Capítulo 17

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POV'S CHARLOTTE

-Charlotte? Do que estás a falar querida? 

-Sabe bem do que estou a falar. O meu avô, ele abandonou a minha avó quando ela estava grávida, não foi? Diga a verdade! 

-Charlotte... 

-Responda! 

-Eu não sei porque me estás a falar desta maneira mas...

-Mas o quê? Vá direta ao assunto, por favor! 

-Este não é o sítio nem o momento certo para falarmos deste assunto... Prometo que te contarei tudo noutra altura, mereces saber toda a verdade. 

-Mas... - faço uma pausa - está bem, noutra altura. 

-Eu não sei que motivos tens para me tratar desta maneira... Se é por causa daquele telefonema eu já te expliquei o que realmente aconteceu. Não percebo, apenas não percebo... - as lágrimas vêm-lhe aos olhos.

-Desculpe.

Ficamos todos em silêncio durante o resto da viagem. Terei eu realmente motivos para a estar a tratar assim? O telefonema, esta aparição inesperada no meio do nada, serão apenas coincidências? Que estranhas coincidências então...

Saímos do carro assim que chegamos à entrada do estabelecimento onde iriamos assistir à entrega de prémios. 

-Wesley... Esse teu perfume deixa-me louca - diz, passando as mãos pelo peito do rapaz que olha para mim como que dizendo "não tenho culpa" - o que eu te fazi... - é interrompida por um jovem que a chama e que se dirige, de seguida, a ela - amor, estava mesmo à tua espera! - retira num lapise as mãos de cima do Wes e vira-se,  cumprimentando o outro com um beijo que mais parecia ter vindo de um filme. Seria de terror se não tivesse sido o momento mais feliz do meu dia. Ela tem namorado. O amor é cego, literalmente, e eu adoro. 

-Estava cheio de saudades tuas, vamos andando linda. - ao dizer isto os dois começam a caminhar em direção ao pessoal que se encontrava a recolher os convites para que pudessem entrar e a rapariga vira-se para trás. Parece que está a dizer alguma coisa, mas não a percebo. Algo do género "adeus pobres". Se calhar não tem nada a ver, mas assim sinto que tenho mais um motivo para odia-la e isso faz-me feliz. 

Entretanto vejo que a minha tia se encontrava especada a olhar  para nós os dois, de cima a baixo. Eu não sei o que é que ainda está aqui a fazer. Com todo o devido respeito, visto que eu até em pensamentos sou uma pessoa educada, não estás aqui a fazer nada. É que eu nem a minha mãe trouxe para a entrega de prémios, portanto também não penso em entrar com a minha tia, só mesmo naquela, OK? ok.

-Wes, vamos entrando?

-Quando tu quiseres. - seu tolo, sabes bem. Esboço um pequeno sorriso. Algo que não era suposto ter acontecido, visto que a resposta dele em nada contribuiu para a minha felicidade. Ou em nada era suposto ter contribuído.

-Ah, estava tão distraída que nem reparei que não vou entrar convosco. Não quero causar-vos mais constrangimento, vou entrar por outra zona, uma zona parecida com as traseiras. - ela ri-se dando-me uma palmadinha no ombro mas eu não achei piada. Rio por piedade - bem, caso precisem de alguma coisa venham ter comigo, se calhar ainda fico nas traseiras durante um bocadinho. Vai estar lá o meu amigo, já nos conhecemos há muitos anos. Quase desde a segunda classe. Eramos muito amiguinhos. Houve uma altura em que o apanhei na casa de banho das meninas com um sutiã vestido, ele era realmen... - o meu cérebro parou. Por favor, siga o exemplo do meu cérebro. Eu sou mesmo má pessoa, mas por favor, eu ainda estou chateada com tudo o que aconteceu. Logo, até sou boa pessoa, porque estou a aturá-la. Eu sou mesmo boa pessoa - olhem, desculpem lá mas tenho mesmo que ir, já nos vemos! Se precisarem de algo, apitem! Como diz o outro. 

Strange CoincidenceOnde histórias criam vida. Descubra agora