrevistas planeadas.

Eu aceno, então suspiro e mexo por um momento no pé do meu copo de cristal.

JULIETA: Se a sua noiva desaparecesse da noite para o dia sem deixar rastro ou explicação, o que você faria?

GABRIEL: Eu também tentaria obter respostas, claro, mas os nossos meios são diferentes.

JULIETA: Se eu tivesse dinheiro, provavelmente seria um pouco mais fácil para mim, de fato...

GABRIEL: Não só isso, mas também tenho muitas pessoas que podem encontrar uma agulha no palheiro.

JULIETA: Acho que você não vai deixar eu usá-las!

GABRIEL: Não, não tenho motivo para fazer isso.

JULIETA: Não vou perguntar-te, de qualquer forma. Com o que você me disse, talvez haja algo que eu possa fazer. Mas você também não tem medo que alguém descubra que você abriu a boca?

GABRIEL: Não, eu confio em você e, de qualquer forma, eu não disse nada de especial. O que você faz com o que te disse vai depender acima de tudo de você!

Ele esboça um pequeno sorriso de canto, não mau ou mesquinho, apenas divertido.

GABRIEL: Agora, sugiro que aproveitemos o nosso jantar calmamente.

JULIETA: A sua noiva não vai ficar com ciúmes de saber que você está aqui comigo?

GABRIEL: Não pretendo dizer-lhe, sendo honesto.