Capítulo 13

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POVS DIANA

-Está bem mãe, já vou!

Já não bastava o meu bom humor nos últimos dias e ainda tenho que andar pelo supermercado, ou melhor, minimercado porque aqui na zona é tudo oh, cinco estrelas. A minha irmã não meu fala, basicamente. Mas pronto, pode ser que esta mini saída ao minimercado me acalme os ânimos. 

Não estou com disposição para me vestir, não costuma andar muita gente por aqui portanto não deve fazer mal ir de pijama. Até gosto dele, portanto meh. Toca a andar. 

Cheguei finalmente. Bem, pode ser que me divirta a comprar... Uma posta de bacalhau? Ok. E Dodots. Ainda bem que a minha rua é deserta. Ainda bem. Vejo um rapaz a falar com o senhor que estava na caixa. Tinha um avental e uns óculos. Ok, uns óculos de sol dentro dum mini estabelecimento. Já vi coisas piores, é cagativo. Até que reparo que está a comer uma cocha de frango. Ah... Ok. 

-Ei, podes vir aqui, por favor? - chamei-o. Ele olha para mim e pára de mastigar o frango. Fixa-me durante uns momentos, até que se lembra de vir ter comigo. Porque não andas mais devagar? Agora que penso... Não me lembro de o ter visto quando entrei...

-Sim?

-Podes ajudar-me a escolher um bom bacalhau? Não sei bem qual será o melhor... Aconselhas o mais fino ou o mais gros... Podes para de comer o frango enquanto falo para ti?! - digo já irritada.

-Sim. Desculpa. Eu não sei qual é o melhor... Pergunta ao senhor. 

-Senhor? Não é o teu pai ou algo do género? Não te costumo ver por cá, mas pensei que... Espera, tu não trabalhas aqui?! - ponho a mão na boca e reparo que começo a corar. 

-Não... Eu ia dizer-te depois de acabar de comer o frango. Mas tu não deixaste. 

-Oh meu Deus, desculpa! Como tinhas o avental... 

-Não problema. Estás muito bonita hoje. - ele ri-se e olha-me de cima a baixo.

Fico sem saber o que dizer, até que reparo que estava de pijama. Não acredito nisto, o dia ainda pode piorar? 

-Pois... Eu vou só ali, vou ver umas coisas e depois... - afasto-me de costas, tentando não dar nas vistas, mas dou um encontrão nos cereais que estavam atrás de mim, deixando-os cair. Apanho-os, desajeitada, a sorrir para ele. Porque a mim?! 

Vou em passo apressado até ao corredor dos Dodots e tento acalmar os ânimos. Respira fundo, nunca mais o vais ver na vida. Aliás, ele fez figuras piores que tu! Calma. Pego nos Dodots e vou rapidamente em direcção à caixa, na esperança de que ele não estivesse lá. Uffa, não está mesmo!  

-São dezanove euros, menina Diana.

Estava prestes a entregar-lhe o dinheiro quando um grupo de raparigas histéricas entraram aos berros pela loja a dentro. Mas o que é isto? Tiraram o dia para me chatear?! Foi então que me apercebi que estavam à procura de unhas. Sim, hoje deve ser o dia dos loucos. “Nails”? Esperam encontrar unhas aqui?

A loja começou a encher de tal maneira que quase já não me conseguia mover. Tentei chegar à entrada para poder sair mas estava totalmente tapada. Olhei para trás e vi o rapaz da cocha de frango a sair pelas traseiras. Tentei chegar lá o mais rápido possível e consegui sair, juntamente com ele. Ao ver que as raparigas me tinham visto a sair entro, sem pensar, para o mesmo carro onde estava o rapaz, pousando os dodots e o bacalhau, já quase desfiado, no assento.  

-Raparigas doidas, vieram comprar unhas acreditas?! Mas porquê tanta confusão? Será que tinham unhas em promoção? Eu nem sequer vi unhas nenhumas! – enquanto falava sozinha reparei que ele tinha uma cocha de frango apontada para mim, com a intenção de que eu pegasse nela – porque me estás a apontar uma cocha de frango tu também?! – digo, já exaltada, pegando na sua oferta. Começo a come-la, com a maior cara de chateada possível. – Tira os óculos, não me irrites! – digo de boca cheia.

-Calma Diana, estás bom humor hoje. – ele ri-se e fico com o pressentimento que o conheço de algum lado.

-Não és português pois não? Ainda bem que não e espero que não vivas cá! Com tantos sítios lindos pelo mundo por favor, não te mudes para cá, é um conselho. E espero que não te importes que tenha entrado no carro, mas estava a começar a ficar preocupada. Espera. Como é que sabes o meu nome mesmo?!

-A sério que não me estás a reconhecer? – ele sorri de novo e eu observo-o pormenorizadamente.

-Queres que te seja sincera? Eu acho que te conheço de algum lado. No entanto não me lembro. – continuo a comer o meu frango, despreocupada. Ele tira os seus óculos. Olho-o, sorrindo e desvio o olhar. Até que olho de novo e arregalo os olhos.

-NIA… - engasgo-me completamente com o frango e começo a ficar vermelha – NIA… IALL.

-Calma! – baixo-me e ele começa a bater-me nas costas, ate que ponho a cabeça de fora da janela.

-Mas… Porque estavas no minimercado?! Wa…

-E…Eu fui comprar cochas de frango…

-Ali? Porquê ali? O que estás a fazer em Portugal?!

-Isto… - ele mostra-me um relógio dourado – é teu.

-É o meu sim! Onde é que ele estava?

-Deixaste-o cair quando estavas a dar o concerto.

-A sério? Obrigada por ficares com ele! Mas ainda não respondeste à minha pergunta. – ele começa a olhar fixamente para o relógio e sorri – o quê? Vais dizer que ficaste por causa do relógio, não? – tento fazer uma cara séria, mas deixo escapar uma gargalhada – hoje é definitivamente o dia dos loucos.

Por incrível que pareça, estamos no estádio do Dragão. Ok, qualquer coisa que possa vir a acontecer hoje não é mais cagativo do que o que já aconteceu.

-E que tal um joguinho? Tenho o estádio alugado durante o dia de hoje.

-Um jogo? Olha, que seja o que Deus quiser. Vamos lá jogar!

Sempre fui óptima a futebol! Brincando, mas uma coisa é certa: isto alivia muito. Quem diria que dar chutos numa bola me ia relaxar tanto.

-Só consegues isso? – ele grita, tendo em conta a distância a que nos encontrávamos.

-Prepara-te! – dou um grande lanço e chuto a bola com toda a minha força, acertando em cheio na cara dele. Quando reparo, vejo que está deitado no chão, com dores e corro em direcção a ele – Niall?!

 

POVS CHARLOTTE

Ainda nem estou em mim. Que dia foi aquele? Já devo estar deitada na minha cama há umas boas duas horas. Nem consigo dormir. Será que estou a sonhar? Já não seria a primeira vez… Ai Wes, se tu fosses o meu cão enchia-te de beijos. Quê? Só digo merda. Ou só penso merda, neste caso. Ele foi tão querido… Vou mandar-lhe uma mensagem! Uma mensagem? Não. Ainda pensa que estou interessada lol. Lol? Já pensas e lol?! Isto vai de mal a pior! Secalhar é melhor ler um bocado para acalmar. É isso, vamos lá avó. 

Strange CoincidenceOnde histórias criam vida. Descubra agora